Brasil receberá status de 'aliado preferencial fora da Otan' durante visita de Bolsonaro aos EUA
Brasil receberá status de 'aliado preferencial fora da Otan' durante visita de Bolsonaro aos EUA
Redação
14/03/2019
Por Lisandra Paraguassu e Anthony Boadle
BRAS?LIA (Reuters) - Os Estados Unidos ir?o conceder ao Brasil o status de 'aliado preferencial fora da Otan' durante a visita oficial do presidente Jair Bolsonaro na pr?xima semana, uma condi??o que permitir? ao pa?s entrar em uma lista com acesso especial a pol?ticas de coopera??o, transfer?ncia de tecnologia e recursos na ?rea de defesa, disseram ? Reuters fontes com conhecimento do assunto.
O acordo que levou ? decis?o norte-americana de elevar o status do Brasil para 'aliado preferencial fora da Otan' (MNNA, na sigla em ingl?s para 'major non-NATO ally') foi negociado desde o in?cio do ano.
Atualmente, 17 pa?ses possuem esse status. O Brasil ser? apenas o segundo pa?s da Am?rica do Sul a receber a designa??o. A Argentina, o primeiro, est? na lista desde 1998, mas nos ?ltimos anos n?o tem sido beneficiada pelo acordo. No ano passado, a Col?mbia se juntou ? Otan como parceira global.
O an?ncio oficial dever? ser feito durante o encontro de Bolsonaro com o presidente norte-americano, Donald Trump, na ter?a-feira, ?ltima parte da visita de tr?s dias do presidente brasileiro aos Estados Unidos. A Casa Branca n?o quis comentar.
De acordo com uma das fontes, a designa??o --dada apenas pelos Estados Unidos, e n?o pelos demais pa?ses do Organiza??o do Tratado do Atl?ntico Norte-- vai al?m da ret?rica e traz benef?cios reais ao pa?s no acesso a tecnologia de defesa, coopera??o e recursos e at? mesmo ao enorme mercado americano na ?rea.
Entre as possibilidades que se abrem para o pa?s est?, por exemplo, acesso preferencial para compra de equipamentos com isen??o de taxas, dentro da lei de exporta??o de armas dos Estados Unidos. Tamb?m ter? prefer?ncia para programas de coopera??o e treinamento, a receber gratuitamente ou a pre?o de custo equipamentos que as For?as Armadas n?o usam mais ou t?m em excesso, e poder? participar de licita??es.
Oficialmente, a Casa Branca e o Pal?cio do Planalto n?o comentam o assunto. Na quarta-feira, em um caf? da manh? com alguns jornalistas convidados, Bolsonaro afirmou que esperava fechar o acordo.
O novo status como aliado estrat?gico facilitar? a transfer?ncia de tecnologia no momento em que a ind?stria aeroespacial brasileira est? tentando criar uma nova rela??o com os Estados Unidos depois da planejada associa??o entre a Embraer e a Boeing.
No ano passado, o governo Trump embarcou em uma pol?tica de exporta??o de armas que visa ajudar as empresas de defesa norte-americanas para competir melhor contra os fabricantes russos e chineses.
Ainda na visita, os dois governos devem anunciar o acordo de salvaguardas para uso comercial da base de Alc?ntara, em uma solu??o para um imbr?glio de quase 20 anos. O acordo prev? que os Estados Unidos possam usar a base para o lan?amento de foguetes, mas n?o impede o acesso dos brasileiros ao local, apenas protege a tecnologia norte-americana de acesso restrito, de acordo com fontes que acompanharam o assunto.
A expectativa do governo brasileiro ? conseguir trazer para o pa?s uma parte dos 300 bilh?es de d?lares investidos anualmente no lan?amento de sat?lites atraindo empresas norte-americanas interessadas nos custos menores dos lan?amentos feitos em Alc?ntara.
Sem considerar a nova designa??o do Brasil, o aprofundamento das rela??es tem sido uma prioridade para militares norte-americanos.
'H? uma tremenda oportunidade para melhorar e fortalecer nossa parceria com o Brasil', disse o chefe do Comando Sul dos EUA, almirante Craig Faller, ? Reuters em uma entrevista no in?cio desta semana, sem abordar a poss?vel nova designa??o.
Faller disse que estava procurando maneiras 'pragm?ticas e pr?ticas' de aprofundar os la?os. Isso poderia incluir maior compartilhamento de informa??es e intelig?ncia, participa??o mais robusta em exerc?cios militares e mais interc?mbios educacionais, disse ele.
A maior coopera??o ocorre quando a administra??o Trump aumenta a press?o sobre o governo socialista de Nicol?s Maduro na Venezuela para que realize elei??es livres e trabalha em estreita colabora??o com Col?mbia e Brasil para enfrentar a crescente crise pol?tica e econ?mica do pa?s vizinho.
As For?as Armadas brasileiras e norte-americanas t?m cooperado desde a Segunda Guerra Mundial, quando o Brasil foi o ?nico pa?s da Am?rica Latina a enviar tropas para lutar com os aliados na Europa.
Os la?os esfriaram em 1977, quando a administra??o do ent?o presidente dos EUA, Jimmy Carter, imp?s um embargo de armas dos EUA sobre devido a viola??es de direitos pelo governo militar do Brasil.
(Reportagem adicional de Roberta Rampton e Phil Stewart, em Washignton)
Redação