BC vê economia mais fraca, mas ressalta que precisa de tempo para análise ao manter Selic em 6,5%
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Por Marcela Ayres
BRAS?LIA (Reuters) - O Banco Central reconheceu mais sinais de fraqueza econ?mica, mas manteve o discurso de que precisa analisar com tempo suficiente o comportamento da atividade antes de eventual mudan?a na rota dos juros ao manter a Selic inalterada, nesta quarta-feira, na m?nima hist?rica de 6,5 por cento.
Em sua decis?o, o BC ressaltou que, 'embora o risco associado ? ociosidade dos fatores de produ??o tenha se elevado na margem, o balan?o de riscos para a infla??o mostra-se sim?trico'.
Sob o comando de Roberto Campos Neto, o BC j? tinha indicado que precisava de tempo para avaliar o cen?rio antes de eventual altera??o na condu??o da pol?tica monet?ria ap?s apontar que seu balan?o de riscos para a infla??o havia ficado equilibrado --antes, ele pendia para maior risco inflacion?rio.
Nesta quarta-feira, o BC deu mais detalhes do processo, ao assinalar, em trecho in?dito, que precisa ver uma diminui??o da incerteza a que economia brasileira segue submetida.
'O Comit? julga importante observar o comportamento da economia brasileira ao longo do tempo, com menor grau de incerteza e livre dos efeitos remanescentes dos diversos choques a que foi submetida no ano passado e, em especial, com redu??o do grau de incerteza a que a economia brasileira continua exposta', afirmou.
Especificamente sobre o ritmo da economia, o BC avaliou, em outro trecho novo, que 'indicadores recentes da atividade econ?mica sugerem que o arrefecimento observado no final de 2018 teve continuidade no in?cio de 2019'.
'O cen?rio do Copom contempla retomada do processo de recupera??o gradual da atividade econ?mica', complementou.
A mensagem tem como pano de fundo uma lenta retomada da economia, com agentes sucessivamente revisando para baixo suas expectativas para a expans?o do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Na pesquisa Focus mais recente, essa estimativa passou a apenas 1,49 por cento, ap?s ter iniciado o ano por volta de 2,5 por cento.
Para o time da Rosenberg Associados, a manuten??o da Selic em 6,5 por cento continua sendo o cen?rio mais prov?vel daqui em diante.
'Por?m, se a frustra??o com o ritmo de atividade permanecer, passados os choques aos quais a economia foi submetida, e n?o forem notados sinais de recupera??o, poderemos ver uma altera??o do balan?o para assim?trico e, posteriormente, um movimento de corte de juros', escreveu em nota a clientes.
No front dom?stico, a reforma da Previd?ncia --considerada crucial para recolocar as contas p?blicas em ordem-- tamb?m segue em seus est?gios iniciais de tramita??o e, diante da aus?ncia de uma base pol?tica constitu?da no Congresso, h? incertezas quanto ? capacidade do governo de assegurar, com a proposta, a almejada economia de pelo menos 1 trilh?o de reais em uma d?cada.
'Acredito que qualquer perspectiva de mudan?a do comunicado s? vai ocorrer dentro de um contexto em que a reforma passe', afirmou o economista-chefe da Infinity, Jason Vieira, que tamb?m prev? a Selic em 6,5 por cento no restante do ano.
J? o economista Rafael Cardoso, do Daycoval Asset Management, avaliou que, no geral, o BC foi mais 'dovish' (inclinado a um eventual afrouxamento nos juros).
'Continuo vendo cortes de juros este ano, dado que acredito que a reforma deva andar, e Selic em 5,5 por cento em dezembro', disse.
INFLA??O APROPRIADA
No comunicado, o BC tamb?m afirmou que as diversas medidas de infla??o subjacente encontram-se em n?veis apropriados, contra 'apropriados ou confort?veis' anteriormente.
O BC j? tinha dito antes que a infla??o acumulada em 12 meses atingiria um pico em torno de abril ou maio, para depois recuar para patamar abaixo do centro da meta deste ano.
Embalado por uma alta nos pre?os de transportes, o ?ndice Nacional de Pre?os ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) acumulou avan?o de 4,71 por cento nos 12 meses at? abril. Para 2019, a meta oficial ? de um IPCA em 4,25 por cento, com margem de 1,5 ponto para mais ou para menos.
Em suas contas divulgadas nesta quarta-feira, o BC elevou a proje??o de infla??o para 2019 pelo cen?rio de mercado a 4,1 por cento, sobre 3,9 por cento em sua ?ltima proje??o, feita no Relat?rio Trimestral de Infla??o, no fim de mar?o. Para 2020, a estimativa foi mantida em 3,8 por cento.
O IBGE divulga na sexta-feira o IPCA de abril.
CEN?RIO EXTERNO
Quanto ao cen?rio externo, marcado nos ?ltimos dias por renovadas tens?es acerca de uma guerra comercial entre Estados Unidos e China, o BC apontou a perman?ncia de um quadro desafiador.
'Por um lado, os riscos associados ? normaliza??o das taxas de juros em algumas economias avan?adas mostram-se reduzidos no curto e m?dio prazos. Por outro lado, os riscos associados a uma desacelera??o da economia global permanecem', disse.
Escrito por Redação
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