Bolsonaro reduz tensão com partidos, mas não garante apoio formal ao governo
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Por Lisandra Paraguassu
BRAS?LIA (Reuters) - Depois de reuni?es com seis presidentes de partidos nesta quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro conseguiu diminuir a tens?o, mas n?o obteve dos l?deres partid?rios a promessa de apoio incondicional ? proposta de reforma da Previd?ncia e nem de participarem da base de apoio do governo.
Ao deixar o encontro com Bolsonaro, os presidentes defenderam a reforma, mas apontaram pontos que desejam ver alterados --em especial as j? conhecidas quest?es das mudan?as no Benef?cio de Presta??o Continuada (BPC) e na aposentadoria rural.
'O PSDB tem uma postura de independ?ncia em rela??o ao governo, n?o h? nenhum tipo de troca, n?o participaremos do governo, n?o aceitamos cargos no governo', disse o presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, ao sair do encontro no Pal?cio do Planalto.
O ex-governador de S?o Paulo disse ainda que o partido ir? defender a reforma, mas n?o ir? fechar quest?o. Votar? pela proposta desde que alguns ajustes sejam feitos. Al?m do BPC e da aposentadoria rural, Alckmin afirmou que o PSDB n?o dar? seu voto para aprovar nenhum benef?cio que fique abaixo do sal?rio m?nimo.
'O PSDB tem compromisso com a reforma, mas dentro desses par?metros?, afirmou.
Primeiro a ser recebido, o presidente do PRB, Marcos Pereira (SP), disse ? Reuters que o partido se manter? independente, mas ir? colaborar quando necess?rio, como na reforma da Previd?ncia.
'Eu n?o quero cargo, o partido n?o quer cargo. Eu quero ? ser atendido. N?o ? quest?o de velha ou nova pol?tica, ? uma quest?o de pol?tica. Os deputados v?o levar demandas leg?timas, precisamos de respostas, nem que sejam um n?o', disse.
Pereira, que tamb?m ? vice-presidente da C?mara, contou que a conversa foi boa e que Bolsonaro elogiou sua honestidade e disse que gosta de quem n?o vem com 'bl? bl? bl?'. Perguntado se as conversas ir?o ajudar o governo a resolver o problema de articula??o, disse que depende da atitude do governo.
'Vai depender se eles atenderem as demandas leg?timas dos parlamentares', afirmou.
Tamb?m sobre a reforma, Pereira afirmou que o partido defende a proposta, acha necess?ria, mas que alguns temas --como BPC e Aposentadoria rural-- n?o podem ser votados como est?o.
Segundo presidente partid?rio a ser recebido por Bolsonaro, Gilberto Kassab, do PSD, tamb?m disse que o partido n?o fechar? quest?o, em respeito ? posi??o pessoal de seus parlamentares e ? tradi??o da sigla, mas apoiar? o texto porque a reforma faz parte do programa do PSD.
'O partido tem uma posi??o muito clara com a sua independ?ncia em rela??o ao governo, essa posi??o continuar?', disse Kassab.
O l?der do partido no Senado, Otto Alencar (BA), explicou que o PSD tamb?m espera mudan?as em rela??o ao BPC, aposentadoria rural e em rela??o a outra quest?o, a capitaliza??o, ponto-chave da reforma para a equipe econ?mica liderada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
'A capitaliza??o tem que ser um piso, e n?o pode ter capitaliza??o sem contribui??o patronal, n?o tem como', defendeu o senador.
O DEM, que hoje j? tem tr?s ministros no governo --Casa Civil, Sa?de e Agricultura--, mesmo sem uma ades?o formal, foi o que chegou mais perto de admitir que poder? fazer parte da base, posi??o defendida pelo governador de Goi?s, Ronaldo Caiado, que participou de um almo?o com Bolsonaro e o presidente do partido, ACM Neto.
'Ser base, formalmente ou n?o, ? algo que pode acontecer, com absoluta naturalidade, no momento que houver uma delibera??o da Executiva do partido. Mas eu entendo que a preocupa??o maior tanto do Democratas como do presidente Jair Bolsonaro n?o est? na formalidade, em dizer '? base ou n?o ? base', e sim em garantir que esse di?logo possa ser produtivo e facilite o andamento da agenda de reformas', afirmou Neto.
Presidente do MDB, Romero Juc?, tamb?m afirmou que o partido n?o quer ser parte da base.
'O MDB veio propor ao governo uma agenda econ?mica e social. O MDB n?o quer cargo e minist?rio', afirmou. 'O MDB n?o quer ser base, quer ter uma agenda.'
Tamb?m sobre Previd?ncia, Juc? afirmou que o partido n?o planeja fechar quest?o em nenhuma vota??o, mas ter? 'posi??es firmes', na C?mara e no Senado. Alguns pontos da reforma precisam ser mais discutidas, como as mudan?as nas regras do BPC, aposentadoria rural e o sistema de capitaliza??o.
Os presidentes foram un?nimes em dizer que Bolsonaro n?o fez convites formais de ades?o. As conversas se concentraram mais sobre o apoio ? reforma da Previd?ncia, mas portas foram abertas, disseram os l?deres partid?rios.
A l?der do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), afirmou que n?o ? um problema nesse momento os partidos n?o fazerem parte da base do governo, mas sim o compromisso com a reforma da Previd?ncia.
'Temos mais tempo para fechamento da base em outras quest?es. Nesse momento temos que fazer duas contas: uma que ? a aprova??o da nova Previd?ncia, e a? vale qualquer partido, inclusive da oposi??o. E uma outra conta ? a forma??o de uma base para aprova??o de outras quest?es', disse a l?der do governo.
J? ? noite, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que participou dos encontros, disse que os presidentes e l?deres de partidos foram convidados a participarem de um futuro conselho de governo, cuja ideia inicial ? que se re?na a cada 30 dias.
Onyx disse que todos concordaram 'que ? o momento da gente passar por cima das nossas diferen?as, passar por cima do que aconteceu no per?odo eleitoral' e relatou que Bolsonaro se desculpou por eventuais erros.
'O presidente, com a sua humildade, se desculpou de uma canelada aqui, uma canelada acol?, e a gente vai construir sim uma coisa que ? muito importante: unir todos os que s?o verde e amarelos a favor do Brasil?, disse o ministro a jornalistas.
Tamb?m ? noite, Bolsonaro, em uma transmiss?o em uma rede social, agradeceu os l?deres partid?rios pelos encontros e ressaltou mais uma vez que n?o houve negocia??o de cargos.
'Eu quero agradecer fervorosamente essas lideran?as pol?tico-partid?rias por esse momento que tivemos hoje', disse Bolsonaro. 'Nada foi tratado sobre cargos, nem por parte deles, nem por minha parte.'
Segundo o presidente, os l?deres partid?rios 't?m o perfeito discernimento de que querem colaborar, n?o com o governo, mas com o Brasil'.
Escrito por Redação
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