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Corrupção em Angra 3 bancou reforma da casa de filha de Temer, diz juiz ao prender ex-presidente

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Por Ricardo Brito

BRAS?LIA (Reuters) - Uma reforma na casa de Maristela Temer, uma das filhas do ex-presidente Michel Temer, foi custeada com recursos de um esquema de corrup??o e lavagem de dinheiro de um contrato relacionado ? constru??o da usina de Angra 3 pela Eletronuclear, afirmou o juiz federal Marcelo Bretas ao decretar a pris?o de Temer e de outros suspeitos de envolvimento no esquema il?cito.

Respons?vel pela opera??o Lava Jato no Rio de Janeiro, Bretas diz em sua decis?o que o Minist?rio P?blico Federal afirma que o crime de lavagem de dinheiro em benef?cio de Temer e da fam?lia ocorreu, principalmente, pela atua??o de quatro operadores financeiros, dentre eles o coronel da reserva da Pol?cia Militar de S?o Paulo Jo?o Baptista Lima Filho, amigo do ex-presidente e tamb?m preso nesta quinta-feira.

De acordo com as investiga??es, eles utilizavam contratos de presta??o de servi?os fict?cios para possibilitar o recebimento de propina.

O principal caso narrado no decreto de pris?o de Temer ? a reforma na casa de Maristela, que foi administrada pela mulher do coronel Lima e s?cia na empresa que venceu o contrato para a constru??o de Angra 3, Maria Rita Fratezi, que chegou a admitir no curso das investiga??es que pagava os fornecedores 'em dinheiro vivo', alcan?ando o valor de 1,3 milh?o de reais.

'Destarte, h? fortes ind?cios de que a reforma da resid?ncia de Maristela Temer ocorreu com a utiliza??o de numer?rio il?cito proveniente de propina, em tese, recebida diretamente na Argeplan, por coronel Lima e Maria Rita, em nome de Temer', disse Bretas.

'Desse modo, a obra realizada na resid?ncia da filha do ex-presidente teria sido uma forma de escamotear parte dos valores recebidos pelo pol?tico e seu operador financeiro', completou Bretas na decis?o de 46 p?ginas, obtida pela Reuters nesta quinta-feira.

Al?m de documentos colhidos no curso da investiga??o, a dela??o premiada do ex-s?cio da Engevix Jos? Antunes Sobrinho foi outro importante elemento para levar o ex-presidente ? pris?o.

Na colabora??o, Sobrinho disse que a empresa do coronel Lima, que se associou ? Engevix para o contrato na Eletronuclear, n?o tinha qualifica??o t?cnica para participar da licita??o para a obra de Angra 3, mas conseguiu se associar a outras empresas em raz?o da influ?ncia pol?tica que detinha com o ent?o presidente da empresa nuclear, o almirante Othon Pinheiro.

Em depoimento, Sobrinho chegou a narrar um encontro que teve com Temer e Lima no qual o ex-presidente disse que o coronel possu?a carta branca para atuar em seu nome.

ORGANIZA??O CRIMINOSA

Na decis?o, Bretas afirmou que Temer '? o l?der da organiza??o criminosa' e o 'principal respons?vel pelos atos de corrup??o' descritos pelo Minist?rio P?blico Federal, por sua posi??o hier?rquica de vice-presidente ou de presidente da Rep?blica e pela pr?pria atitude de chancelar negocia??es de Lima.

Bretas afastou na decis?o qualquer tipo de entendimento de que o caso sob investiga??o poderia ser de compet?ncia da Justi?a Eleitoral. ? um esclarecimento a respeito da decis?o da semana passada tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que estabeleceu que investiga??es de corrup??o e lavagem de dinheiro que tenham rela??o com crimes eleitorais, como caixa dois, t?m de ir para a Justi?a Eleitoral e n?o ficar com a Justi?a criminal.

'N?o existe, por ora, nenhum ind?cio de que os requeridos estariam recolhendo valores para financiamento de campanhas pol?ticas. Pelo contr?rio, s?o apresentadas v?rias evid?ncias de que foi instaurada uma gigantesca organiza??o criminosa em nosso pa?s, cujo ?nico prop?sito ? recolher parte dos valores pagos em contratos p?blicos e dividi-los entre os participantes do esquema', disse.

'A lavagem do dinheiro ilicitamente recebido na reforma do im?vel de Maristela Temer seria exemplo eloquente da utiliza??o pessoal da propina recebida', completou.

Escrito por Redação

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