América Latina discute saída de isolamento apesar de aceleração de casos de Covid-19
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Por Gabriel Stargardter e Natalia A. Ramos Miranda
RIO DE JANEIRO/SANTIAGO (Reuters) - Pa?ses da Am?rica Latina t?m enfrentado um debate cada vez mais exacerbado sobre quando e como reativar suas economias em grande parte paralisadas devido ?s medidas de isolamento do coronav?rus, mesmo que a pior fase do surto ainda n?o tenha atingido os pa?ses da regi?o.
A discuss?o ocorre apesar de dados coletados pela Reuters mostrarem que os casos de coronav?rus na Am?rica Latina crescem muito mais r?pido do que em outras partes do mundo. A regi?o ultrapassou uma marca lament?vel na quarta-feira: 10 mil mortes e 200 mil casos confirmados de coronav?rus.
No Brasil, as cenas de um shopping em Blumenau (SC) que abriu as portas ap?s o governo afrouxar as medidas de isolamento correram o pa?s, provocando rea??es contr?rias de euforia e cr?ticas. No dia 22 de abril, quando houve a abertura, a cidade tinha 98 casos confirmados de Covid-19. Quatro dias depois, eram 167 -- um salto de mais de 70%.
'A reabertura do shopping ? efeitvamente uma a??o muito ruim, em um momento muito ruim e do modo equivocado', disse o prefeito de Blumenau, Mario Hildebrandt, ? Reuters.
A operadora do shopping, Almeida Junior, disse que a decis?o foi tomada seguindo as determina??es do governo.
O presidente Jair Bolsonaro, cr?tico veemente do isolamento por causa dos impactos econ?micos, disse nesta semana que n?o pode fazer milagre, depois que o pa?s bateu recorde de mortes em 24 horas --474-- e superou o total de ?bitos da China, com mais de 5.400 v?timas fatais da doen?a.
'E da?? Lamento. Quer que eu fa?a o qu?? Eu sou Messias, mas n?o fa?o milagre', respondeu o presidente a jornalistas, fazendo refer?ncia ao seu nome do meio.
O debate no Brasil se estende pela Am?rica Latina, onde a maioria dos pa?ses est? enfrentando sua pior recess?o desde os anos 1930.
O M?xico tem 17.799 casos confirmados, o que as autoridades admitem ser uma fra??o do n?mero real. O pico de infec??es ? esperado na primeira metade de maio, e a tens?o j? se faz sentir na Cidade do M?xico, onde falta espa?o em alguns hospitais particulares.
Apesar do temor de um aumento das infec??es, o governo est? sendo exortado a suavizar as restri??es impostas ? ind?stria. Mais de 300 CEOs escreveram ao presidente mexicano, Andr?s Manuel L?pez Obrador, na semana passada, pressionando por uma reabertura r?pida de seus fornecedores no M?xico.
Como a economia mexicana ? profundamente integrada aos Estados Unidos, um isolamento mexicano prolongado prejudicaria a capacidade de as ind?strias norte-americanas reabrirem. O M?xico est? elaborando um calend?rio para permitir que as montadoras de ve?culos e seus fornecedores voltem ao trabalho a tempo para a reativa??o da ind?stria automobil?stica dos EUA, o que pode acontecer depois de 4 de maio.
L?pez Obrador, que assim como Bolsonaro vem sendo criticado por minimizar o coronav?rus, sinalizou que qualquer reabertura poderia ser gradual e que levar? em considera??o os riscos de sa?de.
'Buscaremos o melhor momento, ? quest?o de encontrar o equil?brio entre sa?de e economia', disse ele na segunda-feira.
'DURO GOLPE'
Contrastando com Brasil e M?xico, o Chile recebeu elogios por seu regime de testes em larga escala, press?o limitada nos hospitais e taxa de mortalidade baixa. At? quarta-feira, o pa?s tinha 14.365 casos confirmados e s? 207 mortes, como mostraram dados do governo.
Na semana passada, o presidente chileno, Sebastin Pi?era, disse que passar? a descongelar a economia gradualmente. O governo come?ou a chamar de volta funcion?rios p?blicos, anunciou o fim do fechamento das escolas e deu apoio t?cito ? reabertura de shoppings menores.
No entanto, os planos do governo tamb?m enfrentaram cr?ticas -- principalmente das principais operadoras de shopping centers. Na semana passada, Horst Paulmann, CEO da maior operadora de shopping centers do Chile, a Cencosud, disse que reabrir shoppings seria 'um grave erro'.
'Os shoppings s?o como cidades, com 200 lojas ou mais do que qualquer um pode controlar', disse ele a um jornal chileno.
Em um shopping recentemente reaberto no sub?rbio de Patronato, em Santiago, a dona de uma loja de roupas, Miriam Dababneh, de 51 anos, ficou aliviada por voltar ao trabalho.
'Este surto foi um duro golpe', disse ela, usando m?scara. 'Isso n?o ? um sinal de normalidade, apenas uma medida para nos impedir de ir ? fal?ncia. Para n?s, abrir ? respirar novamente.'
(Reportagem adicional de Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro; Aislinn Laing, em Santiago; Frank Jack Daniels, na Cidade do M?xico; Edi??o de Maria Pia Palermo)
Escrito por Reuters
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