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Após início embalado, Temer encerra governo de modo apático e sob sombra de denúncias

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Por Alexandre Caverni

S?O PAULO (Reuters) - O presidente Michel Temer encerra de forma ap?tica um governo que come?ou a todo vapor, entregou parte das reformas prometidas e trouxe melhoras na economia, mas deixou para tr?s a mais importante, a altera??o das regras previdenci?rias, atropelado politicamente por den?ncias.

Temer assumiu em maio de 2016 provisoriamente, com o afastamento da ent?o presidente petista Dilma Rousseff, de quem era vice, obrigada a deixar a Presid?ncia, enquanto enfrentava um processo de impeachment. A posse definitiva do emedebista ocorreu no final de agosto, ap?s o Senado aprovar o impeachment.

Embalado pela maioria que se formou no Congresso para o impeachment, rapidamente Temer conseguiu aprovar a emenda constitucional do chamado teto dos gastos, uma dura regra para controlar as despesas da Uni?o e tentar equilibrar as contas p?blicas, mergulhadas em um profundo d?ficit prim?rio.

Com a melhora do clima pol?tico, a confian?a dos mercados e dos empres?rios come?ou a se recuperar e o quadro econ?mico melhorou, derrubando a infla??o e, ao mesmo tempo, a taxa b?sica de juros.

O IPCA, medida que baliza a meta de infla??o do governo, tinha acumulado alta de 9,32 por cento nos 12 meses encerrados em maio de 2016. Agora, nos 12 meses encerrados em novembro, o IPCA acumulou eleva??o de 4,05 por cento. A Selic, que estava em 14,25 por cento ao ano, agora est? em 6,50 por cento, seu piso hist?rico.

Ainda com for?a pol?tica, Temer conseguiu que o Congresso aprovasse o que chamou de moderniza??o trabalhista, alterando algumas regras em vig?ncia h? d?cadas. Na onda das mudan?as necess?rias, o presidente prometeu uma proposta de reforma da Previd?ncia para os primeiros 30 dias de governo.

Depois de meses de negocia??es, quando tentava garantir os votos necess?rios para aprovar a reforma na C?mara dos Deputados, Temer foi atingido em maio de 2017 pela revela??o de uma conversa comprometedora com o empres?rio Joesley Batista, do grupo J&F.

Com a dela??o de Joesley e outros executivos do grupo, o ent?o procurador-geral da Rep?blica, Rodrigo Janot, apresentou duas den?ncias criminais contra Temer em 2017, fato in?dito para um presidente no exerc?cio do mandato.

O emedebista acabou gastando praticamente todo seu capital pol?tico para impedir que os deputados autorizassem o Supremo Tribunal Federal a julgar as den?ncias contra ele.

A partir da?, e com a proximidade cada vez maior das elei??es gerais de outubro deste ano, pouco restou para Temer fazer no comando do Executivo federal.

Sem for?a pol?tica, n?o conseguiu aprovar a crucial reforma da Previd?ncia, mesmo depois de ter feito in?meras concess?es, que abrandaram em muito a proposta inicial.

N?o apenas Temer foi atingido por esc?ndalos. Outros membros do primeiro escal?o de seu governo acabaram delatados, denunciados e mesmo presos, como o ex-ministro Geddel Vieira Lima, tamb?m do MDB.

Em fevereiro deste ano, o presidente decretou a interven??o federal na ?rea da seguran?a p?blica do Estado do Rio de Janeiro, sepultando de vez as possibilidades de aprova??o de novas medidas mais ambiciosas --o Congresso n?o pode emendar a Constitui??o quando est? em vigor uma interven??o federal.

Apesar de enfrentar recordes de impopularidade, agravada por uma greve dos caminhoneiros que paralisou o pa?s em maio, Temer ainda cogitou, ou pelo menos disse cogitar, disputar um novo mandato como presidente na elei??o de outubro. Mas acabou desistindo em favor de seu ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, que fracassou na campanha, mesmo se esfor?ando por se afastar do governo de que fizera parte.

Na semana passada, Temer foi denunciado mais uma vez, desta vez pela procuradora-geral da Rep?blica escolhida por ele, Raquel Dodge, com base no chamado inqu?rito dos portos. Dodge denunciou o presidente e outras cinco pessoas por corrup??o e lavagem de dinheiro.

Apesar disso, ao final de dois anos e meio de governo, tendo batido recordes de impopularidade --em seu pior momento o governo chegou a ter avalia??o ruim/p?ssima por 82 por cento da popula??o, em junho deste ano, segundo o Datafolha--, Temer encerra o mandato com um quadro melhor junto ? opini?o p?blica.

Chegou a brincar com a ir?nica campanha ?Fica Temer?, surgida nas redes sociais como rea??o ? elei??o de Jair Bolsonaro, a quem passa a faixa presidencial na pr?xima ter?a-feira.

'A hist?ria do caf? frio ? verdade, mas as pessoas se surpreendem porque na minha sala ainda tem caf? quente', brincou o presidente durante discurso no in?cio deste m?s.

Nova pesquisa Datafolha, divulgada nesta sexta-feira mostrou que a avalia??o ruim/p?ssima recuou para 62 por cento. Mas a ponta positiva --avalia??o ?tima/boa-- pouco melhorou, passando de 3 para 7 por cento. O maior incremento foi na avalia??o regular, que foi de 14 a 29 por cento.

Escrito por Redação

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