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Contas externas do Brasil acumulam rombo de 2,91% do PIB, maior em mais de 4 anos

Placeholder - loading - Trabalhadores descarregam navio de carga no porto de Jaraguá do Sul, Santa Catarina 22/10/2015 REUTERS/Paulo Prada
Trabalhadores descarregam navio de carga no porto de Jaraguá do Sul, Santa Catarina 22/10/2015 REUTERS/Paulo Prada

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Por Marcela Ayres

BRAS?LIA (Reuters) - O d?ficit em transa??es correntes do Brasil foi de 3,904 bilh?es de d?lares em fevereiro, passando a responder por 2,91% do Produto Interno Bruto no acumulado em 12 meses, maior patamar desde dezembro de 2015 (3,03% do PIB), num per?odo ainda n?o afetado negativamente pela pandemia do coronav?rus.

A eleva??o do d?ficit tem ocorrido apesar do p?fio desempenho econ?mico, seguindo tend?ncia j? verificada em 2019. As perspectivas para as transa??es correntes devem ficar ainda mais dif?ceis diante do impacto do coronav?rus na atividade dom?stica e no crescimento global.

O d?ficit do m?s foi inteiramente coberto pelo fluxo de investimentos diretos, mas no per?odo a sa?da l?quida de investimentos em a??es foi a maior desde outubro de 2008, segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta quarta-feira.

Para mar?o, a perspectiva do BC ? de d?ficit em transa??es correntes de 1 bilh?o de d?lares.

Em resposta por escrito a perguntas da imprensa, o chefe do Departamento de Estat?sticas do Banco Central, Fernando Rocha, apontou que o Covid-19 ainda n?o havia sensibilizado os n?meros de fevereiro. Sobre o cen?rio ? frente, ele afirmou que essa leitura ser? feita pelo BC na quinta-feira, com a publica??o do Relat?rio Trimestral de Infla??o.

Rocha pontuou, contudo, que se a previs?o do BC para mar?o se confirmar, haver? redu??o de 1,7 bilh?o de d?lares no d?ficit acumulado em 12 meses at? mar?o de 2020.

O resultado de fevereiro representou um aumento de 17,1% sobre igual m?s do ano passado, principalmente pela piora nas contas de servi?os e de renda prim?ria. O dado veio um pouco acima do d?ficit de 3,45 bilh?es de d?lares esperado por analistas em pesquisa da Reuters.

J? os investimentos diretos no pa?s (IDP) alcan?aram 5,996 bilh?es de d?lares no m?s, em linha com expectativa de 6,0 bilh?es de d?lares. Para mar?o, o BC projeta que cheguem a 7 bilh?es de d?lares, ap?s terem somado 5,992 bilh?es de d?lares at? o dia 23.

DADOS DE FEVEREIRO

No ?ltimo m?s, a balan?a comercial teve um super?vit de 2,518 bilh?es de d?lares, com uma ligeira redu??o frente ao saldo positivo de 2,672 bilh?es de d?lares registrado em fevereiro do ano passado.

Embora a dissemina??o do coronav?rus na China j? tivesse come?ado desde o fim de 2019, as preocupa??es sobre seu r?pido cont?gio mundo afora e sobre seu impacto nas redes de sa?de e na atividade econ?mica ganharam vulto em mar?o.

Em fevereiro, ainda houve um aumento de 4% nas exporta??es brasileiras, segundo os dados do BC, a 16,386 bilh?es de d?lares. As importa??es, por sua vez, subiram 6% na mesma base, a 13,868 bilh?es de d?lares.

O maior respons?vel pela piora do rombo em transa??es correntes em fevereiro foi o d?ficit na conta de servi?os, com aumento de 239 milh?es de d?lares frente a igual per?odo do ano passado, a 2,594 bilh?es de d?lares.

Dentro dessa conta, est?o as despesas l?quidas com aluguel de equipamentos, que subiram 55,2% a 1,454 bilh?o de d?lares em fevereiro. J? os gastos l?quidos de brasileiros no exterior, que costumam ser sens?veis ? alta do d?lar frente ao real, ca?ram 47% sobre um ano antes, a 403 milh?es de d?lares.

Olhando para a renda prim?ria, o d?ficit subiu 224 milh?es de d?lares contra fevereiro de 2019, a 3,904 bilh?es de d?lares, segundo os dados do BC. Nesse caso, a linha foi influenciada principalmente pelo aumento de 35,3% nos gastos l?quidos com juros, a 1,369 bilh?o de d?lares.

No primeiro bimestre do ano, o d?ficit em transa??es correntes somou 15,784 bilh?es de d?lares, crescimento de 27,5% ante igual etapa do ano passado.

Para 2020, o BC previu em sua ?ltima proje??o novo aumento do d?ficit em transa??es correntes, para 57,7 bilh?es de d?lares, ante 49,452 bilh?es de d?lares em 2019.

A conta foi feita em dezembro e deve ser atualizada pela autoridade monet?ria na quinta-feira, na publica??o do Relat?rio Trimestral de Infla??o.

SA?DA DE INVESTIMENTOS

De acordo com o BC, a sa?da l?quida de investimentos em portf?lio no Brasil chegou a 3,358 bilh?es de d?lares em fevereiro, com retirada l?quida de 4,495 bilh?es de d?lares em a??es e fundos de investimento e ingresso de 1,137 bilh?o de d?lares em t?tulos de d?vida.

Considerando apenas o investimento em a??es, inclusive os pap?is de empresas brasileiras negociados no mercado externo, houve sa?da l?quida de 4,428 bilh?es de d?lares em fevereiro, pior resultado num m?s desde outubro de 2008 (-6,065 bilh?es de d?lares), quando o mundo estava mergulhado na crise financeira.

Isso aconteceu a despeito de fevereiro ter sido marcada pela bilion?ria venda de a??es da Petrobras detidas pelo BNDES.

Questionado sobre o movimento, Rocha, do BC, reconheceu que 'os impactos da pandemia nos mercados financeiros s?o significativos'.

Ele destacou ainda que o BC est? 'tomando todas as medidas necess?rias para garantir a liquidez, em moeda estrangeira e nacional, e o funcionamento dos mercados'.

Nos dois primeiros meses do ano, a sa?da l?quida de investimentos do mercado dom?stico foi de 1,907 bilh?o de d?lares, com saques l?quidos de 8,606 bilh?es de d?lares em a??es e fundos de investimento e entrada de 6,699 bilh?es de d?lares em t?tulos de d?vida.

Na parcial de mar?o at? o dia 23, a retirada l?quida de a??es e fundos de investimento ? de 6,109 bilh?es de d?lares e de 10,528 bilh?es de d?lares em t?tulos da d?vida, j? superando a marca hist?rica de um m?s fechado, de sa?da de 9,014 bilh?es de d?lares de investimentos em carteira em dezembro de 2014.

Escrito por Reuters

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