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Além de romper tradição, voto do Brasil contra Cuba se choca com defesa do livre comércio

Além de romper tradição, voto do Brasil contra Cuba se choca com defesa do livre comércio

Reuters

07/11/2019

Placeholder - loading - Presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump se cumprimentam durante coletiva nos jardins da Casa Branca 19/03/2019 REUTERS/Kevin Lamarque
Presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump se cumprimentam durante coletiva nos jardins da Casa Branca 19/03/2019 REUTERS/Kevin Lamarque

Por Lisandra Paraguassu

BRAS?LIA (Reuters) - O voto do Brasil contra a resolu??o da ONU que condena o embargo a Cuba ? mais um passo na virada ideol?gica que o governo de Jair Bolsonaro tem imprimido ? diplomacia brasileira e rompe com a tradicional defesa brasileira do livre com?rcio, disseram ? Reuters fontes diplom?ticas que acompanharam o processo.

'N?o ? uma decis?o que tem impacto imediato, mas n?o quer dizer que n?o seja grave. O Brasil est? aceitando que a lei de um pa?s possa incidir sobre o que ocorre fora de suas fronteiras. Isso ? muito s?rio', disse uma das fontes ouvidas pela Reuters.

Neste, como em anos anteriores, a resolu??o foi aprovada por quase duas centenas de pa?ses, dos mais diferentes espectros ideol?gicos. O Brasil se juntou ao pr?prio Estados Unidos e a Israel para ser o terceiro voto contr?rio ? resolu??o.

Apesar de ser contra o embargo a Cuba, a resolu??o n?o ? uma defesa da ilha em si, mas da liberdade de com?rcio. O texto defende que o embargo ? contr?rio ? liberdade de com?rcio e de navega??o consagrada no direito internacional, uma posi??o que o Brasil, como os demais pa?ses, sempre defendeu.

O pa?s sempre manteve rela??es comerciais com Cuba, intensificadas nos governos petistas. Atualmente, a ordem ? evitar rela??es com a ilha, mas empresas brasileiras ainda t?m interesses comerciais fortes l?.

A fabricante brasileira de cigarros Souza Cruz, por exemplo, que pertence ? British American Tobacco PLC, tem uma joint-venture em Havana que produz a maioria dos cigarros em Cuba.

'Se o governo dos Estados Unidos quer fazer um embargo unilateral, o problema ? deles. O problema ? quando eles usam a legisla??o interna contra agentes econ?micos de terceiros pa?ses que comerciam com Cuba. Isso violaria nossa soberania ao punir nossas empresas pela legisla??o interna americana?, explicou uma segunda fonte.

A posi??o do atual governo brasileiro, no entanto, ? de alinhamento com o governo de Donald Trump, pol?tica defendida pelo presidente Jair Bolsonaro e encampada pelo ministro das Rela??es Exteriores, Ernesto Ara?jo, mesmo contra a tradi??o da diplomacia brasileira.

'Embargo ao com?rcio ? um instrumento que s? tem legitimidade internacional se for aprovado pelo Conselho de Seguran?a da ONU. Nenhum pa?s pode impor restri??es ao com?rcio internacional unilateralmente', disse a fonte. 'Essa ? a discuss?o.'

Nos ?ltimos meses, o embaixador do Brasil na Organiza??o das Na??es Unidas, Mauro Vieira, vinha tentando convencer Ara?jo de que o Brasil poderia manter sua posi??o hist?rica e apenas destacar, em uma fala, que esse n?o era um apoio a Cuba, mas uma defesa do livre com?rcio, mas a instru??o permaneceu a mesma.

At? a v?spera da vota??o, Vieira ainda tentou convencer o governo a pelo menos trocar o voto contr?rio por uma absten??o que, mandaria um recado mas n?o seria t?o grave a ponto de isolar o pa?s apenas na companhia de norte-americanos e israelenses. N?o teve sucesso.

Incomodado, o embaixador preferiu n?o representar o Brasil na vota??o. Enviou seu adjunto. Vieira est? de sa?da da representa??o brasileira e foi mandado para Zagreb (Cro?cia), um posto desprestigiado na diplomacia brasileira.

Ex-chanceler durante o governo de Dilma Rousseff, Vieira entrou automaticamente na lista de desafetos do governo Bolsonaro, apesar de ter dado emprego a Ara?jo na embaixada em Washington, quando foi embaixador nos Estados Unidos, e t?-lo trazido para um cargo no gabinete quando assumiu o cargo de ministro.

Reuters

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