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ANÁLISE-Rejeição elevada a Bolsonaro e Haddad impõe dificuldades na largada de governo em 2019

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Por Eduardo Sim?es

S?O PAULO (Reuters) - O prov?vel segundo turno da elei??o presidencial entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) pode dar ? luz um governo com dificuldades de engrenar a partir de 2019 devido ao elevado ?ndice de rejei??o dos dois postulantes ao Planalto, mostrado nas pesquisas de inten??o de voto, disseram analistas ouvidos pela Reuters.

L?der e vice-l?der na corrida presidencial, Bolsonaro e Haddad t?m, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada na ter?a-feira, rejei??o de 45 e 41 por cento, respectivamente, o que pode levar a um segundo turno movido pela escolha do menos pior e a problemas de forma??o de uma base de sustenta??o a partir de janeiro.

'Vai ser um segundo turno em que os dois candidatos s?o rejeitados por quase metade da popula??o', disse ? Reuters Danilo Gennari, s?cio da Distrito Rela??es Governamentais em Bras?lia.

Bolsonaro tem afirmado que n?o aceitar? um resultado eleitoral que n?o seja a sua elei??o ? Presid?ncia, ao passo que o PT adotou, antes de formalizar a candidatura de Haddad, discurso de que uma elei??o sem a presen?a do ex-presidente Luiz In?cio Lula da Silva --barrado pela Justi?a Eleitoral com base na Lei da Ficha Limpa-- seria uma fraude.

Aliada a esse cen?rio, que acirra a polariza??o pol?tica, est? a agenda de decis?es dif?ceis e potencialmente impopulares que o pr?ximo presidente ter? de tomar, diante de um cen?rio fiscal complicado e da necessidade de reformas para fazer frente a ele.

Assim, Gennari prev? que, qualquer que seja o vencedor do pleito de outubro, haver? reclama??es e contesta??es. Para ele, a quest?o ? qual ser? a repercuss?o delas.

'A grande quest?o que se coloca ?: dado o nosso atual momento pol?tico, institucional, social, a gente vai ver um movimento parecido com o da ?ltima elei??o em que o lado perdedor, no caso o A?cio (Neves), come?ou na segunda-feira atirando para tudo que ? lado questionando e isso teve eco, principalmente na imprensa?', indagou, em refer?ncia ao candidato tucano derrotado em 2014.

'Tem espa?o para isso acontecer de novo, termos mais quatro anos de buraco ou ap?s a elei??o, seja l? qual for o resultado, as pessoas v?o parar, pensar e falar: 'Est? bom, chega, vamos ser um pouco mais respons?veis dessa vez e vamos ver o que pode ser feito para o Brasil sair desse buraco, pelo menos para n?o afundar ainda mais?' Essa ? a primeira quest?o.'

SEM LUA DE MEL

Com um cen?rio de acirramento da polariza??o pol?tica ? frente, o analista pol?tico Rafael Cortez, da Tend?ncias Consultoria, aponta tamb?m as decis?es econ?micas dif?ceis --muitas delas impopulares-- que o pr?ximo presidente ter? pela frente a partir de janeiro de 2019 como outro fator complicador.

O Brasil caminha para o sexto ano de d?ficit nas contas p?blicas em 2019 e o teto dos gastos, aprovado na gest?o do presidente Michel Temer, deve impor ? pr?xima administra??o escolhas dif?ceis.

'A minha leitura ? de que n?s temos um dilema pol?tico bastante significativo, independentemente do resultado eleitoral e a situa??o pol?tica muito mais exacerbada que sairia desse segundo turno entre Bolsonaro e Haddad. Isso exacerbaria o risco de n?o gerar um ambiente mais est?vel para a constru??o de coaliz?es', disse Cortez ? Reuters.

'O Brasil n?o vive a sua normalidade pol?tica, n?s vivemos um quadro muito polarizado, a agenda do pr?ximo presidente ? uma agenda marcada por conflitos complicados, por escolhas dif?ceis', avaliou.

Nesse cen?rio, a maior probabilidade ? de que o presidente que assumir o leme do pa?s em 1? de janeiro de 2019 n?o conte com a benevol?ncia que costuma marcar o per?odo inicial dos novos governos, na avalia??o tanto de Cortez quanto de Gennari.

'N?o acredito que exista essa lua de mel, diante n?o s? do problema pol?tico, da polariza??o, mas tamb?m pelo tipo de agenda que o pr?ximo presidente deve enfrentar', disse o analista da Tend?ncias.

INTELIG?NCIA POL?TICA

Para o cientista pol?tico Creomar de Souza, da Universidade Cat?lica de Bras?lia, as condi??es de governabilidade tamb?m depender?o do placar do segundo turno da disputa pelo Pal?cio do Planalto.

'Quanto menos consensual for a vit?ria, pior ser? o resultado em termos de efici?ncia presidencial no in?cio do governo', avaliou.

'Porque esse chamado cheque em branco dos primeiros 100 dias parte do princ?pio de que voc? teve um rito totalmente civilizado', afirmou.

'Significa que um candidato ganha, o candidato que perde reconhece a derrota, d? um telefonema dizendo que perdeu, depois vai ? m?dia e diz: 'Agrade?o aos votos e aos apoiadores, mas agora acabou a elei??o, vamos todos seguir em frente, porque somos todos brasileiros'. Isso n?o existe no Brasil j? h? algum tempo.'

Para ele, findo o primeiro turno no pr?ximo domingo, com a consequente defini??o das bancadas de deputados e senadores a partir do ano que vem, os dois presidenci?veis que restarem da disputa pelo Pal?cio do Planalto dever?o intensificar as negocia??es para forma??o de suas bases congressuais.

Bolsonaro, por exemplo, j? conquistou o apoio da Frente Parlamentar da Agropecu?ria e dever? se concentrar na busca por apoios de bancadas setoriais. Coordenadores da Frente Parlamentar Evang?lica do Congresso e da Frente de Seguran?a P?blica disseram ? Reuters que a maioria dos integrantes dos dois grupos tamb?m apoia a candidatura do PSL.

Para o cientista pol?tico Adriano Oliveira, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Haddad parece ter mais condi??es de formar uma base parlamentar, dado seu hist?rico pol?tico, enquanto Bolsonaro ? uma inc?gnita, pois nunca esteve nesta posi??o.

Creomar, da Universidade Cat?lica de Bras?lia, faz, no entanto, uma previs?o pouco otimista sobre o que deve ser a pr?xima legislatura, diante do cen?rio de polariza??o e da necessidade de tomada de decis?es na ?rea fiscal.

'Muito provavelmente, pelo que n?s temos visto como constante nos ?ltimos anos, o Congresso Nacional n?o vai ter intelig?ncia pol?tica para entender a gravidade dessas agendas, vai estar muito mais preocupado com a manuten??o de privil?gios de toda a ordem', disse.

Escrito por Redação

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