BC vai anunciar em breve projeto para redesenhar cheque especial, diz Campos Neto
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Por Marcela Ayres
BRAS?LIA (Reuters) - O Banco Central tem um projeto que sair? 'em breve' para redesenhar o cheque especial, afirmou nesta quarta-feira o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, destacando que a modalidade hoje ? cara e tem car?ter regressivo.
'Queremos fazer um redesenho do produto pra que a gente n?o tenha uma situa??o onde quem tem muito dinheiro e tem o benef?cio de ter um limite dispon?vel, e que ?s vezes n?o ousa muito, usa menos, acabe gerando um custo que ? pago por quem est? embaixo da pir?mide', afirmou ele.
Em audi?ncia na Comiss?o de Finan?as e Tributa??o da C?mara dos Deputados em que voltou a sinalizar novo corte 0,5 ponto na taxa de juros em dezembro, Campos Neto afirmou que o cheque especial --com juros anuais acima de 300% ao ano-- ? utilizado majoritariamente por clientes com menos educa??o financeira e recursos.
No entanto, o produto ? ofertado amplamente pelas institui??es financeiras, de forma que os bancos arcam com custo de capital toda vez que abrem uma linha, ainda que essa linha n?o seja utilizada pela pessoa em quest?o.
'Se uma pessoa tem um limite muito alto e nunca usa, como o banco n?o consegue cobrar aquele limite que ele d? para aquela pessoa, ele tem que cobrar nos juros porque ? proibido cobrar tarifas. O que acontece na pr?tica ? que quem tem limite alto e nunca usa tem esse benef?cio custeado por quem tem limite baixo e usa muito', disse.
Sobre o mercado de cr?dito livre de maneira mais ampla, Campos Neto avaliou que o crescimento nessa frente 'acelerou bastante' em meio ao afrouxamento monet?rio.
'? importante entender que cr?dito vai ter um papel fundamental na recupera??o do pa?s. Isso tem acontecido recentemente. Parte do motivo que acho que o mercado e agentes financeiros est?o mais otimistas foi o crescimento de cr?dito que est? tendo na ponta', disse.
JUROS LONGOS E CURTOS
Aos parlamentares, Campos Neto apontou ainda que a queda da taxa longa de juros tem sido o movimento que considera mais importante, por pavimentar o caminho para financiamentos privados a projetos de longo prazo, como os associados a obras de infraestrutura.
Nesse contexto, o presidente do BC chamou aten??o para o volume recorde de emiss?o de deb?ntures de infraestrutura neste ano, o que, na sua vis?o, faz parte da 'reinven??o do Estado com dinheiro privado'.
Ele destacou que o BC controla a curva curta de juros, com as decis?es sobre a Selic, mas ? preciso que esse n?vel 'se propague atrav?s do tempo' para que os juros longos estejam em patamar tal que permitam o financiamento privado a projetos.
Para Campos Neto, isso s? tem sido poss?vel em fun??o dos ganhos em credibilidade fiscal que t?m sido alcan?ados, com o mercado antevendo melhorias nas contas p?blicas do Brasil.
Em ata do Copom publicada nesta semana, inclusive, o BC ponderou que a menor presen?a do Estado na economia e a falta de comparativos hist?ricos sobre as rea??es observadas num ambiente de Selic t?o baixa aumentam as incertezas em rela??o ? transmiss?o da pol?tica monet?ria, refor?ando o tom de cautela em rela??o aos fatores que podem pressionar a infla??o para cima.
Sobre a vis?o do BC para a taxa b?sica de juros no curto prazo, Campos Neto reiterou que a consolida??o do cen?rio benigno de infla??o dever? permitir novo corte de 0,5 ponto na Selic em dezembro, ap?s redu??o de igual magnitude realizada na semana passada, que levou a taxa ? m?nima hist?rica de 5% ao ano.
Escrito por Reuters
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