Brasil registra déficit de US$7,9 bi nas transações correntes em outubro, pior que esperado

Por Marcela Ayres e Isabel Versiani

BRAS?LIA (Reuters) - O Brasil teve d?ficit em transa??es correntes de 7,874 bilh?es de d?lares em outubro, maior que o estimado por analistas, na esteira de um fraco resultado comercial no m?s, mostraram dados divulgados pelo Banco Central nesta segunda-feira.

Em pesquisa da Reuters, a expectativa era de um d?ficit menor, de 5,475 bilh?es de d?lares. O resultado apresentado pelo pa?s representou o pior para o m?s desde 2014 (-9,305 bilh?es de d?lares).

Em outubro, os investimentos diretos no pa?s (IDP) somaram 6,815 bilh?es de d?lares, tamb?m abaixo da proje??o de analistas de 7,5 bilh?es de d?lares.

De janeiro a outubro, o d?ficit em transa??es correntes alcan?ou 45,657 bilh?es de d?lares, crescimento de 41% sobre rombo de igual per?odo do ano passado. O patamar j? supera a ?ltima previs?o que o BC havia feito para o resultado de 2019 consolidado.

Para novembro, o BC projetou nesta segunda-feira um d?ficit em transa??es correntes de 5,8 bilh?es de d?lares, com investimentos diretos no pa?s de 7 bilh?es de d?lares.

No fim de setembro, o BC estimou que o buraco nas transa??es correntes seria de 36,3 bilh?es de d?lares neste ano, patamar que foi piorado ante proje??o anterior de um d?ficit de 19,3 bilh?es de d?lares.

O ajuste veio, principalmente, pela estimativa de maiores remessas de lucros e dividendos.

Mas nos 12 meses at? outubro, o d?ficit j? ? de 54,825 bilh?es de d?lares, equivalente a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) --pior dado para o acumulado em 12 meses desde dezembro de 2015 (-3,03%). Uma nova atualiza??o das proje??es do BC ser? feita em dezembro, no Relat?rio de Infla??o do ?ltimo trimestre do ano.

Em outubro, o dado das transa??es correntes foi principalmente afetado pela fraqueza da balan?a comercial, que veio positiva em apenas 490 milh?es de d?lares, contra super?vit de 5,348 bilh?es de d?lares no mesmo m?s de 2018.

No m?s, as remessas de lucros e dividendos subiram ligeiramente a 2,645 bilh?es de d?lares, ante 2,583 bilh?es de d?lares um ano antes.

Os gastos l?quido de brasileiros no exterior tamb?m mostraram pouca altera??o: 1,063 bilh?o de d?lares em outubro deste ano, pouco abaixo do n?vel de 1,148 bilh?o de d?lares de igual m?s do ano passado.

J? os investimentos dos estrangeiros em carteira no pa?s registraram o terceiro m?s consecutivo de sa?das l?quidas, com um fluxo negativo de 4,042 bilh?es de d?lares. No m?s, houve sa?das tanto de a??es e fundos de investimento (1,207 bilh?o de d?lares) como de t?tulos de d?vida (2,835 bih?es de d?lares).

REVIS?O 2018

O Banco Central revisou os dados das contas externas de 2018 para incorporar os resultados efetivos de lucros com investimentos apurados tanto por empresas brasileiras no exterior como por empresas estrangeiras no Brasil at? setembro do ano passado.

Com isso, o d?ficit das transa??es correntes no ano foi elevado para 41,5 bilh?es de d?lares, frente a um saldo negativo de 21,9 bilh?es de d?lares que vinha sendo considerado at? ent?o com base em estimativas dessas rentabilidades.

O chefe do Departamento de Estat?sticas do BC, Fernando Rocha, afirmou que a discrep?ncia entre o dado estimado pelo BC para as receitas de lucros com investimento direto (19 bilh?es de d?lares) e o fluxo efetivo (4,8 bilh?es de d?lares) refletiu o fato de a economia global ter tido, no ano passado, desempenho bastante desigual.

'A evolu??o da economia mundial foi muito diferente e afetou de formas distintas as rentabilidade das empresas do Brasil no exterior', afirmou, acrescentando que os resultados tamb?m s?o afetados por decis?es de reinvestimento sobre as quais o BC n?o tem informa??es pr?vias.

Desde novembro de 2018, contudo, as estat?sticas das contas externas passaram levar em conta os dados divulgados pelas empresas nas pesquisas Capitais Brasileiros no Exterior (CBE) --que t?m dados trimestrais preliminares-- e Censo de Capitais Estrangeiros no Pa?s.

Segundo Rocha, com isso a expectativa ? que os ajustes dos dados do balan?o de pagamentos passar?o a ser menos expressivos.