BNDES quer atrair investidores para gasodutos que escoarão gás do pré-sal

Por Luciano Costa

S?O PAULO (Reuters) - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econ?mico e Social (BNDES) pretende liderar a estrutura??o de um modelo que viabilize a constru??o de gasodutos para escoar a produ??o futura de g?s de campos do pr?-sal, o que al?m do financiamento das obras incluir? a busca por investidores para os empreendimentos, disse ? Reuters uma superintendente do banco.

A estatal Empresa de Pesquisa Energ?tica (EPE) realizou estudo segundo o qual est?o em avalia??o ao menos sete alternativas para tr?s rotas de gasodutos vistos como necess?rios para levar o g?s ? costa ap?s 2026, quando estima-se que a oferta superar? a capacidade da infraestrutura existente.

Os projetos listados pela EPE demandariam mais de 9 bilh?es de reais, mas especialistas t?m levantado d?vidas sobre quem realizaria os aportes, em meio a uma vis?o de que empresas de ?leo e g?s provavelmente prefeririam concentrar recursos e esfor?os na mais lucrativa explora??o de ?leo e g?s.

Al?m disso, outros potenciais investidores dificilmente se comprometeriam com esses vultosos desembolsos sem garantias de receita ou mesmo da exist?ncia de um mercado para todo o volume de g?s previsto.

'Estamos discutindo com v?rios atores, de maneira que a gente consiga chegar a um modelo ideal. O perfil desse investidor, quem ser? esse investidor, ou investidores, ? exatamente o que est? em pauta', disse a superintendente da ?rea de energia do BNDES, Carla Primavera.

'At? hoje essas infraestruturas foram realizadas pela Petrobras, e entendemos que, dentro da abertura do mercado, ? pertinente a gente fomentar a estrutura??o de um projeto que tenha uma infraestrutura de g?s compartilhada', acrescentou ela, em refer?ncia ao programa Novo Mercado de G?s, do governo federal, que visa fomentar a oferta e a competi??o no setor para reduzir pre?os.

No momento, o banco de fomento tem discutido a ideia com diversos agentes, incluindo empresas de ?leo e g?s, investidores institucionais e outras empresas, como grandes consumidores do combust?vel.

Com isso, o BNDES espera chegar ? composi??o de um grupo que possa construir e operar os gasodutos, por meio de uma Sociedade de Prop?sito Espec?fico (SPE).

'Nossa ideia ? atrair capital privado e m?ltiplos investidores para esses projetos', disse Carla.

'Entendemos que, se o estudo for bem feito, o financiamento pode vir n?o s? do BNDES, como de diversos outros atores. ? um investimento de grande porte, ent?o a gente entende que tem capacidade inclusive de atrair mercado privado para o financiamento dessa infraestrutura, e o banco pode ancorar esse financiamento', explicou.

Ela n?o apontou quantos gasodutos est?o previstos ou o investimento avaliado como necess?rio, mas disse que o estudo da EPE sobre as alternativas de escoamento est? entre os materiais levados em considera??o nas discuss?es.

Segundo Carla Primavera, a recep??o de agentes do setor aos planos do BNDES tem sido boa.

'A gente tem sentido muito interesse. Acho que o mercado de g?s tem atra?do muito interesse e essa ? uma bela oportunidade de potencializar investimentos no pa?s', disse, sem detalhar eventuais interessados.

Os gasodutos necess?rios para escoar a oferta de g?s de campos em ?reas do pr?-sal das bacias de Santos e Campos teriam entre 120 quil?metros e 370 quil?metros de extens?o cada, segundo as rotas apontadas no estudo da EPE.

A superintendente do banco n?o quis detalhar o cronograma previsto para a estrutura??o do projeto para os gasodutos.

?NCORAS

Um dos pontos cruciais para definir a rota ideal dos gasodutos e viabiliz?-los ? o pr?prio destino a ser dado ao g?s natural, uma vez que ser? preciso criar mercados para a enorme oferta esperada do insumo de forma a atrair investidores para a infraestrutura de transporte.

Muitos analistas t?m defendido que a constru??o de termel?tricas a g?s seria essa ?ncora necess?ria, uma vez que as usinas poderiam fechar a compra do combust?vel em contratos de longo prazo, mas essa sa?da precisaria estar alinhada ao planejamento energ?tico do pa?s, destacou Carla.

'Realmente, ? uma demanda potencial, mas entendemos que esse tema das t?rmicas tem que conversar muito bem com a pol?tica energ?tica do pa?s e todo o planejamento do regulador em rela??o a isso', afirmou.

Em paralelo, o BNDES tem estudado ainda outros setores que poderiam absorver a oferta de g?s.

'Existe uma demanda j? bem mapeada pelo banco, que ? industrial e veicular', disse a superintendente, que citou como exemplo os segmentos qu?mico, petroqu?mico, de fertilizantes e siderurgia.

A mineradora Vale, por exemplo, poderia investir em um projeto para fabrica??o de um produto para siderurgia que permite redu??o de emiss?es caso o plano do governo para o g?s de fato reduza significativamente os custos do insumo, disseram ? Reuters fontes com conhecimento da estrat?gia.