BC vê IPCA abaixo da meta em todos cenários até 2021 e aponta coronavírus como desinflacionário

Por Marcela Ayres

BRAS?LIA (Reuters) - O Banco Central projetou infla??o abaixo da meta em todos os seus cen?rios at? 2021 e destacou que os desenvolvimentos relacionados ? pandemia do coronav?rus tiveram 'papel fundamental' na queda das estimativas, com o mergulho no pre?o das commodities e perspectiva de fraqueza na economia anulando o impacto do d?lar mais caro.

'De um lado, a deprecia??o acentuada da taxa de c?mbio exerce press?es inflacion?rias. De outro lado, a redu??o nos pre?os de commodities, com destaque para o pre?o do petr?leo, exerce uma significativa press?o desinflacion?ria', disse o BC, em seu Relat?rio Trimestral de Infla??o.

'No mesmo sentido, a queda na atividade econ?mica global e o aumento da incerteza econ?mica afetam negativamente a demanda agregada, tamb?m exercendo papel desinflacion?rio', acrescentou.

Em todas as proje??es condicionais divulgadas pelo BC nesta quinta-feira, o IPCA termina 2020 e 2021 abaixo das metas de 4,0% e 3,75%, respectivamente. Nos dois casos, as metas t?m margem de toler?ncia de 1,5 ponto para mais ou para menos.

Os n?meros sugerem que um corte adicional da Selic, portanto, n?o amea?aria o atingimento dos objetivos do BC.

No cen?rio com Selic e c?mbio da pesquisa Focus, o c?lculo do BC aponta um IPCA em 2,6% neste ano e 3,2% no ano que vem. Os c?lculos consideram taxa de juros em 3,75% ao fim de 2020 e 5,25% em 2021, com d?lar a 4,35 reais em 2020 e 4,20 em 2021.

Mesmo considerando o d?lar constante em 4,75 reais e a Selic da pesquisa Focus, a perspectiva para o IPCA continua abaixo da meta, ficando em 3,0% neste ano e 3,6% em 2021.

Em rela??o ? condu??o da pol?tica monet?ria, o BC reiterou mensagem de que v? como adequada a manuten??o da taxa Selic em seu novo patamar, de 3,75% ao ano, mas destacando que a maior vari?ncia de riscos e novas informa??es sobre a conjuntura econ?mica ser?o essenciais para definir seus pr?ximos passos.

Diante do cen?rio negativo descortinado pelo coronav?rus, o BC apontou que as proje??es de curto prazo para a infla??o foram significativamente influenciadas pelas cota??es de commodities, em especial pela forte retra??o nos pre?os internacionais de petr?leo, com reflexos r?pidos sobre os pre?os dom?sticos de combust?veis.

'As implica??es da pandemia sobre o segmento de servi?os, notadamente sobre os pre?os de passagens a?reas, provavelmente ir?o se refletir nas leituras mensais de infla??o, sobretudo a partir de maio', frisou a autoridade monet?ria.

De acordo com o BC, as medidas de infla??o subjacente --que desconsideram pre?os mais vol?teis-- est?o em n?veis compat?veis com o cumprimento da meta de infla??o no horizonte relevante para a pol?tica monet?ria.