Brasil e Paraguai podem ter novo acordo sobre Itaipu em um mês, diz diretor brasileiro
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Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Conversas entre Brasil e Paraguai para um novo acordo sobre a contrata??o da energia da hidrel?trica binacional de Itaipu come?am nesta sexta-feira, disse ? Reuters o diretor-geral brasileiro da usina, Joaquim Silva e Luna, que espera ser poss?vel chegar a uma solu??o para o caso em um m?s.
Um acordo entre os dois pa?ses assinado em maio foi tornado sem efeito na quinta-feira, ap?s ter causado enorme repercuss?o no Paraguai, onde foi visto como favor?vel ao Brasil, o que levou pol?ticos locais a amea?arem buscar o impeachment do presidente paraguaio Mario Abdo.
Pelo acordo, o Paraguai se comprometia em elevar gradualmente o montante de energia que contrata de Itaipu entre 2019 e 2022, o que a imprensa paraguaia afirmou que geraria custos adicionais de 200 milh?es de d?lares para o pa?s.
No Brasil, por outro lado, o centro de estudos Acende Brasil defendeu que o acerto corrigia distor??es que vinham permitindo ao Paraguai reduzir custos com a energia da usina nos ?ltimos anos, em detrimento dos brasileiros.
Com as amea?as de impeachment, o Paraguai tomou a decis?o unilateral de cancelar os efeitos da ata assinada em 24 de maio, mas o recuo foi negociado previamente com o governo brasileiro. O presidente Jair Bolsonaro destacou seu bom relacionamento com Abdo e afirmou que n?o haveria problema em renegociar o acordo.
'Isso j? acabou. J? passou e j? ficou para tr?s e foi superado. Agora vamos conversar para chegar a bom termo e tenho certeza que vamos conseguir porque a discuss?o re?ne t?cnicos competentes dos dois lados', disse Silva e Luna em conversa por telefone. 'Estou querendo fechar isso at? o m?s que vem. Espero esse reequil?brio no m?ximo em um m?s.'
O diretor brasileiro de Itaipu afirmou que a discuss?o 'ser? t?cnica, e n?o pol?tica', e destacou que os interlocutores do pa?s nas negocia??es foram mantidos, apesar de grandes mudan?as do lado paraguaio, onde executivos de Itaipu e da estatal de energia ANDE renunciaram aos cargos em meio ? pol?mica dos ?ltimos dias.
Pelo tratado binacional sobre Itaipu, cada pa?s tem direto a metade da energia gerada pela usina, mas os paraguaios revendem boa parte de sua cota ao Brasil. Silva e Luna estima que hoje o Brasil fica com 85% da energia e o Paraguai com 15%.
O problema por tr?s da disputa reside na forma de contrata??o da energia. O Paraguai vinha declarando uma contrata??o junto a Itaipu em n?veis abaixo de seu consumo, o que permitia evitar custos que s?o repartidos entre os dois pa?ses de acordo com a energia requerida por cada um deles. Na pr?tica, essa manobra tamb?m permitia aos paraguaios atender sua demanda com excedentes de gera??o da usina, mais baratos.
Segundo Silva e Luna, esse ponto estar? na mesa na retomada das negocia??es.
'A orienta??o ? fazer um acordo justo. Isso significa que os paraguaios tem que contratar a energia que ? consumida... A ideia ? corrigir essa valor, mas ao longo do tempo, n?o pode ser do dia para noite, porque o impacto na energia (em custos) seria muito grande', afirmou.
'O fato ? que o Paraguai hoje leva muito mais energia que contrata. Essa ? uma prioridade das negocia??es. Encontrar o reequil?brio disso. Hoje eles contratam muito pouco para quantidade que levam de energia', frisou ele.
Silva e Luna ainda utilizou uma met?fora para descrever as conversas e disse esperar que seja poss?vel chegar a um consenso, com ambas as partes podendo ceder em alguns pontos.
'? como se fossem dois irm?os sentados na mesa, s? que um quer um peda?o de p?o maior que o outro. Briga de irm?o se resolve e teve um irm?o que cedeu muito, foi muito bonzinho', afirmou, em refer?ncia a acordos fechados durante o governo do presidente Luiz In?cio Lula da Silva que beneficiaram o Paraguai.
As conversas entre os pa?ses sobre Itaipu ainda acontecem a poucos anos do prazo estabelecido para a renegocia??o dos termos financeiros da hidrel?trica, conhecido como Anexo C do tratado binacional.
Escrito por Redação
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