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BC corta Selic a 3,75% por coronavírus e indica manutenção da taxa

Placeholder - loading - Sede do Banco Central em Brasília 29/10/2019 REUTERS/Adriano Machado
Sede do Banco Central em Brasília 29/10/2019 REUTERS/Adriano Machado

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Por Marcela Ayres

BRAS?LIA (Reuters) - O Banco Central cortou nesta quarta-feira a Selic em 0,5 ponto, ? nova m?nima hist?rica de 3,75%, aumentando o ritmo de afrouxamento monet?rio em resposta aos impactos econ?micos com o coronav?rus, mas indicando que este deve ser o novo n?vel dos juros b?sicos daqui para frente.

No comunicado sobre a decis?o, o Comit? de Pol?tica Monet?ria (Copom) ponderou, no entanto, que a leitura sobre suas pr?ximas decis?es pode mudar em meio ao novo quadro que se descortina com a dissemina??o do Covid-19.

'O Copom entende que a atual conjuntura prescreve cautela na condu??o da pol?tica monet?ria, e neste momento v? como adequada a manuten??o da taxa Selic em seu novo patamar. No entanto, o Comit? reconhece que se elevou a vari?ncia do seu balan?o de riscos e novas informa??es sobre a conjuntura econ?mica ser?o essenciais para definir seus pr?ximos passos', disse.

'O Banco Central do Brasil ressalta que continuar? fazendo uso de todo o seu arsenal de medidas de pol?ticas monet?ria, cambial e de estabilidade financeira no enfrentamento da crise atual', completou.

A pr?xima reuni?o do Copom acontece em 5 e 6 de maio.

Ap?s o ?mpeto reformista do governo ficar em segundo plano com o mundo sendo engolfado pelo coronav?rus, o BC voltou a refor?ar a import?ncia das reformas na economia seguirem adiante, frisando que questionamentos sobre sua continuidade e mudan?as de car?ter permanente no processo de ajuste nas contas p?blicas t?m o potencial de elevar a taxa de juros estrutural da economia.

'Nessa situa??o, relaxamentos monet?rios adicionais podem tornar-se contraproducentes se resultarem em aperto nas condi??es financeiras', afirmou o BC.

Para o economista s?nior do Banco MUFG Brasil, Carlos Pedroso, o BC indicou estar olhando para a inclina??o da curva de juros, que aumentou recentemente.

'Parece que depois desse comunicado o BC cortou 0,50 ponto e vai parar', avaliou.

O s?cio da Portofino Investimentos Adriano Cantreva, por outro lado, considerou que porta para novas redu??es n?o est? fechada.

'Se necess?rio eles (BC) v?o fazer algo mais forte. Por?m, caso o pacote de ajuda econ?mica nos Estados Unidos seja fechado, pode ser que o mercado acalme nas pr?ximas semanas e o BC n?o seja for?ado a reduzir mais a Selic', disse.

A autoridade monet?ria afirmou que o ambiente para as economias emergentes tornou-se desafiador com a pandemia causada pelo coronav?rus, que provocou desacelera??o significativa do crescimento global, queda no pre?o das commodities e eleva??o da volatilidade nos mercados.

O coronav?rus, inclusive, passou a figurar no balan?o de riscos do BC, ao lado da ociosidade da economia, como um fator baixista para a infla??o caso o surto da doen?a se agrave e 'provoque aumento da incerteza e redu??o da demanda com maior magnitude ou dura??o do que o estimado'.

Por outro lado, o aumento da pot?ncia da pol?tica monet?ria, a deteriora??o do cen?rio externo ou frustra??es em rela??o ? continuidade das reformas s?o apontados como riscos para gerar uma trajet?ria da infla??o acima do projetado para 2020 e 2021.

CHOQUE RECESSIVO

Em pesquisa Reuters feita na semana passada, antes de nova rodada de intensa volatilidade disparada pela dissemina??o do Covid-19 pelo mundo, 13 de 26 analistas consultados pela Reuters haviam previsto uma redu??o de 0,25 ponto na Selic.

Oito dos analistas que responderam a sondagem previram uma redu??o mais agressiva, de 50 pontos-base, para 3,75%, enquanto cinco disseram que n?o esperavam nenhuma mudan?a.

Desde a realiza??o da pesquisa, contudo, a ado??o de quarentenas por diversos pa?ses como tentativa de retardar a velocidade de infec??o pelo v?rus evidenciou o impacto do coronav?rus nas cadeias globais de produ??o, na demanda pelo consumo e nas perspectivas para os investimentos.

O pr?prio governo reconheceu nesta quarta-feira que n?o h? como evitar o choque recessivo no curto prazo, que deve afetar a maioria dos pa?ses do mundo, inclusive o Brasil.

A mensagem veio em pedido enviado ao Congresso para ado??o de estado de calamidade p?blica no pa?s, condi??o que liberar? o governo de cumprir a meta fiscal deste ano, pavimentando o caminho para um aumento nos gastos p?blicos.

O quadro com a perspectiva de isolamento dos cidad?os ? de atividade econ?mica em ritmo ainda mais d?bil no Brasil, caminhando para o terreno negativo, o que diminui press?es inflacion?rias.

Se, de um lado, o d?lar segue batendo em sucessivas m?ximas nominais em meio ? turbul?ncia no mercado, de outro, importantes commodities para a economia brasileira, como o petr?leo, t?m registrado quedas expressivas, contrabalan?ando um eventual repasse da moeda norte-americana mais alta aos pre?os.

Nesta quarta-feira, o d?lar fechou na in?dita marca de 5,25 reais e o petr?leo Brent, em 24,88 d?lares o barril. No primeiro dia ?til do ano, esses valores eram de 4,0258 reais e 66,25 d?lares, respectivamente.

Pelas contas do BC divulgadas nesta quarta-feira, a infla??o deve fechar 2020 com alta de 3,0% pelo cen?rio h?brido, que considera a trajet?ria dos juros da pesquisa Focus e a taxa de c?mbio constante em 4,75 reais. Para 2021, a perspectiva ? de alta de 3,6%.

Nos dois casos, as estimativas ficaram abaixo das projetadas na ?ltima reuni?o do Copom, no in?cio de fevereiro, quando a autoridade monet?ria considerou um d?lar constante mais baixo, em 4,25 reais, para os c?lculos. ? ?poca, a perspectiva era de que o IPCA fechasse este ano em 3,5% e o pr?ximo, em 3,7%.

A meta de infla??o este ano ? de 4,0% e para 2021, de 3,75%, sempre com margem de toler?ncia de 1,5 ponto para mais ou para menos.

(Com reportagem adicional de Jos? de Castro)

Escrito por Reuters

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