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BC reduz Selic a 4,25% e indica fim do ciclo de cortes

Placeholder - loading - Sede do Banco Central em Brasília 23/09/2015 REUTERS/Ueslei Marcelino
Sede do Banco Central em Brasília 23/09/2015 REUTERS/Ueslei Marcelino

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Por Marcela Ayres

BRAS?LIA (Reuters) - O Banco Central reduziu nesta quarta-feira a Selic em 0,25 ponto percentual ? nova m?nima hist?rica de 4,25% ao ano, e indicou expressamente o fim do atual ciclo de cortes na taxa b?sica de juros, em meio ? leitura de que os ajustes j? feitos ainda v?o surtir efeito na economia.

A decis?o vem ap?s outros quatro cortes feitos na Selic anteriormente, de 0,5 ponto cada, a partir de julho do ano passado. Tamb?m veio acompanhada de uma piora na avalia??o sobre as medidas de infla??o subjacente --os n?cleos de infla??o, que desconsideram os pre?os mais vol?teis. Segundo o Copom, elas encontram-se em 'n?veis compat?veis com o cumprimento da meta de infla??o'. Antes, o BC considerava que eles estavam 'confort?veis'.

'O Copom entende que o atual est?gio do ciclo econ?mico recomenda cautela na condu??o da pol?tica monet?ria. Considerando os efeitos defasados do ciclo de afrouxamento iniciado em julho de 2019, o Comit? v? como adequada a interrup??o do processo de flexibiliza??o monet?ria', afirmou o BC, em comunicado.

'O Comit? enfatiza que seus pr?ximos passos continuar?o dependendo da evolu??o da atividade econ?mica, do balan?o de riscos e das proje??es e expectativas de infla??o, com peso crescente para o ano-calend?rio de 2021', acrescentou, indicando que mira com cada vez mais aten??o o pr?ximo ano.

Em seu balan?o de riscos, o BC frisou que o atual grau de est?mulo monet?rio, que atua com defasagens sobre a economia, pode elevar a trajet?ria da infla??o acima do esperado no horizonte relevante para a pol?tica monet?ria.

Numa novidade em rela??o ? comunica??o anterior, o BC promoveu como fator de risco para a press?o altista o aumento da pot?ncia da pol?tica monet?ria por conta das transforma??es na intermedia??o financeira e no mercado de cr?dito e capitais, numa prov?vel men??o ? maior participa??o do cr?dito livre na economia.

Para o economista-chefe do Banco Fator, Jos? Francisco de Lima, o aumento da import?ncia dada a essa vari?vel significa que ela pode ser vista 'como o fator de maior peso na decis?o de interromper o ciclo de queda da taxa b?sica'.

A deteriora??o do mercado externo para emergentes e uma frustra??o no andamento das reformas tamb?m podem atuar no sentido de pressionar a infla??o para cima, disse o BC.

Como risco baixista para a infla??o, o BC citou apenas a possibilidade de o n?vel de ociosidade elevado continuar produzindo uma trajet?ria prospectiva abaixo da esperada.

'Mantemos nossa expectativa que a taxa Selic permanecer? neste n?vel pelo menos at? o come?o de 2021. De fato, a atividade econ?mica segue fr?gil, insens?vel ? expans?o do cr?dito e ?s mudan?as no mercado monet?rio e financeiro, donde a expectativa de que se a Selic n?o cai, tamb?m n?o sobe', escreveu Lima, em nota a clientes.

EM LINHA COM O ESPERADO

Em pesquisa Reuters, 20 de 29 economistas j? previam um corte de 0,25 ponto nos juros b?sicos, enquanto 9 esperavam manuten??o da Selic em 4,5%.

A expectativa de que o BC daria prosseguimento ao ciclo de cortes nesta quarta-feira ganhou for?a ap?s dados econ?micos mais fracos que o esperado terem piorado a percep??o sobre a retomada da atividade no Brasil.

A produ??o industrial fechou 2019 no vermelho, com queda de 1,1% sobre 2018, ap?s dois anos seguidos de ganhos e sob a forte influ?ncia das perdas no setor extrativo devido ao rompimento da barragem de Brumadinho (MG).

No comunicado, o BC afirmou que os dados j? divulgados indicam continuidade do processo de recupera??o gradual da economia brasileira.

A infla??o, por sua vez, seguiu comportada apesar da alta no pre?o das carnes no fim do ano passado e do avan?o do d?lar frente ao real, movimento que em teoria poderia encarecer importados e acabar pressionando o IPCA para cima.

Na semana passada, temores sobre o coronav?rus motivaram uma disparada da moeda norte-americana a n?veis pr?ximos de 4,30 reais, em meio ao sentimento de risco com a epidemia chinesa e suas poss?veis implica??es para a economia global.

Em outras ocasi?es, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, j? chegou a dizer que o importante para a autoridade monet?ria ? como a alta do d?lar pode atingir os canais de expectativa de infla??o.

No comunicado desta quarta-feira, n?o houve men??o ao tema cambial. Sobre a cena externa, o BC destacou que 'apesar do recente aumento de incertezas', o cen?rio segue favor?vel para os emergentes com os juros baixos nas principais economias.

De qualquer forma, o BC indicou que, considerando os juros constantes no mesmo patamar e o c?mbio tamb?m constante em 4,25 reais, suas proje??es de infla??o situam-se em torno de 3,5% para o IPCA em 2020 e 3,8% para 2021 --no ?ltimo caso um pouco acima do centro da meta.

Para 2020, o alvo oficial para o IPCA ? de 4,0% e para 2021, de 3,75%, sempre com margem de toler?ncia de 1,5 ponto para mais ou para menos.

J? os economistas ouvidos pelo BC na mais recente pesquisa Focus estimam que o IPCA subir? 3,40% em 2020 e 3,75% em 2021.

O BC deixou de publicar no comunicado suas proje??es com base no cen?rio de mercado, que levava em conta a Selic e o c?mbio estimados na pesquisa Focus. Para o d?lar, por exemplo, esses n?meros est?o atualmente em 4,10 reais para o fim de 2020 e 4,05 reais em 2021.

O economista Marcos Ross, da XP Investimentos, ponderou que as estimativas com base no cen?rio de mercado vinham trazendo n?meros mais favor?veis ? leitura de afrouxamento monet?rio.

'O tom do comunicado foi bem duro, e o Copom precisava segurar o mercado, que vinha aumentando apostas em outros cortes de juros. Come?a a haver preocupa??o crescente com o cen?rio para 2021, para al?m da interrup??o do ciclo de flexibiliza??o monet?ria', afirmou ele.

(Com reportagem adicional de Jos? de Castro)

Escrito por Reuters

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