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Ajuda para grandes empresas envolve medidas de dívida e títulos conversíveis, diz Campos Neto

Placeholder - loading - Sede do Banco Central em Brasília 16/05/2017 REUTERS/Ueslei Marcelino
Sede do Banco Central em Brasília 16/05/2017 REUTERS/Ueslei Marcelino

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Por Marcela Ayres

BRAS?LIA (Reuters) - O governo avalia ajuda a grandes empresas em meio ? crise do coronav?rus via apoio para contrata??o de d?vida e por meio de t?tulos convers?veis, indicou nesta quarta-feira o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Em videoconfer?ncia com executivos do Credit Suisse, ele disse que a liquidez que j? foi injetada na economia por meio das medidas para combater efeitos econ?micos do coronav?rus ? suficiente, mas que a autoridade monet?ria tem mais iniciativas na manga caso seja necess?rio.

'Estamos sempre olhando para ver o que precisa fazer', afirmou.

Em rela??o ?s grandes companhias, que ainda n?o foram contempladas por uma iniciativa de vulto, Campos Neto afirmou que o governo analisa dois tipos de programa. O primeiro envolve d?vida, com as empresas podendo alavancar em cima do aporte do governo, num modelo de 'first loss' (primeiras perdas).

Segundo a Reuters apurou, nesse desenho o Tesouro fica com as perdas resultantes da inadimpl?ncia at? um certo valor. Acima disso, o preju?zo ? suportado pelos bancos.

Campos Neto ponderou que para alguns neg?cios e setores isso n?o seria o mais adequado em fun??o de um quadro de endividamento j? alto.

'No final das contas, voc? deixar a empresa altamente endividada distorce a estrutura de capital', disse.

Para esse grupo, o BC se debru?a sobre algo que envolva 'algum convers?vel', prosseguiu Campos Neto, em refer?ncia ? possibilidade de os recursos injetados em aux?lio serem posteriormente convertidos em a??es nas empresas.

'O que est? sendo feito para as maiores est? nessas duas linhas, de first loss e alguma coisa com equity', resumiu.

No modelo de equity, as empresas na pr?tica d?o um peda?o da participa??o do neg?cio ao governo --ou a bancos-- em troca dos recursos recebidos, em vez de elevarem sua d?vida.

Para as empresas menores, com faturamento anual abaixo de 360 mil reais, ele disse que o governo est? pensando em 'v?rios programas', destacando eventual utiliza??o das maquininhas de cart?o para concess?o de cr?dito, sem dar mais detalhes a respeito.

O presidente do BC afirmou que a op??o por contemplar primeiro as pequenas e m?dias empresas, com faturamento entre 360 mil reais e 10 milh?es de reais, veio ap?s testes de estresse mostrarem resultado que 'n?o foi muito bom' para esse segmento na crise, com consequ?ncias que poderiam drenar 'liquidez do sistema banc?rio relativamente grande'.

Por isso, o governo lan?ou o programa de financiamento a folha de pagamento apenas a esse p?blico. Inicialmente o BC pensou em uma ajuda maior, mas entendeu que os 40 bilh?es de reais efetivamente destinados ao plano eram adequados, disse Campos Neto. Destes, 34 bilh?es de reais ser?o aportados pelo Tesouro e 6 bilh?es de reais, pelos bancos.

'Entre 45% e 50% do custo operacional das pequenas e m?dias era folha de pagamento, fazia sentido ir nessa dire??o, dado que preservaria emprego', justificou.

Ele disse que a op??o por compartilhar riscos com o setor financeiro --respons?vel por 15% do risco de inadimpl?ncia-- se deu porque o governo n?o sabe recuperar cr?dito e essa foi uma forma de criar um incentivo para que os bancos tivessem interesse na tarefa.

SUAVIZAR O CICLO

Durante sua fala, Campos Neto tamb?m pontuou que o governo vai disponibilizar um banco de dados com tudo que for feito no ?mbito do enfrentamento aos impactos da pandemia, com o detalhamento das empresas que forem beneficiadas.

Ele frisou que a crise atual ? muito dif?cil de ser quantificada e reconheceu que o crescimento econ?mico brasileiro deve ser negativo neste ano, mas reiterou a import?ncia de o governo ressaltar que as medidas tempor?rias adotadas representam um desvio de um caminho que ser? perseguido novamente depois, com a busca pelo equil?brio fiscal.

De acordo com Campos Neto, a fun??o do governo ? 'suavizar' o ciclo, n?o deixando haver 'nenhuma ruptura' e sempre de olho nos setores mais prejudicados.

'Alguns nessa crise v?o ser perdedores, v?o ter mais impacto do que outros. Governo vai tentar fazer medidas para que isso seja da forma mais linear poss?vel', afirmou.

Em rela??o ?s institui??es financeiras, Campos Neto ponderou que a atual crise por conta do Covid-19 vai gerar entendimento diferente sobre o papel dos bancos e seu capital.

'N?o tem como apertar mais capital, acho que isso ? coisa que vai mudar', disse.

Ele fez um apelo para que a crise seja transformada em oportunidade de avan?ar com as reformas, mas ressaltou ser ?bvio que o momento agora ? de lidar com as medidas emergenciais.

'Essa atitude em rela??o ?s reformas, uma vez passado per?odo mais de crise, ? que vai determinar o formato da nossa recupera??o.'

Escrito por Reuters

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