Chuvas recuperam hidrelétricas e conta de luz deve manter bandeira tarifária verde
Publicada em
Atualizada em
Por Luciano Costa
S?O PAULO (Reuters) - Os reservat?rios das hidrel?tricas, principal fonte de gera??o de energia do Brasil, est?o em franca recupera??o e devem fechar abril com o maior volume armazenado para essa ?poca em anos, o que representaria significativa revers?o frente ao cen?rio visto no in?cio do ano, quando as principais represas chegaram a operar no menor n?vel desde 2015.
A trajet?ria, que deve-se ? intensifica??o das chuvas na regi?o das usinas a partir do final de janeiro e a um consumo de eletricidade abaixo das expectativas iniciais, deve representar al?vio no bolso dos brasileiros, ao manter as contas de luz sem cobran?as adicionais geradas pelas chamadas bandeiras tarif?rias, disseram especialistas ? Reuters.
Se confirmadas as atuais proje??es otimistas, os lagos das hidrel?tricas do Sudeste poderiam alcan?ar o melhor n?vel desde 2016 ao fim do per?odo tradicional de chuva na regi?o das usinas, que vai de novembro a abril, enquanto no Nordeste os volumes ficariam pr?ximos do registrado em 2012.
As precipita??es t?m sido fortes no Brasil neste ano, mas at? a reta final de janeiro a ?gua ainda ca?a principalmente em pontos distantes dos principais reservat?rios h?dricos, o que gerava algum temor de que fosse necess?rio acionar termel?tricas de custo mais elevado para atender ? demanda, gerando impactos para os consumidores.
'Tivemos um pequeno susto em janeiro, um pequeno atraso, mas sem sombra de d?vidas houve uma compensa??o no m?s de fevereiro e no que ? esperado para mar?o. Do final de janeiro para a entrada de fevereiro, a chuva realmente 'encaixou'', disse ? Reuters o s?cio da comercializadora de energia True, Gustavo Arfux.
Ele projetou que em mar?o as precipita??es no Sudeste, onde est?o os maiores reservat?rios, poderiam superar 110% da m?dia hist?rica para o m?s, contra apenas 74% em janeiro e 102% em fevereiro.
Nesse cen?rio, os custos da energia para os consumidores n?o seriam elevados pelas bandeiras tarif?rias, disse o presidente da comercializadora Bolt, Gustavo Ayala. O mecanismo gera cobran?as adicionais quando sai do patamar verde para o amarelo ou vermelho, o que ? definido pela Ag?ncia Nacional de Energia El?trica (Aneel) de acordo com a oferta de gera??o no sistema.
'A bandeira tarif?ria ser? verde agora para mar?o. E tamb?m, principalmente para abril, maio, a tend?ncia ? que seja bandeira verde, porque haver? uma 'poupan?a' nos reservat?rios', afirmou.
O in?cio negativo do per?odo de chuvas havia levado a Aneel a definir a bandeira tarif?ria como vermelha em novembro e amarela em dezembro e janeiro. Em fevereiro, com previs?es mais otimistas, o mecanismo ficou no patamar verde, sem custos extras.
'Pelo que temos de previs?o de chuva at? 6 de mar?o, que ? uma previs?o mais certeira... j? segura a bandeira verde at? junho, pelo menos', disse o presidente da Focus Energia, Alan Zelazo.
Um consumo de eletricidade mais fraco no primeiro trimestre, devido a um clima mais ameno que no ano passado, tamb?m tem contribu?do para recuperar as represas.
'A carga est? 'performando' abaixo (do esperado). E com o coronav?rus ela deve vir mais baixa ainda. N?o tem nenhuma quest?o de falta de abastecimento (de energia). Voc? v? que os reservat?rios subiram mais r?pido do que estava previsto', acrescentou Zelazo.
O consumo de eletricidade no Brasil recuou 4,3% em janeiro e 1,9% na primeira quinzena de fevereiro, apontou a C?mara de Comercializa??o de Energia El?trica (CCEE). No in?cio de janeiro, a CCEE projetava avan?o de 4,2% no consumo em 2020, o que seria a maior alta anual desde 2013.
Al?m do consumo mais fraco de energia e das chuvas, a expans?o da gera??o e?lica no Nordeste e a opera??o a plena carga da hidrel?trica de Belo Monte, no Par?, tamb?m t?m ajudado as usinas do Sudeste e Nordeste a acumular ?gua.
A Focus v? reservat?rios do Sudeste em 54% da capacidade ao final de abril, contra 38% atualmente e cerca de 58% em abril de 2016. Em meados de janeiro, a regi?o havia registrado 21,5%, pior n?vel para o m?s desde 2015.
No Nordeste, o n?vel avan?ou de 39,5% em meados de janeiro para quase 59% atuais, j? o melhor no atual per?odo desde 2012. A Focus projeta avan?o para 70% do volume ao final do per?odo ?mido, ante quase 79% em abril de 2012.
D?FICIT MENOR
Al?m de evitar cobran?as adicionais para os consumidores de energia com as bandeiras tarif?rias ou o acionamento de termel?tricas, que depois t?m custos repassados para as contas de luz, a recupera??o dos reservat?rios tamb?m ? uma not?cia positiva para empresas com portf?lio de gera??o h?drica.
Isso porque operadores de hidrel?tricas precisam comprar energia no mercado para cumprir seus compromissos quando as usinas n?o geram conforme o previsto por quest?es como o baixo n?vel das represas.
Esses custos, conhecidos como 'risco hidrol?gico', t?m sido inclusive alvo de uma longa disputa judicial entre empresas de energia, o governo e a Ag?ncia Nacional de Energia El?trica (Aneel).
'Essas chuvas com certeza aliviam bastante a necessidade de compra (de energia) por parte dos geradores para suprir o risco hidrol?gico. Tende a reduzir a exposi??o dos geradores. Se esse ano come?ou com uma expectativa, a previs?o de d?ficit hidrol?gico agora ? bem menor', disse Ayala, da Bolt.
Atualmente, a Aneel tenta cobrar dos geradores uma conta de 8,24 bilh?es por custos passados com o risco hidrol?gico, ap?s empresas terem obtidos liminares na Justi?a para evitar o pagamento.
O governo tem buscado viabilizar um acordo para que as empresas retirem as liminares e acertem os d?bitos em troca de uma compensa??o parcial desses custos por meio da prorroga??o de contratos de concess?o de usinas. O acerto, no entanto, depende da aprova??o de um projeto de lei no Congresso.
Em paralelo, a disputa segue nos tribunais. O Superior Tribunal de Justi?a (STJ) previa analisar a??es sobre o caso na semana passada, mas o assunto acabou retirado de pauta, sem previs?o de retorno.
Escrito por Reuters
SALA DE BATE PAPO