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Brics menciona crises internacionais, mas deixa de fora Venezuela e Bolívia

Placeholder - loading - 14/11/2019 Pavel Golovkin/Pool via REUTERS
14/11/2019 Pavel Golovkin/Pool via REUTERS

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Por Lisandra Paraguassu

BRAS?LIA (Reuters) - A declara??o de Bras?lia que encerrou a c?pula dos Brics nesta quinta-feira tratou de problemas humanit?rios internacionais em oito diferentes pa?ses, como I?men e Coreia do Norte, mas deixou de fora as violentas crises na Venezuela e na Bol?via e todos os temas da Am?rica Latina de um modo geral.

Questionado sobre por que temas que envolvem diretamente as fronteiras brasileiras n?o est?o relacionados no cap?tulo de conjunturas regionais, um dos diplomatas envolvidos nas negocia??es dos Brics afirmou que a declara??o costuma tratar apenas de temas de 'envergadura internacional'.

De acordo com informa??es levantadas pela Reuters com fontes brasileiras e sul-africanas, havia uma expectativa inicial de levar o assunto Venezuela ? plen?ria dos presidentes, mas nem isso chegou a ser feito, assim como o Brasil desistiu at? mesmo de levar ? mesa de negocia??es uma men??o ao pa?s por concluir que n?o haveria chance de um acordo por 'diverg?ncias ideol?gicas'.

O Brasil chegou a fazer uma sondagem inicial sobre os termos que poderiam ser usados para incluir uma condena??o ? crise venezuelana, mas detectou-se que n?o haveria possibilidade de acordo. Aliados do governo de Nicol?s Maduro, China e ?ndia t?m posi??es opostas ao governo brasileiro da situa??o venezuelana.

'Venezuela n?o est? na agenda, n?o ? um assunto para esta c?pula. At? onde lembro isso n?o foi discutido pelos l?deres na sess?o fechada e nem na plen?ria', disse Wang Xiaolong, enviado especial ao Brics do Minist?rio das Rela??es Exteriores da China.

Com uma crise que j? chega a 4 milh?es de refugiados, a Venezuela tem sido tema de discuss?es em outros organismos internacionais como as Na??es Unidas e a Organiza??o dos Estados Americanos (OEA). Nos nove par?grafos est?o citadas crises como a quest?o do I?men, Israel e Palestina, L?bia e Cor?ia do Norte.

O esfor?o de negocia??o brasileiro conseguiu incluir na declara??o uma quest?o cara ? bancada evang?lica, tradicional apoiadora do presidente Jair Bolsonaro, a de uma defesa das minorias ?tnico-religiosas na S?ria, fundamentalmente as de origem crist?. O assunto foi tratado em diversas reuni?es entre o chanceler Ernesto Ara?jo e a bancada evang?lica. '? um tema muito caro ao governo', confirmou a fonte.

A declara??o deixou de fora dessa vez a defesa do trabalho da Ag?ncia de Assist?ncia aos Refugiados Palestinos no Oriente M?dio (UNRWA), inclu?da em 2018 depois que os Estados Unidos cortaram praticamente todo o seu financiamento ao organismo.

Dessa vez, ao adotar um discurso alinhado ao americano e ao israelense, que diz cobrar transpar?ncia no uso de recursos, o Brasil inviabilizou a defesa feita pelos Brics do trabalho da ag?ncia, do qual depende uma parte consider?vel dos palestinos.

'N?o houve um consenso. O Brasil apoia o trabalho da ag?ncia, continua apoiando, mas defende que seu trabalho avance com absoluta transpar?ncia. ? accountability', disse o diplomata, que n?o quis ser identificado.

Isolado em sua posi??o, o governo brasileiro terminou por impedir que a men??o ? UNRWA entrasse no texto final.

Apesar de pontos comuns na defesa do multilateralismo e do incremento na coopera??o entre os cinco pa?ses que comp?e o bloco, a primeira c?pula do grupo tocada pelo governo Jair Bolsonaro revelou diverg?ncias pol?ticas com seus parceiros de blocos, centradas basicamente em quest?es ideol?gicas.

O alinhamento autom?tico do atual governo brasileiro com os Estados Unidos op?e o pa?s a China e R?ssia, tradicional rivais pol?ticos e econ?micos dos americanos.

Escrito por Reuters

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