Analistas veem impacto limitado de FGTS sobre recuperação da economia
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Por Jos? de Castro
S?O PAULO (Reuters) - O impacto positivo sobre a economia decorrente da libera??o de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Servi?o (FGTS) pode ser menor do que o esperado pelo governo, e a atividade deve manter seu ritmo apenas gradual de recupera??o.
Economistas dizem que ? dado como certo que apenas uma parcela dos 42 bilh?es de reais com libera??o prevista at? o fim do ano que vem se transforme em consumo. Uma outra fatia servir? para pagamento de d?vidas, o que poderia no m?ximo melhorar a capacidade de tomada de cr?dito das fam?lias.
A possibilidade de uso desses recursos para poupan?a tamb?m joga contra uma influ?ncia positiva mais expressiva nos n?meros do Produto Interno Bruto (PIB), especialmente num cen?rio de desemprego ainda elevado, que leva os consumidores a adotar uma postura mais conservadora.
'? um est?mulo de tiro curto e da ordem de 0,2 p.p. em 2019 e quase zero em 2020', disse Luiz Carlos Mendon?a de Barros, ex-diretor do Banco Central. 'Quase metade dos brasileiros eleg?veis para o saque do FGTS tem d?vida banc?ria de alguma forma superior ao que pode ser sacado em 2019', completou.
O governo estima que a taxa de crescimento do PIB aumentar? em 0,35 ponto percentual em 12 meses com a libera??o dos recursos do FGTS. A medida foi anunciada poucos dias ap?s a equipe econ?mica ter reduzido pela metade sua perspectiva de crescimento do PIB neste ano, a apenas 0,81%. O ministro da Economia, Paulo Guedes, negou que a investida embalar? um voo de galinha.
Em janeiro, economistas projetavam que o PIB cresceria 2,60% em 2019, conforme pesquisa Focus do Banco Central.
'Para 2019, o impacto do FGTS no PIB seria na segunda casa decimal', disse Luka Barbosa, economista do Ita? Unibanco. O economista v? influ?ncia potencialmente maior no PIB de 2020, com impacto direto da medida de 0,1 ponto percentual.
'Por?m, adicionando ? conta o efeito estat?stico do fim do quarto trimestre (de 2019), o PIB de 2020 poderia terminar o ano com crescimento 0,2 ponto percentual mais elevado', acrescentou.
O mercado espera que a atividade avance 2,10% em 2020, bem abaixo dos 2,80% estimados em mar?o.
Alexandre Espirito Santo, economista da ?rama, calcula que o FGTS dar? um impulso entre 0,20 ponto percentual e 0,25 ponto percentual ? taxa de crescimento do PIB ao longo de 12 meses, intervalo que ele considera mais 'real'. 'Neste ano, o impacto ? pr?ximo de zero', disse.
RISCO DE RECESS?O PERSISTE
O efeito limitado dos recursos do FGTS sobre a economia nos pr?ximos meses mant?m no radar a possibilidade de a atividade continuar derrapando, depois de um segundo trimestre para o qual n?o se descarta taxa nula de crescimento ou mesmo contra??o.
'Prevemos varia??o zero no segundo trimestre ante o primeiro. Ou seja, qualquer surpresa negativa poderia colocar a taxa no negativo', afirmou Mauricio Nakahodo, economista do Banco MUFG Brasil, referindo-se ao risco de uma recess?o t?cnica --dois trimestres consecutivos de decl?nio na produ??o econ?mica.
Mais recentemente, alguns indicadores de atividade e medidas de confian?a melhoraram. O ?ndice de Atividade Econ?mica do Banco Central (IBC-Br), esp?cie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), avan?ou em maio ante abril depois de quatro quedas consecutivas.
'Mas esses dados, especialmente os de confian?a, s?o muito vol?teis. O sinal ? positivo, mas ? preciso observar mais dados', ponderou Nakahodo.
Entre janeiro e mar?o, o PIB recuou 0,2% sobre o quarto trimestre de 2018, de acordo com o IBGE, na primeira retra??o desde 2016.
Por?m, alguns no mercado demonstram mais otimismo com a performance da economia no segundo trimestre. Luka Barbosa, do Ita?, estima que o PIB tenha crescido 0,4% entre abril e junho ante o trimestre imediatamente anterior, com impulso adicional nos trimestres seguintes a partir da prov?vel queda de juros que o BC dever? iniciar neste fim de m?s.
'A cada queda de 1 ponto percentual da Selic estimamos aumento de 1 ponto percentual na taxa de crescimento do PIB ao longo de quatro trimestres', afirmou Barbosa.
Escrito por Redação
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