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ANÁLISE-Brasil se prepara para afrouxamento quantitativo cauteloso, mas pode precisar de 'bazuca'

Placeholder - loading - 16/05/2017. REUTERS/Ueslei Marcelino
16/05/2017. REUTERS/Ueslei Marcelino

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Por Jamie McGeever

BRAS?LIA (Reuters) - O Brasil parece disposto a come?ar a adotar cautelosamente uma pol?tica monet?ria n?o convencional, usando pequenas interven??es para combater a disfun??o nos mercados de t?tulos, como acontece com o mercado de c?mbio, mas a gravidade da crise pode for??-lo a copiar medidas dram?ticas tomadas nos Estados Unidos e na Europa.

O Congresso est? debatendo uma proposta de emenda constitucional que concede ao Banco Central poderes emergenciais para realizar 'afrouxamento quantitativo' como parte de seu arsenal de combate a crises, permitindo a compra de ativos financeiros p?blicos e privados durante emerg?ncias nacionais.

Com a queda da receita tribut?ria e um salto nos gastos para mitigar as consequ?ncias econ?micas da pandemia, o governo espera que seu d?ficit exploda este ano para 600 bilh?es de reais, ou 8% do Produto Interno Bruto.

Enquanto o Federal Reserve (banco central dos EUA) e o Banco Central Europeu est?o disparando suas 'bazucas', programas de compra de ativos no valor de trilh?es de d?lares e euros, fontes dizem que a flexibiliza??o quantitativa do Brasil ser? muito mais limitada em seu escopo e direcionada por natureza.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que sua vers?o preferida da flexibiliza??o quantitativa achataria a curva de rendimentos sem expandir a base monet?ria ou o balan?o do banco ao comprar t?tulos de longo prazo enquanto vende d?vida de curto prazo --semelhante ? 'Opera??o Twist' do Fed em 2011.

Operadores dizem que partes do mercado de d?vida deixaram de funcionar normalmente durante a recente crise de avers?o ao risco. O spread entre as taxas de janeiro de 2021 e janeiro de 2029 aumentou para mais de 600 pontos-base em mar?o e, embora tenha recuado desde ent?o, ainda est? significativamente maior do que em fevereiro.

No entanto, uma fonte familiarizada com o pensamento do BC e dois ex-presidentes da institui??o disseram que o banco pode optar por uma abordagem cautelosa inicialmente, intervindo apenas para amenizar distor??es do mercado, como ocorre no c?mbio.

A fonte disse que n?o ? um objetivo expl?cito do Banco Central achatar a curva de rendimentos, nem ? sua tarefa impedir o mercado de precificar o risco fiscal ? medida que o d?ficit aumenta, exigindo rendimentos mais altos.

O ex-presidente do Banco Central Arm?nio Fraga disse que, enquanto os bancos centrais estrangeiros est?o usando a flexibiliza??o quantitativa como um grande est?mulo econ?mico para reduzir as taxas de juros de longo prazo e aumentar os pre?os dos ativos, a abordagem do Brasil seria mais 'defensiva'.

'Aqui, a flexibiliza??o quantitativa seria mais como a interven??o cambial. Se houver p?nico no mercado de t?tulos, o Banco Central poder? intervir no mercado secund?rio para aliviar a press?o', disse Fraga ? Reuters, acrescentando que a equipe do banco ? 'respons?vel e sensata'.

O banco central disse que n?o comenta projetos em tramita??o no Congresso.

PERIGO DE DEPRESS?O

Mas alguns economistas dizem que tal cautela subestima a escala da crise. O Fundo Monet?rio Internacional reduziu na semana passada a perspectiva para a economia do Brasil em 2020 a uma contra??o de 5,3%, contra crescimento previsto antes de 2,2%.

Willem Buiter, professor visitante na Columbia University e ex-membro do Banco da Inglaterra, afirmou que as autoridades monet?rias precisam abandonar as preocupa??es sobre a taxa de c?mbio, infla??o e d?ficit, ou uma profunda recess?o pode se tornar uma depress?o.

'A situa??o ? grave. Exige que o banco central use todas as suas ferramentas expansionistas para sustentar o est?mulo fiscal que o governo est? fornecendo', disse Buiter.

'Eles (banqueiros centrais) deveriam liberar e comprar tanto t?tulos de curto quanto longo prazo...e estarem preparados para cobrir o d?ficit do governo este ano', disse.

A constitui??o hoje s? permite que o BC compre t?tulos p?blicos no mercado secund?rio para fins de pol?tica monet?ria e de gerenciamento da oferta de moeda, mas o pro?be de financiar o governo.

Alguns participantes do mercado e ex-autoridades temem que a impress?o de dinheiro e o aumento do balan?o do banco central deixariam o sistema banc?rio com excesso de liquidez. Isso levaria a taxa de juros efetiva para perto de zero, bem abaixo dos 3,75% da Selic atualmente, criando distor??es nos mercados monet?rios.

'Isso teria consequ?ncias negativas enormes para o Brasil. Iria desvalorizar o c?mbio de forma acentuada e aprofundaria a curva de rendimentos', disse Sergio Goldenstein, ex-chefe do Departamento de Opera??es de Mercado Aberto do BC, alertando para o risco de fuga de capital.

O ex-presidente do BC e ex-ministro das Finan?as Henrique Meirelles tamb?m disse que o Banco Central poderia buscar primeiro simplesmente aliviar qualquer estresse e volatilidade do mercado de t?tulos, fornecendo liquidez sem buscar um certo n?vel de pre?os.

'A interven??o do banco central no mercado de t?tulos poderia ser como sua interven??o no c?mbio', disse Meirelles ? Reuters.

Mas ele destacou que, como o presidente do BCE, Mario Draghi, no ?pice da crise do euro, Campos Neto precisa estar pronto para fazer 'o que for necess?rio'.

'O banco central tem que fazer o que for preciso para combater essa crise, sustentar a economia, fornecer liquidez aos mercados financeiros e garantir que eles funcionem bem. Deveria usar qualquer ferramenta que tiver ? sua disposi??o e agir de qualquer maneira que for necess?ria para atingir esses objetivos', disse ele.

Escrito por Reuters

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