Com Lula imbatível entre nordestinos, Haddad corre contra o tempo para encarnar ex-presidente na região
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Por Anthony Boadle e Lisandra Paraguassu
RECIFE/BRAS?LIA (Reuters) - Prov?vel substituto do ex-presidente Luiz In?cio Lula da Silva na cabe?a da chapa do PT para a Presid?ncia da Rep?blica, o ex-prefeito de S?o Paulo Fernando Haddad tem entre seus principais desafios tornar-se, como ele diz, a voz e as pernas de Lula na Regi?o Nordeste, onde at? mesmo os advers?rios do ex-presidente reconhecem que ele ? imbat?vel.
Pesquisa do Datafolha, divulgada na semana passada, apontou que, ao mesmo tempo que Lula tem 59 por cento de inten??o de voto no Nordeste, Haddad aparece com apenas 5 por cento na regi?o no cen?rio sem o ex-presidente. Ele tamb?m ? totalmente desconhecido por 51 por cento do eleitorado nordestino e apenas 6 por cento afirma conhec?-lo muito bem. Muitos eleitores no Nordeste sequer sabem pronunciar o nome do ex-prefeito e o chamam de 'Andrade'.
N?o ? toa, Haddad fez na semana passada um tour por seis dos nove Estados do Nordeste, e a campanha petista tem buscado capitalizar nessa visita, transformando o ex-prefeito paulistano na principal estrela de um v?deo divulgado sobre a s?rie de viagens nas redes sociais do partido.
'N?o h? d?vida de que Lula ? um ator pol?tico-chave. Ele ter? uma enorme influ?ncia mesmo que n?o seja candidato. Tem prest?gio e ? uma for?a pol?tica, especialmente com os eleitores mais pobres', afirmou o cientista pol?tico Ricardo Ismael, da Pontif?cia Universidade Cat?lica do Rio de Janeiro.
Lula transformou o Nordeste em um reduto petista e, principalmente, lulista nos oito anos em que governou o pa?s com pol?ticas de desenvolvimento voltadas para a regi?o e programas sociais que beneficiaram a popula??o mais carente.
Assim, nem mesmo o fato de o petista estar preso desde abril, condenado por corrup??o e lavagem de dinheiro, e virtualmente impedido de entrar na disputa presidencial, depois de ser alvo de v?rias den?ncias de irregularidades nos ?ltimos anos, que ele nega, abalaram sua reputa??o na regi?o.
Em Pernambuco, seu Estado natal, Lula ainda ? visto como o melhor presidente que o Brasil j? teve. Mesmo a descren?a com a pol?tica, onipresente entre os eleitores com quem a Reuters conversou, n?o se estende ao ex-presidente.
'Eles dizem que Lula roubou. Todos eles roubam, mas ele pelo menos fez coisas. Foi o ?nico, o resto s? rouba', disse Eliane Gomes, uma das eleitoras do ex-presidente, enquanto vende apostas do jogo do bicho em uma banca no centro de Recife.
Em Pernambuco, Lula tem 62 por cento das inten??es de voto, segundo pesquisa Ibope, realizada entre os dias 17 e 19 de agosto, enquanto Haddad chega a 4 por cento. Levantamento do Datafolha, feito entre 20 e 21 de agosto, mostra o ex-presidente com 60 por cento em seu Estado natal, enquanto o ex-prefeito soma 3 por cento.
Em qualquer um dos nove Estados do Nordeste, o ex-presidente tem pelo menos 50 por cento das inten??es de voto.
'Seus inimigos achavam que com Lula na pris?o as pessoas iriam esquec?-lo em dois ou tr?s meses, mas isso n?o aconteceu de jeito nenhum. E agora eles est?o sem sa?da, porque n?o apareceu nenhum l?der pol?tico para tomar seu lugar', afirmou Bruno Ribeiro, presidente do PT de Pernambuco.
Ennio Benning, secret?rio de imprensa do governo de Pernambuco, comandado por Paulo C?mara (PSB), acredita que n?o importa quem substitua Lula na urna, no caso do impedimento do ex-presidente, essa pessoa herdar? seus votos.
'N?o importa quem seja o candidato, ? a for?a do lulismo que conta. As pessoas v?o votar por quem quer que seja que Lula apoie', disse Benning, do PSB.
CORRIDA CONTRA O REL?GIO
Enquanto a pesquisa nacional do Datafolha divulgada na semana passada mostra que Lula lidera com 39 por cento, no Nordeste essa lideran?a dispara para 59 por cento. Al?m disso, a mesma sondagem mostra que 49 por cento dos entrevistados da regi?o afirmaram que votariam com certeza num candidato apoiado por Lula e 16 por cento disseram que poderiam fazer isso.
A aposta do PT ? que essa influ?ncia e a for?a pol?tica podem ser repassadas para Haddad quando Lula tiver sua candidatura vetada com base na Lei da Ficha Limpa.
No entanto, em um ano em que a campanha oficial ser? mais curta --apenas 45 dias at? o primeiro turno--, o alto desconhecimento de Haddad na regi?o e a insist?ncia de setores petistas de esticar a corda o m?ximo poss?vel para insistir na candidatura de Lula, podem diminuir o tempo h?bil para que Haddad se 'transforme' em Lula.
'? uma aposta que ele pode perder. Pode ser j? tarde demais. O Brasil n?o sabe quem ? Haddad', disse Carlos Melo, cientista pol?tico do Insper.
Advers?rios reconhecem a for?a eleitoral de Lula no Nordeste, mas aguardam, ao mesmo tempo, para ver se isso se traduzir? em votos para o ungido do ex-presidente quando ele for barrado da disputa pela Justi?a Eleitoral.
'No Nordeste, o forte ? o nome do ex-presidente Lula, n?o ? do PT', disse o senador tucano pela Para?ba C?ssio Cunha Lima, que afirma que, em seu Estado, o PT tem presen?a modesta.
'O Brasil n?o eleger? um ventr?loquo', afirmou o parlamentar, referindo-se a Haddad e lembrando que o petista foi derrotado j? em primeiro turno em sua tentativa de reelei??o ? Prefeitura de S?o Paulo em 2016.
De seu lado, o PT tem feito campanha no Nordeste apresentando Haddad, mas refor?ando, principalmente o n?mero do partido: o 13.
?O n?mero do Haddad ? o mesmo do Lula. Estamos fazendo a campanha do 13', disse em entrevista ? Reuters nesta semana o governador petista do Piau?, Wellington Dias.
(Reportagem adicional de Eduardo Sim?es, em S?o Paulo)
Escrito por Redação
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