Araújo mostra otimismo, mas indica que Brasil não tem informação sobre negociações para fim de governo Maduro
Araújo mostra otimismo, mas indica que Brasil não tem informação sobre negociações para fim de governo Maduro
Redação
01/02/2019
Por Lisandra Paraguassu
BRAS?LIA (Reuters) - Para al?m do discurso otimista de que o regime de Nicol?s Maduro est? pr?ximo do fim, o governo brasileiro n?o tem, de fato, informa??es concretas sobre poss?veis negocia??es para o fim do regime ou de movimentos dos militares que ainda apoiam o atual governo venezuelano, admitiu nesta sexta-feira o ministro das Rela??es Exteriores, Ernesto Ara?jo.
'A intelig?ncia que a gente acompanha ? mais pelos contatos que temos nas for?as democr?ticas da Venezuela, n?o temos uma intelig?ncia espec?fica das movimenta??es. N?s temos a expectativa, a esperan?a, de que haja realmente elementos que ainda eram fi?is ao regime de Maduro que possam transferir sua lealdade para o regime leg?timo. Esperamos que esteja acontecendo, que se avolume', afirmou o chanceler em uma longa entrevista no Itamaraty.
O Brasil trabalha com outros pa?ses, no chamado Grupo de Lima, para aumentar a press?o sobre o governo de Maduro e for?ar, diplomaticamente, uma mudan?a de regime. Parte do governo brasileiro admite que o atual presidente venezuelano s? deixaria o poder se fosse dada a ele uma sa?da que n?o o levasse ? pris?o --uma posi??o que tem sido defendida pelo vice-presidente, Hamilton Mour?o.
Perguntado sobre qual seria a sa?da para Maduro, Ara?jo respondeu que a melhor seria a 'a porta da rua'.
'O Brasil n?o est? envolvido diretamente em negociar ou formatar o que seria essa sa?da. N?s entendemos que essa fun??o ? dos venezuelanos, desse novo quadro democr?tico que est? se formando em torno do presidente encarregado Juan Guaid?', disse.
No entanto, frisou Ara?jo, qualquer solu??o s? ser? aceit?vel com a sa?da do atual governo e de Maduro.
'O final da crise s? vir? quando houver uma substitui??o completa do regime atual, inclusive com seu l?der, por um regime plenamente democr?tico, primeiro por seu presidente encarregado e depois por elei??es livres', defendeu.
Ara?jo insistiu que o maior papel do governo brasileiro e de outros pa?ses ? a press?o internacional e que isso teria levado o governo de Maduro a balan?ar pela primeira vez.
O governo brasileiro estuda ainda, segundo o chanceler, novas medidas de press?o. Admitiu que entre elas podem estar o congelamento de bens de venezuelanos no Brasil ou at? mesmo a transfer?ncias de contas de cr?ditos do atual governo para passarem a ser administradas pelo governo interino.
'Do ponto de vista de press?o externa sobre o regime, o congelamento de bens em muitos casos ? um instrumento ?til. Teremos que ver se seria poss?vel implementar dentro da legisla??o brasileira', afirmou. 'Temos que fazer dentro da legisla??o e das normas internacionais. Isso requer uma coordena??o que no caso vai al?m do Itamaraty.'
A legisla??o brasileira n?o autoriza san??es unilaterais, mas apenas aquelas determinadas por ?rg?os internacionais, como a Organiza??o das Na??es Unidas. O congelamento de bens poderia ser feito, no entanto, em casos de pessoas condenadas por crimes, segundo as regras internacionais.
CHINA E R?SSIA
O chanceler brasileiro disse esperar que R?ssia e China, principais aliados internacionais da Venezuela, vejam a realidade do pa?s e que o Brasil est? disposto a contribuir para isso se os dois pa?ses se dispuserem ao di?logo.
'Esperamos que China e R?ssia vejam a realidade da Venezuela. Se houver uma disposi??o deles de conversar com quem conhece a realidade, estamos dispostos', afirmou.
Ara?jo atacou duramente o governo do presidente da Venezuela, Nicol?s Maduro, afirmando que o regime ? fortemente ligado ao crime organizado, narcotr?fico e terrorismo, mas que a press?o internacional e o papel do Brasil levaram o pa?s pela primeira vez mais perto de ver o fim do regime.
'A situa??o ainda n?o est? totalmente definida em favor da democracia. ? preciso continuar trabalhando para consolidar essa esperan?a', defendeu.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu; Edi??o de Alexndre Caverni)
Redação