BC não tem afrouxamento quantitativo como política monetária na cabeça, diz diretor
Publicada em
Atualizada em
Por Marcela Ayres
BRAS?LIA (Reuters) - O Banco Central n?o tem afrouxamento quantitativo --ou quantitative easing (QE)-- como pol?tica monet?ria na cabe?a, afirmou nesta sexta-feira o diretor de Pol?tica Econ?mica da autarquia, Fabio Kanczuk, indicando que a autoriza??o dada pelo Congresso para que o BC compre t?tulos p?blicos ser? usada com parcim?nia.
Em live promovida pelo UBS, ele afirmou que o BC acredita que h? formas mais efetivas de agir atrav?s da parte curta da curva de juros.
Ao ser questionado se o BC estaria disposto a usar o QE como ferramenta adicional de pol?tica monet?ria, j? que a infla??o n?o est? convergindo ? meta, ele respondeu que n?o.
Aprovada pelo Congresso, a Proposta de Emenda ? Constitui??o (PEC) do Or?amento de Guerra abriu a possibilidade de o BC atuar na crise na compra de t?tulos p?blicos. Com isso, o BC ganhou autoriza??o para potencialmente imprimir dinheiro, financiando a aquisi??o de pap?is emitidos pelo Tesouro.
Kanczuk ponderou que o Brasil carrega um pr?mio de risco ligado a sua situa??o fiscal e n?o h? como impedir o mercado de expressar esse pr?mio de risco na curva.
'Se eu fizer QE, se eu tirar o pr?mio da curva na for?a, esse pr?mio incluindo a quest?o fiscal, o que vai acontecer ? que isso vai se refletir em algum outro ativo financeiro, mais notadamente o pr?prio c?mbio', afirmou ele.
Bastante questionado sobre um limite efetivo m?nimo para a taxa b?sica de juros brasileira, o diretor pontuou que, no Brasil, a discuss?o sobre o chamado 'lower bound' leva em conta que a queda dos juros vai continuar tendo o mesmo efeito de elevar a infla??o --parte disso via c?mbio e por meio de seu impacto na atividade econ?mica.
Com juros reduzidos, o pa?s torna-se menos atrativo para os investidores em renda fixa, o que reduz o fluxo de moeda estrangeira entrando no pa?s, contribuindo para uma desvaloriza??o do c?mbio.
Trata-se, de acordo com Kanczuk, muito mais de uma gest?o de risco, com a preocupa??o de o c?mbio eventualmente desorganizar a economia. Isso porque uma alta acentuada e abrupta do d?lar pode colocar em risco a estabilidade financeira, batendo diretamente no balan?o das empresas que n?o t?m hedge suficiente.
'O Banco Central tem bastante dado e monitora com muita aten??o essa quest?o de estabilidade das empresas e sensibilidade ao c?mbio, n?o est? vendo absolutamente nenhum problema, tudo est? parecendo ?timo, mas ? uma quest?o de risco, do quanto voc? quer apertar esse bot?o sabendo que a partir de certo ponto ningu?m tem certeza de como ser? a rea??o', afirmou.
Ainda sobre o limite para a queda dos juros sem que o novo patamar cause instabilidade nos mercados financeiros, ele afirmou que a principal mensagem do Comit? de Pol?tica Monet?ria (Copom) ? de que ? preciso ter uma cautela muito maior que a usual nesse momento.
'A partir daquele ponto, tenho que come?ar a levar os riscos em conta de forma muito expressiva. Tenho que ir testando os meus limites de forma mais suave', disse Kanczuk.
'Posso ir testando algumas coisas e vendo como elas se comportam. N?o ? que voc? de repente vai pular para algum equil?brio que seja radicalmente diferente, ? s? que voc? tem que ter muito mais cautela', completou.
Na ata da sua ?ltima reuni?o, o Copom reduziu a taxa de juros em 0,75 ponto, para 3% ao ano, e disse que considerava um novo corte de at? igual magnitude para sua pr?xima reuni?o, em junho. Mas ressaltou que 'novas informa??es sobre os efeitos da pandemia, assim como uma diminui??o das incertezas no ?mbito fiscal', seriam essenciais para definir seus pr?ximos passos.
C?MBIO
Em rela??o ao c?mbio, Kanczuk disse que o BC avalia ter as ferramentas necess?rias para intervir no mercado em caso de disfuncionalidades via swaps, reservas e linhas, e n?o considera ser necess?rio outro instrumento para tanto.
'A gente se v? muito bem preparado pelo pr?prio estoque de reservas, e isso deve ser super claro, para conseguir resolver esse tipo de problema (de disfuncionalidade no c?mbio). N?o ? necess?rio algum outro instrumento', afirmou.
Sobre o efeito do repasse cambial (pass through) na infla??o, ele frisou que o BC v? esse ponto como premente e est? prestando 'aten??o imensa' a ele.
Se em outros momentos a queda forte das commodities cancelou esse efeito da alta do d?lar nos pre?os dom?sticos, Kanczuk ressaltou que nas ?ltimas semanas houve comportamento 'bem distinto' das commodities, que subiram.
'Leitura do Copom ? que o 'pass through' est? vivo, controlado pelas commodities, e a gente sempre tem que levar isso em considera??o quando pensa na pol?tica monet?ria', afirmou.
Escrito por Reuters
SALA DE BATE PAPO