Em discurso de posse, novo chanceler critica Itamaraty e diz que lutará contra globalismo
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Por Lisandra Paraguassu
BRAS?LIA (Reuters) - Em um discurso com v?rias cr?ticas ? pr?pria casa que vai comandar, o novo ministro das Rela??es Exteriores, Ernesto Ara?jo, afirmou, ao assumir o cargo nesta quarta-feira, que a pol?tica externa brasileira se atrofiou nos ?ltimos anos por medo de ser criticada e que lutar? para reverter o globalismo e provar que ? poss?vel ter com?rcio exterior com ideias e valores.
'Lembrar-se da p?tria n?o ? lembrar-se da ordem global, do que diz o ?ltimo artigo da Foreigner Affairs ou da ?ltima mat?ria do New York Times. N?o estamos aqui para trabalhar pela ordem global. Aqui ? o Brasil e n?o tenham medo de ser Brasil', disse o novo chanceler.
'Acho que nossa pol?tica externa vem se atrofiando por medo de ser criticada. N?o tenham medo de ser criticados.'
Para uma plateia basicamente formada por diplomatas de carreira e alguns poucos convidados externos, como o senador eleito Fl?vio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, Ara?jo afirmou que o Brasil havia perdido sua voz e falava para agradar os administradores da ordem global.
'Quer?amos ser um bom aluno na escola do globalismo e ach?vamos que isso era tudo. O Brasil volta a dizer o que sente e sentir o que ?', afirmou.
Em longo discurso na cerim?nia de transmiss?o de cargo, que come?ou com o vers?culo da B?blia de Jo?o 8:22, um dos bord?es da campanha de Bolsonaro --'E conhecereis a verdade e a verdade vos libertar?'--, Ara?jo fez largos elogios ao novo presidente. Para ele, Bolsonaro est? libertando o Brasil e agora eles ir?o libertar a pol?tica externa brasileira.
Citou, tamb?m, o escritor Olavo de Carvalho, a quem atribuiu o papel de estar mudando o pa?s junto com Bolsonaro. Diplomata de carreira, Ara?jo se aproximou de Carvalho e, atrav?s dele, dos filhos de Bolsonaro.
Por ser embaixador h? menos de um ano e n?o ter comandado nenhuma embaixada no exterior, o novo chanceler n?o teria, de acordo com a praxe hier?rquica do Itamaraty, estatura para ocupar o cargo. No entanto, a proximidade com a fam?lia Bolsonaro e a disposi??o de seguir as ideias do novo presidente lhe garantiram o posto.
Em seu discurso de posse, Ara?jo desfilou temas e ideias que j? vinham sendo exploradas em um blog que criou em julho deste ano e em artigos que escreveu. Entre eles, o ataque ao chamado globalismo e a teoria de que h? uma pol?tica internacional querendo acabar com as na??es e suplantar o conceito de Deus entre a popula??o mundial.
'O globalismo se constitui no ?dio atrav?s das suas v?rias ramifica??es ideol?gicas e seus instrumentos contr?rios ? na??o, ? natureza humana e ao pr?prio nascimento humano', afirmou. 'O problema do mundo n?o ? a xenofobia. ? a Oikofobia, ? odiar o pr?prio lar, o pr?prio povo.'
Ara?jo tamb?m citou a 'teofobia', o ?dio a Deus, que, segundo ele, perfaz toda a 'agenda global'. 'Para destruir a humanidade ? preciso acabar com as na??es e afastar o homem de Deus. ? isso que est?o tentando e ? contra isso que nos insurgimos', disse.
Durante o longo discurso, Ara?jo foi aplaudido apenas em um momento, quando afirmou que Bolsonaro est? libertando o Brasil e que 'vamos libertar a pol?tica externa e vamos libertar o Itamaraty'.
Os aplausos, no entanto, foram concentrados nos convidados. Do lado dos diplomatas, o sil?ncio se manteve.
O discurso do novo chanceler foi recebido com claro constrangimento entre os presentes. Ao final, puxados por alguns convidados, alguns se levantaram, mas nem sequer aplaudiram. Outros, o fizeram claramente sem vontade.
Escrito por Redação
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