Brasil terá aumento de 2% moagem de cana em 19/20, mas teor de açúcar cairá, diz FCStone

Por Roberto Samora

S?O PAULO (Reuters) - A moagem de cana do Brasil dever? aumentar 2% na temporada 2019/20, para 633,6 milh?es de toneladas, estimou INTL FCStone, em momento em que a colheita no Nordeste/Norte est? prestes a come?ar, com um ligeiro atraso devido a mais chuvas ocorridas este ano.

A FCStone, em sua primeira estimativa para a safra do Norte/Nordeste, apontou um aumento de quase 5% na moagem de cana da ?rea, para 50,3 milh?es de toneladas em 2019/20, de acordo com informa??o antecipada ? Reuters.

Mas nem uma melhora na safra nordestina impulsionar? o panorama para a produ??o de a??car do Brasil, maior exportador global, j? que o pa?s tem destinado volumes recordes da mat?ria-prima para a produ??o de etanol e dever? colher uma safra com redu??o de quase 2% no A??car Total Recuper?vel (ATR), para 135 kg por tonelada de cana.

A produ??o brasileira de a??car foi projetada em 28,7 milh?es de toneladas na safra 2019/20, queda de 1% ante ciclo anterior, segundo a FCStone, que estima aumento de 3,4% na fabrica??o do ado?ante no Nordeste, para 2,63 milh?es de toneladas.

'No geral, vai ter aumento da moagem de cana, com uma redu??o geral do ATR. Essa tend?ncia de aumento da moagem e redu??o de ATR ? vista nas duas regi?es (centro-sul e Norte/Nordeste), assim como redu??o no mix a?ucareiro vemos nas duas regi?es', afirmou ? Reuters o analista Jo?o Paulo Botelho.

O total de cana destinada ao a??car cair? para 35,3% no Brasil, ante 35,7% na safra anterior. O restante da mat?ria-prima vai para o etanol.

Segundo o ele, o ATR est? reduzido principalmente pelo clima mais ?mido. 'No centro-sul, tivemos tamb?m chuvas que se estenderam at? junho, o clima chuvoso aumenta o peso da cana, mas reduz o que pode tirar de a??car', destacou.

J? a produ??o de etanol do Brasil, que tem remunerado mais os produtores do que a??car, dever? aumentar 1,78% para 33,75 bilh?es de litros, incluindo 1,1 bilh?o de litros do combust?vel feito a partir de milho, este com alta de mais de 40% na compara??o anual, ? medida que o biocombust?vel do cereal come?a a ganhar import?ncia no pa?s.

Sem o etanol de milho, a produ??o do combust?vel no pa?s cresceria apenas 0,9%.

J? a produ??o de etanol do Norte/Nordeste do Brasil foi estimada em 2,25 bilh?es de litros, aumento de 4,1% ante a temporada passada, apontou a FCStone. As regi?es ao norte do pa?s n?o fazem o produto ? base de milho.

IMPORTA??O

Uma maior produ??o de etanol no Norte/Nordeste ? importante porque as regi?es s?o importadoras do biocombust?vel, especialmente dos Estados Unidos.

Mas o analista destacou que as importa??es da regi?o v?o depender tamb?m de uma decis?o do governo brasileiro sobre uma cota livre de tarifa de importa??o, que ? v?lida at? o final do m?s.

O Brasil permite atualmente que 600 milh?es de litros por ano de etanol entrem no pa?s sem tarifas, mas a regra expira no fim deste m?s. Se n?o for renovada, as importa??es futuras estar?o sujeitas a um imposto de 20%.

'Fizemos a estimativa considerando a situa??o atual, se tiver uma mudan?a no cen?rio regulat?rio, a? teria um impacto muito mais definido pela decis?o do governo... Se o governo come?ar a tarifar toda a importa??o, vai ter menor entrada desse produto', disse o analista.

Ele lembrou que Par?, Amazonas, Maranh?o e Cear? s?o mercados que dependem bastante do etanol anidro importado. 'Com certeza ter? redu??o na entrada, ter? aumento na demanda pelo produto dos Nordeste, e haver? maior direcionamento para etanol anidro no Nordeste.'

Ele citou ainda que a demanda ser? determinante para a regi?o. 'Dependendo de qu?o forte for a rea??o dos consumidores, isso vai ser determinante para ver quanto vai importar, se os consumidores mantiverem o n?vel elevado de demanda, veremos um mercado de etanol bem mais apertado, e isso pode estimular um aumento das importa??es pelo Nordeste, mesmo com aumento de produ??o.'