Consumo de aço no Brasil no segundo trimestre pode cair 40%, teme IABr
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S?O PAULO (Reuters) - A ind?stria sider?rgica se juntou nesta sexta-feira a um coro de outros setores da sociedade insatisfeitos com as medidas de conten??o da epidemia de coronav?rus adotadas no pa?s, que paralisaram uma s?rie de atividades econ?micas, incluindo os maiores consumidores de a?o no pa?s.
'O que estamos dizendo ? que a gente precisa come?ar a trabalhar o retorno gradual, sob protocolos de seguran?a, das atividades da economia. A roda tem que voltar a girar', disse o presidente do Instituto A?o Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Lopes, durante entrevista coletiva online a jornalistas.
A coletiva foi convocada em um dia em que diversas regi?es do pa?s vivenciaram protestos contidos de apoiadores ? posi??o do presidente Jair Bolsonaro de n?o respeitar a quarentena recomendada por especialistas de sa?de de todo o mundo. A medida ? considerada como mecanismo mais eficaz ? disposi??o no momento para se evitar colapsos nos sistemas de sa?de devido a poss?veis explos?es nos casos de Covid-19.
Al?m da defesa do IABr a um 'retorno gradual' das atividades da economia, a Confedera??o Nacional da Ind?stria (CNI) endossou o 'isolamento vertical' apoiado por Bolsonaro, focado apenas nas pessoas do grupo atualmente visto como mais suscet?vel ao novo coronav?rus, que inclui idosos, segundo comunicado enviado ? imprensa.
Apesar da maioria das medidas de restri??o ? circula??o de pessoas ter sido tomada por autoridades estaduais e municipais h? cerca de duas semanas, o setor sider?rgico usa express?es como 'crise de propor??o inimagin?vel' para descrever a situa??o.
Durante a coletiva, Lopes afirmou que o setor trabalha com perspectiva de quedas de cerca de 50% no consumo de a?o em abril ante mar?o e de 40% no segundo trimestre ante os tr?s primeiros meses do ano. Para o ano, o cen?rio aponta para queda de 20% no consumo, disse o presidente do IABr, que participou de reuni?o mais cedo com dirigentes de sider?rgicas do pa?s. A entidade ? formada por empresas como Usiminas, Gerdau, ArcelorMittal, Ternium e Vallourec.
'Precisamos continuar (a trabalhar) para a retomada das atividades da economia, seguindo um protocolo de procedimentos que assegure a seguran?a das pessoas....Isso precisa ser iniciado sob pena de n?s termos um problema maior', disse Lopes se referindo a desemprego. O posicionamento ? semelhante ao transmitido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, mais cedo pela internet e que ecoa a campanha 'O Brasil N?o Pode Parar', lan?ada nesta semana pelo governo de Bolsonaro e que custou aos cofres p?blicos quase 5 milh?es de reais.
Mais cedo, a Organiza??o Mundial de Sa?de (OMS) afirmou que o n?mero de mortos por Covid-19 atingiu a casa dos 20 mil enquanto os casos confirmados superaram mais de meio milh?o. No Brasil, a contagem de mortos pela doen?a subiu quase 20% nesta sexta-feira ante a v?spera, para 92, enquanto os casos confirmados avan?aram 17%, para 3.417.
REINTEGRA
Questionado sobre o motivo da previs?o alarmista para o mercado de a?o divulgada nesta sexta-feira e se as empresas do setor sider?rgico n?o t?m capacidade para enfrentar o per?odo de quarentena de algumas semanas recomendado pela OMS, o presidente-executivo do IABr afirmou que a situa??o era de normalidade at? cerca de semana atr?s.
'O que aconteceu depois veio muito rapidamente. Em dois, tr?s, quatro dias come?ou a haver cancelamento de pedidos. Isso veio numa rea??o em cadeia muito r?pida, as empresas t?m que ter preocupa??o com caixa', disse Lopes. 'A ?rea da sa?de est? sendo tratada com prioridade absoluta. O v?rus vai ter seu ciclo...Isso est? cuidado, tem prioridade...o que n?o est? sendo olhado ? a crise da demanda', acrescentou.
O executivo afirmou que o IABr, que integra a chamada Coaliz?o Ind?stria, formada por v?rios setores incluindo automotivo, m?quinas e equipamentos e constru??o civil, apresentou ao governo um conjunto de medidas para apoiar a retomada da economia e afirmou que entre os pedidos est? um antigo: a eleva??o da al?quota do Reintegra.
O mecanismo, criado para compensar exportadores sobre os impostos que incidem na cadeia produtiva, teve al?quota reduzida durante o governo de Michel Temer para 0,1%, como consequ?ncia do impacto da greve dos caminhoneiros em 2018, e a defesa do IABr ? uma eleva??o desse percentual para 5%.
Segundo Lopes, com a al?quota do Reintegra em 5%, o setor consegue melhorar seu pre?o de exporta??o em 7%, ganhando competitividade. O pleito j? havia sido feito h? cerca de dois meses pelo setor junto a representantes do governo federal. Na ?poca, o IABr calculava que se a al?quota fosse elevada as sider?rgicas poderiam aumentar suas exporta??es em 20%.
Lopes n?o deu detalhes sobre as outras a??es propostas ao governo para o enfrentamento da crise do Covid-19, mas comentou que o setor como um todo est? 'estudando medidas de redu??o e eventualmente at? de abafamento de (alto) fornos', uma das a??es mais dr?sticas que uma sider?rgica pode tomar para enfrentar ocasi?es de quedas abruptas de demanda.
(Por Alberto Alerigi Jr.)
Escrito por Reuters
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