ANÁLISE-Modelo de campanha de Bolsonaro limita aumento de capital de votos
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Por Eduardo Sim?es e Ricardo Brito
S?O PAULO/BRAS?LIA (Reuters) - Imagens do pr?-candidato do PSL ? Presid?ncia, Jair Bolsonaro, sendo saudado sob gritos de mito e v?deos do presidenci?vel falando ao eleitor durante atos cotidianos, como uma visita ao barbeiro, predominam nos perfis do militar da reserva nas redes sociais, no que j? se consagrou como uma marca de sua estrat?gia de pr?-campanha.
Esse modelo, focado nas redes sociais, onde o n?mero de seguidores de Bolsonaro chega ? casa do milh?o, e um discurso anti-establishment muitas vezes recheado de pol?micas t?m rendido frutos a Bolsonaro nas pesquisas de inten??o de voto para as elei??es de outubro, mesmo que ele e aliados questionem a credibilidade dos levantamentos, ao mesmo tempo que exaltam o desempenho do deputado.
Bolsonaro lidera as pesquisas nos cen?rios sem o ex-presidente Luiz In?cio Lula da Silva, se aproximando dos 20 por cento da prefer?ncia do eleitorado, mas especialistas ouvidos pela Reuters apontam que o capit?o da reserva do Ex?rcito ter? um desafio para expandir seu eleitorado quando o jogo come?ar para valer.
Vejo como uma estrat?gia correta para manter o patrim?nio, mas ? dif?cil dizer que ? a estrat?gia correta para aumentar o capital, a? j? ? mais dif?cil , disse ? Reuters o cientista pol?tico do Insper Carlos Melo.
Todo candidato quer ampliar o seu espectro pol?tico, e a? ele tem que amenizar um pouco as suas declara??es sem perder os apoios que ele conseguiu. No final das contas, a pol?tica ? a arte da ambiguidade , acrescentou.
Bolsonaro tem feito alguns acenos neste sentido. Em evento neste m?s da Uni?o da Ind?stria da Cana-de-A??car (Unica), em S?o Paulo, fez um aparente ajuste em sua proposta de liberar o armamento da popula??o, afirmando que n?o iria jogar armas para o alto e a? cada um pega a sua , e que o porte seria dado com crit?rios para cidad?os de bem , com base em negativa de antecedentes criminais e testes psicol?gicos, por exemplo.
O deputado, que tem 63 anos e se apresenta como um outsider na pol?tica, embora esteja em seu s?timo mandato como parlamentar federal, tamb?m tem buscado atenuar declara??es feitas no passado que levaram advers?rios a tax?-lo de machista, homof?bico e racista.
Em uma dessas declara??es, Bolsonaro conta que teve quatro filhos homens, mas deu uma fraquejada e na quinta vez teve uma menina. Desde ent?o, publicou v?deos recentes ao lado de sua filha Laura, de 7 anos, classificando-a como raz?o de seu viver.
Na palestra para a Unica, Bolsonaro tamb?m defendeu o respeito ? Constitui??o, mais uma vez atenuando uma posi??o de seu passado quando defendeu publicamente o fechamento do Congresso. Ao mesmo tempo que criticou o politicamente correto , o deputado tamb?m aproveitou o evento do setor sucroalcooleiro para reconhecer que, ?s vezes, exagera nas brincadeiras e por isso ? r?u no Supremo Tribunal Federal (STF).
DESAFIO
Para o especialista em marketing pol?tico e professor da ESPM Victor Trujillo, a estrat?gia atual de Bolsonaro ? correta para o momento atual de pr?-campanha, mas ele ter? de mud?-la quando a campanha eleitoral tiver in?cio.
A grande pergunta a se fazer ? se depois ele vai conseguir expandir para o restante dos eleitores, sair deste perfil restrito, desse perfil que ele mesmo delimitou. O discurso dele se autolimita. Esse ? o ?nus , disse Trujillo, apontando o risco de Bolsonaro perder o capital eleitoral que j? amealhou ao fazer mudan?as em seu discurso.
Vamos fazer um paralelo com a F?rmula 1. As pesquisas agora s? mostram quem vai largar na pole position. A campanha, ou seja, a corrida propriamente dita, ainda n?o come?ou. Neste momento, as pesquisas s? mostram o grid de largada... Sequer todos os carros, todos os candidatos, est?o colocados no grid , disse.
Bolsonaro tem escolhido a dedo os eventos p?blicos com outros presidenci?veis de que participa. Por exemplo, n?o foi ? sabatina com presidenci?veis realizada pelo jornal Folha de S.Paulo, pelo portal UOL e pelo SBT. Tem, por outro lado, comparecido a eventos organizados por entidades setoriais, como do agroneg?cio.
Para Frederico D'?vila, um dos diretores da Sociedade Rural Brasileira e tamb?m um dos coordenadores da campanha de Bolsonaro, voltado mais para o agroneg?cio, um dos principais diferenciais do presidenci?vel do PSL ? justamente n?o ter a estrutura de campanha tradicional e ser uma figura antissistema.
A gente v? muito apelo popular e, se voc? for ver pela l?gica, ? a l?gica que o sistema atual n?o funciona mais e entrou em fal?ncia, e o candidato que n?o tem nada do que sempre elegeu --tempo de televis?o, estrutura, etc-- ? o que est? em primeiro lugar agora , disse D'?vila ? Reuters por telefone.
A pesquisa CNI/Ibope para a corrida presidencial divulgada na quinta-feira apontou o deputado novamente na lideran?a ao Pal?cio do Planalto no cen?rio sem Lula.
O pr?-candidato do PSL, no entanto, est? empatado em primeiro lugar com o ex-presidente Fernando Collor de Mello, cujo partido desistiu de lan??-lo ao Planalto, na rejei??o, com 32 por cento --Lula teve 31 por cento.
A rejei??o a um candidato ? um ?ndice importante, porque aponta dificuldade de um determinado nome em aumentar o n?mero de simpatizantes.
O deputado federal Major Olimpo (PSL-SP), coordenador da campanha de Bolsonaro em S?o Paulo, afirmou que n?o haver? nenhuma mudan?a no tom adotado por ele para ampliar a base de apoio. Ele disse que a verdadeira ess?ncia do candidato ? que o far? conquistar mais votos.
N?o vamos fazer cirurgia pl?stica no Bolsonaro. N?o tem essa de Bolsonaro paz e amor , disse o parlamentar, pr?-candidato do PSL ao Senado.
Major Olimpo disse que a rejei??o registrada a Bolsonaro n?o preocupa e vai se reduzir a partir do momento em que as pessoas forem conhecendo as suas propostas e tamb?m forem rebatidas informa??es que ele considera como falsas em rela??o ao pr?-candidato divulgadas por concorrentes.
Um dos coordenadores nacionais da campanha de Bolsonaro, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), disse que a forte atua??o do candidato e de aliados dele em redes sociais vai ajudar a mostrar a verdade sobre ele e contestar os advers?rios.
O ex-governador Geraldo Alckmin, pr?-candidato do PSDB, e a ex-ministra Marina Silva, presidenci?vel da Rede, passaram a usar recentemente redes sociais para criticar iniciativas de Bolsonaro.
? compreens?vel que eles tentem atacar o l?der das pesquisas achando que isso pode funcionar, mas a? ? um problema de comunica??o deles com a sociedade. A estrat?gia n?o tem dado resultado , afirmou Onyx.
Escrito por Redação
SALA DE BATE PAPO