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CORREÇÃO-Como a JBS tornou-se dano colateral numa guerra entre bilionários

Placeholder - loading - Logotipo da JBS  em frente a uma unidade da companhia. 1/6/2017.  REUTERS/Paulo Whitaker
Logotipo da JBS em frente a uma unidade da companhia. 1/6/2017. REUTERS/Paulo Whitaker

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(Corrige os par?grafos 5, 6 e 24 para esclarecer que a JBS, e n?o a J&F Investimentos, entrou com pedido cautelar na Justi?a federal do Rio de Janeiro)

Por Tatiana Bautzer

S?O PAULO (Reuters) - A disputa entre os irm?os bilion?rios brasileiros Batista e o herdeiro de uma fortuna de papel e celulose da Indon?sia est? colocando press?o sobre os planos da JBS de listar suas opera??es internacionais nos EUA.

A briga se originou da aquisi??o em 2017, por 15 bilh?es de reais, da empresa Eldorado Brasil por Jackson Widjaja, membro da segunda fam?lia mais rica da Indon?sia, cuja fortuna a Forbes estima em 9,6 bilh?es de d?lares.

A Paper Excellence, de Jackson Widjaja, acertou a compra da Eldorado com a J&F Investimentos, holding de participa??es da fam?lia Batista que tamb?m controla a JBS, em 2017.

O neg?cio deveria ser feito em duas etapas, mas n?o houve acordo para completar a segunda etapa e agora a decis?o est? nas m?os de um tribunal de arbitragem no Brasil.

Nesta segunda-feira, a JBS acusou a Paper Excellence de fazer campanha de lobby nos Estados Unidos contra a JBS, que tem grandes opera??es no pa?s, segundo pedido cautelar protocolado pela JBS na Oitava Vara Federal Civel do Rio de Janeiro.

No pedido, a JBS diz que a Paper Excellence contratou lobistas nos EUA para argumentarem contra o recebimento pela JBS de subs?dios do governo do pa?s desenhados para agricultores que sofrem as consequ?ncias da guerra comercial contra a China, e persuadiram membros do Congresso a enviar cartas ao Departamento de Agricultura dos EUA pedindo a interrup??o dos pagamentos.

Os lobistas tamb?m pediram investiga??es sobre a JBS, citando a confiss?o dos irm?os Batista de terem pago propina a quase 2 mil pol?ticos, e levantam poss?veis riscos da listagem das opera??es internacionais do frigor?fico nos EUA, segundo o pedido ao juiz.

Numa nota enviada a Reuters, a Paper Excellence negou todas as acusa??es e disse que s?o 'insinua??es caluniosas e de m? f?' feitas para 'atacar a companhia, seus acionistas e trabalhadores'. A empresa disse estar focada em completar o neg?cio de compra da Eldorado Celulose.

Mesmo assim, documentos judiciais, formul?rios de lobby entregues ao Congresso americano e entrevistas com pessoas dos dois lados da disputa mostram que a Paper Excellence fez lobby contra a JBS nos EUA em meio ? disputa pela compra da Eldorado.

O lobby aumenta a press?o sobre os irm?os Batista, que esperam para junho uma decis?o final do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a validade de suas dela??es premiadas.

Nos ?ltimos meses, congressistas americanos, incluindo os senadores Marco Rubio e Bob Menendez, escreveram para o governo Trump pedindo para investigar a JBS e o pagamento de subs?dios a suas subsidi?rias nos EUA. A Reuters n?o conseguiu determinar se as cartas foram resultado do lobby da Paper Excellence.

Um alto executivo da JBS disse ? Reuters que a companhia segue com planos de listar as opera??es internacionais nos EUA, mas sem levantar recursos de investidores americanos. Os planos iniciais de IPO, desenhados h? quatro anos, foram frustrados pelo veto do BNDES e depois por condi??es de mercado adversas.

O executivo negou que a mudan?a nos planos tenha alguma rela??o com o lobby, e disse que a expectativa ? concretizar a transa??o na primeira metade do ano.

A JBS no Brasil e a subsidi?ria americana preferiram n?o comentar a listagem e o lobby.

A virada no relacionamento entre Widjaja e os irm?os Batista foi numa reuni?o em agosto de 2018. Na ?poca Widjaja tinha comprado 49% do neg?cio e os dois lados marcaram reuni?o a pedido de um juiz do primeiro lit?gio entre as partes.

No encontro no hotel Ritz Carlton de Los Angeles, representantes dos Batista disseram que o valor da empresa havia mudado desde a assinatura do contrato e que o pre?o deveria ser maior se o contrato fosse estendido por seis meses, segundo um ?udio secretamente gravado ouvido pela Reuters. ? poss?vel ouvir Widjaja dizendo que os novos n?meros eram 'chocantes'.

Depois do encontro, Widjaja disse a Claudio Cotrim, seu principal executivo no Brasil, que ele preferia 'gastar milh?es em advogados do que pagar mais um centavo a eles (Batistas)', segundo o relato de Cotrim.

Em nota enviada ? Reuters, a J&F disse que n?o infringiu o contrato original pedindo recursos adicionais. Para estender o prazo de pagamento por um tempo longo, o neg?cio teria que envolver novos riscos e an?lises n?o previstos nos contratos.

Quando ficou claro que o lit?gio era inevit?vel, a Paper Excellence desenhou uma estrat?gia com tr?s pilares para conter os Batista. A primeira foi escolha de advogados para arbitragem, a segunda indicar executivos para compor o conselho da Eldorado e a terceira uma 'guerra de rela??es publicas', com a contrata??o de assessoria de imprensa.

No ano passado, a Paper Excellence contratou Jeff Miller, um ex-deputado da Fl?rida, como lobista. Embora a empresa n?o tenha atividades agr?colas nos EUA, a empresa de Miller trabalhou em 'esfor?os ligados a subs?dios da farm bill de 2018 pagos a empresas estrangeiras', segundo relat?rio de lobby do Congresso.

A Paper Excellence n?o comentou a contrata??o de Miller.

Em janeiro, Miller entrou para outra empresa de lobby de Washington, a Mercury Public Affairs, que j? fez lobby para empresas como a Chinesa ZTE e companhias controladas pelo oligarca russo Oleg Deripaska. A Mercury disse que Miller n?o trouxe o contrato com a Paper Excellence para a companhia.

Desde ao menos dezembro outro co-chairman da Mercury, o ex-senador David Vitter, tem contatado assessores da C?mara dos deputados dos EUA pedindo investiga??es e apontando riscos para investidores na listagem das opera??es da JBS nos EUA, segundo e-mails vistos pela Reuters e confirmados pela Mercury.

No pedido judicial, a JBS alega que a Mercury foi contratada indiretamente pela Paper Excellence, mas n?o mostra provas concretas. A Paper Excellence e a Mercury negam a alega??o.

Escrito por Reuters

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