Conta de luz pode ter bandeira vermelha nível 2 até reta final do ano, dizem analistas

Por Luciano Costa

S?O PAULO (Reuters) - Previs?es de chuvas abaixo da m?dia ao longo dos pr?ximos meses na regi?o dos reservat?rios das hidrel?tricas, principal fonte de gera??o do Brasil, devem pressionar as chamadas bandeiras tarif?rias, mecanismo criado para sinalizar ao consumidor eventuais redu??es na oferta de energia, disseram especialistas nesta segunda-feira.

Com isso, existe uma expectativa generalizada de que se mantenha nos pr?ximos meses a chamada bandeira tarif?ria vermelha n?vel 2, j? acionada para junho, que adiciona 5 reais ?s contas de luz a cada 100 kilowatts-hora consumidos.

As bandeiras geram cobran?as extras para os consumidores quando saem do verde para o amarelo ou para a bandeira vermelha, que ? dividida em dois patamares, sendo o segundo o mais caro.

N?s esperamos que a bandeira vermelha 2 continue at? o final do ano , escreveram analistas do banco UBS em relat?rio nesta segunda-feira.

Existe um certo consenso... tem v?rios agentes de mercado que est?o indo nessa linha, at? novembro com bandeira vermelha, por uma quest?o principalmente de hidrologia. Apesar de a carga n?o estar crescendo como se esperava, a hidrologia est? ficando bem abaixo da m?dia , disse ? Reuters o presidente da comercializadora Copel Energia, Franklin Miguel.

As chuvas na regi?o das hidrel?tricas do Sudeste e do Centro-Oeste est?o estimadas para este m?s em apenas 78 por cento da m?dia hist?rica, que j? n?o ? favor?vel porque a partir de maio tem in?cio o chamado per?odo seco , com menores precipita??es, segundo dados da C?mara de Comercializa??o de Energia El?trica (CCEE).

Estamos entrando agora no per?odo de inverno e o cen?rio h?drico continua recessivo... estamos esperando bandeira vermelha n?vel 2 at? o m?s de outubro , disse ? Reuters o s?cio da consultoria Pontoon-e, Marcos Severine.

Ele estimou que, caso confirmada a proje??o, a energia el?trica poderia contribuir em cerca de 0,60 ponto percentual para a infla??o medida pelo IPCA em 2018.

Na comercializadora de energia Compass, a proje??o, mais conservadora, ? de bandeira tarif?ria vermelha n?vel 2 ao menos at? setembro.

At? l? com certeza ? vermelha. Agora outubro, novembro e dezembro ainda n?o d? para afirmar , disse o diretor da Compass, Paulo Mayon.

Ele disse que, ao final de maio, os modelos de proje??o apontavam para a possibilidade de chuvas ruins em julho, que eventualmente poderiam se reverter em agosto, o que explica o cen?rio um pouco mais otimista da consultoria, que v? possibilidade de bandeira amarela em outubro e novembro.

IMPACTO NO MERCADO

A hidrologia fraca prevista para os pr?ximos meses deve impactar negativamente geradores h?dricos com elevado volume de energia j? vendida para clientes, como a Cesp, apontaram os analistas do UBS, enquanto empresas com maior n?vel de capacidade descontratada poder?o aproveitar e vender energia a pre?os melhores no mercado spot de eletricidade.

O banco colocou Copel e AES Tiet? como as que podem aproveitar melhor a conjuntura.

O cen?rio h?drico tamb?m elevou o custo de contratos de energia para o segundo semestre, que chegaram a ser cotados em cerca de 188 reais no in?cio do ano e 230 reais no come?o de abril, mas agora s?o negociados a cerca de 300 reais, segundo Mayon, da Compass.

A precifica??o do segundo semestre vai se comportando de acordo com essa deteriora??o na entrada das chuvas , afirmou.

A CCEE estima em seu cen?rio-base que os reservat?rios das hidrel?tricas chegar?o a novembro, quando come?a o per?odo de chuvas, em 25 por cento da capacidade, contra cerca de 19 por cento no ano passado.

(Por Luciano Costa)