BC reduz projeção de expansão do PIB em 2019 a 0,8% por ausência de sinais de recuperação
Publicada em
Atualizada em
Por Isabel Versiani
BRAS?LIA (Reuters) - O Banco Central reduziu sua proje??o de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2019 para 0,8%, de uma estimativa anterior em mar?o de expans?o de 2,0%, mas n?o alterou sua mensagem de condicionar novos cortes de juros a avan?os na reforma da Previd?ncia.
No Relat?rio Trimestral de Infla??o divulgado nesta quinta-feira, o BC atribuiu o corte expressivo na proje??o para o PIB ? retra??o da atividade no primeiro trimestre e ? aus?ncia de sinais n?tidos de recupera??o nos primeiros indicadores divulgados para o segundo trimestre.
O BC tamb?m citou o recuo dos indicadores de confian?a de empresas e consumidores, destacando os impactos sobre as perspectivas de consumo e investimento, e salientou que a economia segue operando com elevado n?vel de ociosidade dos fatores de produ??o.
Com a redu??o da proje??o, o BC segue a leitura do mercado, que vem repetidamente revisando para baixo seu cen?rio para a economia. A ?ltima pesquisa Focus, feita pelo BC junto a economistas, aponta um crescimento de 0,87% no ano.
A expectativa do BC para a ind?stria em 2019 foi reduzida a um crescimento de apenas 0,2%, de 1,8% antes, re?etindo recuos nas expectativas de crescimento para todos os segmentos do setor, exceto produ??o e distribui??o de eletricidade, g?s e
?gua.
O setor de servi?os tamb?m teve seu cen?rio piorado, a um crescimento de 1,0% sobre 2,0% em mar?o. Por outro lado, o BC praticamente manteve as expectativas para a agropecu?ria, vendo expans?o de 1,1% em 2019 de 1,0% antes.
J? o consumo das fam?lias deve crescer na vis?o do BC 1,4% no ano, uma redu??o sobre a expectativa de 2,2% no relat?rio anterior. A proje??o para o crescimento da Forma??o Bruta de Capital Fixo (FBCF) passou de 4,3% para 2,9%, enquanto o consumo do governo dever? crescer 0,3%, sobre 0,6% visto em mar?o.
O BC j? havia estimado nesta semana que a economia brasileira deve ficar perto da estabilidade neste segundo trimestre, com uma 'n?tida' interrup??o em seu processo de recupera??o como reflexo de uma mudan?a na din?mica da atividade depois do segundo trimestre de 2018.
POL?TICA MONET?RIA
No relat?rio, o BC ainda manteve suas proje??es para a infla??o em rela??o ao divulgado na ?ltima reuni?o do Comit? de Pol?tica Monet?ria (Copom). Em cen?rio que considera trajet?rias de juros e c?mbio previstas pelo mercado, o BC v? infla??o de 3,6% em 2019 e de 3,9% em 2020. As metas para o ano s?o de 4,25% e 4,0%, respectivamente, com margem de toler?ncia de 1,5 ponto percentual.
Em cen?rio que considera juros e c?mbio constantes, a estimativa ? de infla??o de 3,6% em 2019 e de 3,7% em 2020.
No relat?rio, o BC reiterou avalia??o da ata do Copom de que o cen?rio b?sico de infla??o aponta que o n?vel de ociosidade elevado pode continuar produzindo trajet?ria prospectiva abaixo do esperado e que eventual frustra??o das expectativas para reformas pode afetar pr?mios de risco e elevar a trajet?ria da in?a??o.
'O Comit? avalia que o balan?o de riscos para a in?a??o evoluiu de maneira favor?vel, mas entende que, neste momento, o risco (das reformas) ? preponderante', refor?ou o BC no relat?rio.
Para Alberto Ramos, diretor do departamento de pesquisas econ?micas do Goldman Sachs para a Am?rica Latina, as proje??es de infla??o do BC e algumas avalia??es que ele considerou 'dovish' (favor?veis ao afrouxamento monet?rio) acrescentadas ao relat?rio sugerem que o Copom pode considerar um corte de juros no curto prazo, mas 'particularmente se houver progresso tang?vel na aprova??o de reformas, particularmente da Previd?ncia'.
'Essencialmente, parece que nesse momento, dados os recentes desenvolvimentos dom?sticos e externos, ? a incerteza em torno da perspectiva para as reformas e os riscos associados de fracasso nos avan?os das reformas necess?rias que est?o detendo o Copom de adicionar mais est?mulo monet?rio ? economia', afirmou Ramos em relat?rio a clientes.
Nesta manh?, deputados decidiram adiar a leitura da complementa??o de voto do relator da proposta de reforma da Previd?ncia, Samuel Moreira (PSDB-SP), enquanto buscam uma solu??o sobre a extens?o das novas regras de aposentadoria a Estados e munic?pios.
A reuni?o da comiss?o especial que discute a mat?ria na C?mara nesta quinta, quando ocorreria a leitura do complemento do parecer, foi cancelada, e, segundo a assessoria do relator, a apresenta??o do voto complementar s? deve ocorrer na pr?xima semana.
Na ?ltima reuni?o do Copom, na semana passada, o colegiado deixou a taxa de juros inalterada em 6,5% ao ano pela d?cima reuni?o consecutiva. O colegiado volta a se reunir no final de julho.
Escrito por Redação
SALA DE BATE PAPO