BC corta previsão para economia a zero em 2020 por impactos expressivos do coronavírus
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Por Marcela Ayres
BRAS?LIA (Reuters) - O Banco Central cortou sua proje??o para o Produto Interno Bruto (PIB) a zero em 2020, ante crescimento de 2,2% calculado em dezembro, destacando que a estabilidade agora vista est? associada a impactos econ?micos 'expressivos' decorrentes da pandemia do coronav?rus.
Em seu Relat?rio Trimestral de Infla??o publicado nesta quinta-feira, o BC tamb?m ponderou que, mesmo antes do surto do Covid-19 derrubar os mercados e afetar a perspectiva de crescimento global, os mais recentes dados econ?micos brasileiros frustraram as expectativas.
'Resultados abaixo do esperado em indicadores econ?micos no final de 2019 e in?cio de 2020 afetaram a expectativa de desempenho da atividade no primeiro trimestre', disse o BC.
Agora, o BC v? forte tombo do PIB no segundo trimestre, seguido de 'retorno relevante' da atividade nos ?ltimos dois trimestres do ano.
O BC ressalvou que h? grau de incerteza elevado na realiza??o de proje??es em ambiente de crise. Disse ainda que a magnitude dos impactos da pandemia sobre a atividade econ?mica dom?stica estar? associada ? gravidade e ? extens?o do per?odo do surto no pa?s e ?s medidas p?blicas que est?o sendo adotadas nas diversas ?reas.
A nova expectativa da autoridade monet?ria ficou em linha com a divulgada na semana passada pela Secretaria de Pol?tica Econ?mica do Minist?rio da Economia, que passou a ver uma alta de 0,02% para o PIB este ano.
Mais pessimistas, muitos agentes de mercado j? t?m projetado o PIB em terreno negativo neste ano. Enquanto Bank of America e JP Morgan calculam retra??o de 0,5% e 1% em 2020, respectivamente, o Ita? v? uma queda de 0,3% da atividade brasileira.
Do lado da demanda, o BC revisou fortemente a perspectiva para investimentos em 2020, com a previs?o para o desempenho anual da forma??o bruta de capital fixo (FBCF) passando a uma contra??o de 1,1%, contra avan?o de 4,1% antes.
O c?lculo para o consumo das fam?lias tamb?m foi piorado a uma alta de 0,8%, ante 2,3%, enquanto a conta para o consumo do governo mostrou pouca altera??o, ficando em 0,2%, sobre 0,3% na proje??o feita em dezembro.
A contribui??o do setor externo para o PIB em 2020, por sua vez, passou a zero.
Pelo lado da oferta, a maior mudan?a foi para a performance da ind?stria, com queda de 0,5% no ano, sobre eleva??o de 2,9% antes. Segundo o BC, a perspectiva ? de impacto em todas as atividades em fun??o do coronav?rus.
Para o setor de servi?os, a expectativa agora ? de estabilidade, frente a uma alta de 1,7% vista anteriormente. J? para a agropecu?ria, o BC manteve sua proje??o de expans?o de 2,9% em 2020, 'refletindo melhora nos progn?sticos para a safra de gr?os, compensada por redu??o moderada na estimativa de crescimento da pecu?ria, em raz?o dos impactos da pandemia sobre a demanda interna e externa por prote?nas'.
POL?TICA MONET?RIA
Em rela??o ? pol?tica monet?ria, o BC reiterou mensagem de que v? como adequada a manuten??o da taxa Selic em seu novo patamar, de 3,75% ao ano, mas destacando que a maior vari?ncia de riscos e novas informa??es sobre a conjuntura econ?mica ser?o essenciais para definir seus pr?ximos passos.
Quanto ? infla??o, o BC pontuou que, diante do cen?rio afetado pelo coronav?rus, as proje??es de curto prazo foram significativamente influenciadas pelas cota??es de commodities, em especial pela forte retra??o nos pre?os internacionais de petr?leo, com reflexos r?pidos sobre os pre?os dom?sticos de combust?veis.
'As implica??es da pandemia sobre o segmento de servi?os, notadamente sobre os pre?os de passagens a?reas, provavelmente ir?o se refletir nas leituras mensais de infla??o, sobretudo a partir de maio', frisou a autoridade monet?ria.
De acordo com o BC, as medidas de infla??o subjacente --que desconsideram pre?os mais vol?teis-- est?o em n?veis compat?veis com o cumprimento da meta de infla??o no horizonte relevante para a pol?tica monet?ria.
Neste ano, a meta de infla??o medida pela IPCA ? de 4,0% e no ano que vem, de 3,75%, nos dois casos com margem de 1,5 ponto para mais ou para menos.
REVIS?ES EM S?RIE
Em fun??o do coronav?rus e seus efeitos sobre a economia, o BC tamb?m revisou fortemente suas proje??es para o mercado de cr?dito e para o balan?o de pagamentos neste ano.
Agora, a previs?o ? de que o estoque de cr?dito no pa?s suba apenas 4,8% em 2020, ante proje??o de 8,1% feita em dezembro, com forte impacto na din?mica de cr?dito livre, mais sens?vel ao ciclo econ?mico.
Para as transa??es correntes, o d?ficit foi previsto em 41 bilh?es de d?lares em 2020, contra rombo de 57,7 bilh?es de d?lares calculado em dezembro, principalmente pela perspectiva de menor remessa de dividendos para fora, resultado do c?mbio mais depreciado e de menor desempenho da atividade dom?stica.
Em rela??o aos Investimentos Diretos no Pa?s (IDP), o BC cortou sua estimativa a 60 bilh?es de d?lares, de 80 bilh?es de d?lares antes, citando incertezas relacionadas aos impactos econ?micos do coronav?rus, enfraquecimento do com?rcio internacional e choque de pre?os do petr?leo.
Escrito por Reuters
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