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Boeing desiste de acordo e Embraer acusa empresa de 'falsas alegações'

Placeholder - loading - 21/10/2019. REUTERS/David Becker
21/10/2019. REUTERS/David Becker

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Por Marcelo Rochabrun e Tim Hepher e Tatiana Bautzer

S?O PAULO/PARIS (Reuters) - A Boeing cancelou o acordo de compra do controle da divis?o de jatos comerciais da Embraer por 4,2 bilh?es de d?lares, o que dever? levar a uma batalha legal entre as empresas, com a fabricante brasileira afirmando que a companhia norte-americana rescindiu o contrato indevidamente.

'H? v?rios meses temos mantido negocia??es produtivas a respeito de condi??es do contrato que n?o foram atendidas mas, em ?ltima inst?ncia, essas negocia??es n?o foram bem-sucedidas', disse Marc Allen, presidente da Boeing para a parceria com a Embraer, em comunicado ? imprensa. 'O objetivo de todos n?s era resolver as pend?ncias at? a data de rescis?o inicial, o que n?o aconteceu?, acrescentou.

Horas ap?s a manifesta??o da Boeing, a Embraer respondeu afirmando em um duro comunicado ? imprensa que o cancelamento da transa??o ocorreu com a companhia norte-americana fazendo 'falsas alega??es'.

'A empresa buscar? todas as medidas cab?veis contra a Boeing pelos danos sofridos como resultado do cancelamento indevido e da viola??o do MTA (acordo inicial entre as empresas)', afirmou a Embraer sem citar valores. 'A Embraer acredita que est? em total conformidade com suas obriga??es previstas no MTA e que cumpriu todas as condi??es necess?rias' at? o prazo de sexta-feira.

A companhia brasileira afirmou ainda que 'a Boeing rescindiu indevidamente o MTA e fabricou falsas alega??es como pretexto para tentar evitar seus compromissos de fechar a transa??o e pagar ? Embraer o pre?o de compra de 4,2 bilh?es de d?lares'.

Segundo a Embraer, a Boeing agiu esta maneira por causa de '? falta de vontade em concluir a transa??o, sua condi??o financeira, ao 737 MAX e outros problemas comerciais e de reputa??o'.

DESDE 2018

O fracasso nas discuss?es interrompe planos da Boeing para ampliar sua atua??o no mercado de avia??o regional depois que a rival Airbus comprou as opera??es da rival da Embraer, Bombardier, no segmento.

Em julho de 2018, a Boeing acertou um acordo inicial para comprar 80% da ?rea de avia??o comercial da Embraer para fazer frente ? Airbus no mercado de avi?es para at? 150 passageiros e acessar uma nova base de engenharia e manufatura de baixo custo.

A perspectiva de rompimento dos grupos foi reportada pela Reuters na sexta-feira, ?ltimo dia para que as empresas chegassem a um acordo definitivo.

No s?bado, pouco antes da Boeing confirmar o cancelamento do acordo, fontes afirmaram ? Reuters que a companhia norte-americana havia comunicado ? Embraer sua recusa em ampliar o prazo de negocia??es.

Fontes pr?ximas do assunto afirmaram que a Boeing levantou obje??es sobre financiamento e quest?es legais da transa??o, o que a Embraer considerou como uma tentativa deliberada da companhia norte-americana para for?ar o fim do neg?cio.

'A Boeing foi duramente atingida pela crise do coronav?rus e encontrou mecanismos para quebrar o contrato', disse uma fonte no Brasil com conhecimento direto das discuss?es.

Outras fontes afirmaram que a disputa girou em torno do valor que a Embraer tinha investido na unidade de avia??o comercial na expectativa de um acerto final com a Boeing, bem como o progresso de cumprimento de condi??es t?cnicas e jur?dicas.

Uma fonte nos Estados Unidos negou que a Boeing deliberadamente cancelou o acordo e afirmou que a Embraer sabia h? mais de um ano sobre o prazo e das v?rias condi??es para implementa??o do neg?cio.

E enquanto a transa??o recebeu aprova??o de autoridades de defesa da concorr?ncia de v?rios pa?ses, inclusive do Brasil, a Uni?o Europeia definiu prazo at? o final de agosto para se manifestar sobre a transa??o.

FUNDAMENTAL PARA O FUTURO

A diretoria da Embraer defendia h? anos o acordo, afirmando que ele era fundamental para garantir o futuro da companhia, principalmente ap?s a aquisi??o das opera??es de avia??o regional da Bombardier pela Airbus.

'A Boeing exerceu seu direito de rescindir ap?s a Embraer n?o ter atendido as condi??es necess?rias', afirmou a companhia norte-americana no comunicado. '? uma decep??o profunda. Entretanto, chegamos a um ponto em que continuar negociando dentro do escopo do acordo n?o ir? solucionar as quest?es pendentes', acrescentou Allen.

A Embraer incorreu com uma s?rie de custos para separar os neg?cios de avia??o comercial para que a Boeing pudesse exercer o controle sobre ela. No in?cio deste ano, a companhia brasileira pagou as despesas para todos os funcion?rios tirarem f?rias coletivas de duas semanas para preparar a empresa para a conclus?o do neg?cio.

O sindicato dos metal?rgicos de S?o Jos? dos Campos (SP), principal base produtiva da Embraer, citou dados do balan?o da companhia brasileira de 2019 para afirmar em comunicado neste s?bado que o processo de venda custou ? empresa 485 milh?es de reais. 'Exigimos que este preju?zo seja ressarcido pela Boeing.'

'Defendemos que o governo brasileiro cumpra o seu papel em favor da nossa soberania e reestatize a Embraer para que, diante dos efeitos colaterais a serem provocados pela ruptura do acordo, agravados pelas consequ?ncias econ?micas causadas pela pandemia do coronav?rus, os empregos e direitos dos trabalhadores sejam preservados integralmente', defendeu a entidade.

Escrito por Reuters

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