BC corta Selic à nova mínima de 5,50% e sinaliza afrouxamento adiante
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Por Marcela Ayres
BRAS?LIA (Reuters) - O Banco Central cortou nesta quarta-feira a taxa b?sica de juros em 0,5 ponto percentual, a 5,50% ao ano, dando sequ?ncia ao ciclo de afrouxamento monet?rio em meio ? d?bil recupera??o econ?mica, num processo que deve seguir adiante, segundo sinaliza??o do Comit? de Pol?tica Monet?ria (Copom).
Em comunicado, o BC deixou de considerar o cen?rio externo benigno. E, ao detalhar seu balan?o de riscos para a infla??o, a autoridade monet?ria n?o ressaltou mais qual dos fatores tem mais peso em sua an?lise, ap?s frisar em comunica??es pr?vias que o risco ligado ? frustra??o nas reformas era 'preponderante'.
Tudo considerado, o Copom do BC indicou que um novo corte da Selic deve ser feito ? frente, ao manter em sua comunica??o trecho em que assinala que 'a consolida??o do cen?rio benigno para a infla??o prospectiva dever? permitir ajuste adicional no grau de est?mulo'.
Para o economista Thomaz Sarquis, da Eleven Financial Research, o BC mostra inclina??o 'muito forte' de continuar reduzindo os juros. Mas ele avaliou que a retirada da avalia??o do risco ligado ?s reformas como preponderante pode ter sido precipitada.
'Na nossa vis?o, esse risco continua bastante preponderante. A gente entende que o mercado e o BC est?o subestimando risco fiscal', disse.
Em nota, a economista Camila Abdelmalack, da CM Research, avaliou que o ciclo de cortes na Selic deve ser de no m?nimo 150 pontos-base. Ou seja, com espa?o para redu??o de mais 0,5 ponto Selic at? o fim deste ano.
Para ela, as proje??es para infla??o atualizadas pelo BC corroboram essa leitura. A autoridade monet?ria agora v? o IPCA a 3,3% em 2019 no cen?rio de mercado, sobre 3,6% em sua ?ltima proje??o, feita em julho. Para 2020, a estimativa recuou a 3,6%, contra 3,9% anteriormente.
Nos dois casos, as estimativas ficaram ainda mais longe da meta de infla??o, que ? de 4,25% este ano e 4,0% no pr?ximo, nos dois casos com margem de 1,5 ponto para mais ou para menos.
PANO DE FUNDO
Esta foi a segunda diminui??o seguida da Selic, levando a taxa ? nova m?nima hist?rica. Em pesquisa Reuters com 30 economistas, 28 previam um corte nessa magnitude, enquanto um apostava em manuten??o e outro em redu??o mais t?mida, de 0,25 ponto.
A decis?o teve como pano de fundo um cen?rio externo carregado por mais turbul?ncias, enquanto o quadro dom?stico seguiu marcado por lenta tra??o da economia e comportamento favor?vel da infla??o, al?m de prosseguimento na tramita??o da reforma da Previd?ncia no Senado.
Sobre o front externo, o BC afirmou que 'a provis?o de est?mulos monet?rios adicionais nas principais economias, em contexto de desacelera??o econ?mica e de infla??o abaixo das metas, tem sido capaz de produzir ambiente relativamente favor?vel para economias emergentes'.
Mas ponderou que o cen?rio segue incerto e que riscos associados a uma desacelera??o mais intensa da economia global permanecem. Nos ?ltimos dias, o mundo assistiu ? disparada das cota??es de petr?leo, ap?s ataques no s?bado ?s unidades da petroleira Aramco na Ar?bia Saudita.
Na noite desta quarta-feira, ap?s o an?ncio da decis?o do Copom, a assessoria de imprensa da Petrobras informou que a companhia vai elevar o pre?o m?dio do diesel nas refinarias a partir de quinta-feira em 4,2% e o da gasolina em 3,5%.[nL2N269242]O d?lar, outro elemento que tem influ?ncia nos pre?os dom?sticos pelo potencial de encarecimento das importa??es, tem mostrado comportamento vol?til, reagindo ?s tens?es geopol?ticas, aos desdobramentos da guerra comercial entre Estados Unidos e China e ?s perspectivas para os juros b?sicos norte-americanos. Assim como ocorreu em julho, a decis?o do BC coincidiu com a que foi tomada pelo Federal Reserve (banco-central dos EUA) tamb?m nesta quarta-feira. O Fed cortou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual pela segunda vez este ano, em decis?o amplamente esperada. Quanto ? situa??o interna, o BC informou que seu cen?rio sup?e retomada da economia brasileira em ritmo gradual. Tamb?m imprimiu alguma convic??o adicional a sua leitura, ao dizer que indicadores recentes sugerem a retomada, e n?o mais a possibilidade de retomada da atividade.
Com a economia em lento compasso de recupera??o, as press?es inflacion?rias t?m sido limitadas no pa?s. Nos 12 meses at? agosto, o IPCA acumulou alta de 3,43%, numa acelera??o sobre o acumulado at? junho, mas ainda guardando boa folga em rela??o ? meta oficial. Na mais recente pesquisa Focus, feita pelo BC junto a uma centena de economistas, a estimativa para a Selic at? o fim de 2020 foi cortada a 5%, o que indica expectativa de estabilidade da taxa b?sica de juros ao longo do ano que vem, uma vez que os profissionais j? veem o juro b?sico em 5,00% ao fim de 2019. A pr?xima reuni?o do Copom acontece em 30 de outubro.
(Com reportagem adicional de Gabriel Ponte)
Escrito por Redação
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