Bolsonaro ouve de líderes que sem mudar BPC e aposentadoria rural, reforma da Previdência não anda

Por Lisandra Paraguassu

BRAS?LIA (Reuters) - Em sua primeira reuni?o com l?deres da C?mara, o presidente Jair Bolsonaro ouviu dos deputados que o governo precisa desde j? indicar que aceita mudar os artigos da reforma da Previd?ncia que tratam do Benef?cio de Presta??o Continuada (BPC) e das aposentadorias rurais ou a proposta ter? dificuldades de andar no Congresso.

Desde a apresenta??o, na semana passada, parlamentares avaliaram como complicadas as propostas nessas duas ?reas. Uma lideran?a chegou a dizer ? Reuters que essas medidas alienavam boa parte da bancada da regi?o Nordeste.

'J? est? claro que o BPC n?o passa. Parte rural inteira tamb?m. H? um sentimento geral que do jeito que est? n?o vinga', disse o l?der do PPS, Daniel Coelho (PE). 'Esperamos que isso seja tratado logo para que possamos avan?ar em outras quest?es.'

Bolsonaro recebeu pela primeira vez, nesta ter?a, 19 l?deres de partidos que se consideram independentes, mas que t?m mais simpatia pelo governo e tamb?m pela proposta de reforma da Previd?ncia. Estavam ainda no encontro o presidente da C?mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), al?m da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), apontada neste encontro como l?der do governo no Congresso.

De acordo com os parlamentares presentes, Bolsonaro mais ouviu do que falou. Mas sinalizou que o governo est? aberto a modifica??es no projeto.

'A frase do presidente foi: 'a reforma boa n?o ? a minha, n?o ? a de voc?s, ? aquela que vai ser aprovada pelo Congresso'', contou Joice ao final da reuni?o.

A ala pol?tica do governo admite j? a necessidade de alterar o projeto. No entanto, falta convencer a equipe econ?mica. At? agora, o ministro da Economia, Paulo Guedes, defende a aprova??o integral das medidas, baseando-se no valor previsto de economia que o governo prev? com a reforma de mais de 1 trilh?o de reais em 10 anos.

Guedes foi chamado para um almo?o com Maia, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e Joice Hasselmann para come?ar a discutir os pontos j? levantados pelos parlamentares e onde ? poss?vel ceder.

'Amanh? vamos ter essa conversa sobre v?rios temas da reforma', confirmou a l?der do governo.

Outra cobran?a ouvida pelo presidente foi de que a proposta de reforma dos militares seja encaminhada logo para o Congresso. Ao apresentar a reforma, o governo deixou de enviar o projeto de lei que altera a Previd?ncia dos militares, o que incomodou os parlamentares, apesar de que isso seria feito por volta de 20 de mar?o.

'Foi feita uma cobran?a para que a proposta para os militares seja encaminhada o quanto antes', relatou o l?der do PMN, Eduardo Braide (MA).

A cobran?a no Congresso ? que a reforma n?o vai andar enquanto a proposta que envolve os militares n?o chegar.

'Eles n?o sinalizaram nada, mas vai ter que vir. Se n?o enviarem, n?o tem tramita??o, n?o vai rolar', disse o l?der do PSC, Paulo Martins (PR). 'N?o tem a op??o de n?o mandar. Vai ter que tramitar junto.'

COMUNICA??O

Outro pedido que foi feito a Bolsonaro ? de que o presidente comece a participar da defesa da reforma da Previd?ncia. Foi lembrado a ele que sua capacidade de mobilizar as redes sociais ? considerada o ponto central da sua elei??o, e que isso precisa ser usado em defesa da reforma.

De acordo com os parlamentares, Bolsonaro disse a eles que j? fez uma reuni?o com sua equipe e que come?ar? a usar suas redes sociais em defesa da reforma da Previd?ncia.

De acordo com uma fonte, a inten??o ? que Carlos Bolsonaro, o filho do presidente que coordenou suas m?dias sociais durante a campanha eleitoral, assuma essa fun??o tamb?m agora em defesa da reforma. Nesta ter?a, Carlos usou as suas redes para defender a proposta.