Crise na Argentina dificulta acordo Mercosul/UE e inviabiliza livre comércio de veículos, diz fonte
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Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A crise econ?mica na Argentina est? dificultando a conclus?o das negocia??es que se arrastam h? cerca de duas d?cadas entre Mercosul e Uni?o Europeia, afirmou uma fonte do governo brasileiro pr?xima das discuss?es.
Al?m disso, a instabilidade argentina ? uma barreira praticamente intranspon?vel para a cria??o de um regime de livre com?rcio com o Brasil no setor automotivo a partir de 2020, disse a fonte que pediu anonimato.
Uma reuni?o entre representantes do Mercosul para tratar do acordo com os europeus est? marcada para o fim deste m?s em Bras?lia e a expectativa ? que uma rodada contando com a presen?a de negociadores da UE possa ocorrer no m?s que vem no Uruguai.
Para interlocutores brasileiros, uma acordo entre UE e Mercosul nunca esteve t?o pr?ximo dados os avan?os obtidos em reuni?es t?cnicas dos dois blocos sobre temas ligados a produtos agr?colas, destaques da pauta exportadora sul-americana e de produtos industriais, principais produtos dos europeus.
Mas a fragilidade econ?mica da Argentina, que enfrenta forte desvaloriza??o cambial al?m de um crise institucional com esc?ndalos de corrup??o envolvendo integrantes de governos anteriores e do Congresso local, est?o desestabilizando as negocia??es.
'Ficou mais dif?cil fechar um acordo (com a Argentina e UE) nessa situa??o', disse a fonte. 'N?o ficou invi?vel, mas mais complicado', adicionou a fonte.
Representantes do governo brasileiro apostavam que agosto seria um prazo limite para um acordo entre os blocos comerciais, mas diante das dificuldades da Argentina e da necessidade de vontade pol?tica de ambos os lados, essa data n?o ser? mais cumprida.
Al?m do com?rcio automotivo, na pauta das tratativas est?o discuss?es geogr?ficas, defini??o do crit?rio de origem dos produtos e transporte mar?timo das mercadorias que ser?o transacionadas pelas partes.
Mesmo que um acordo possa ser fechado este ano e um acerto pol?tico seja feito em seguida, a reda??o t?cnica do pacto comercial entre os blocos ainda levar? alguns meses. O texto do acordo ficaria para ser aprovado no Brasil pelo pr?ximo Congresso que ser? formado a partir das elei??es deste ano.
'Faltam poucos pontos de converg?ncia com a posi??o da Europa, mas diante desse cen?rio da Argentina ficou mais complicado', disse a fonte.
Na quest?o automotiva, os europeus est?o irredut?veis em sua posi??o. O n? da negocia??o est? na defini??o de partes e pe?as de um autom?vel e percentual de origem desses produtos intra e extra blocos.
'Pela situa??o da Argentina, pode parecer que estamos (Mercosul) precisando mais de um acordo que eles (UE). Eles se prenderam em suas posi??es e n?o est?o flex?veis, mas querem que a gente flexibilize, por exemplo no setor agr?cola', disse a fonte.
SEM AUTOMOTIVO COM ARGENTINA
A crise no pa?s vizinho tamb?m inviabilizou o fechamento de uma acordo para a cria??o de uma zona de livre com?rcio entre Brasil e Argentina no setor automotivo. O acordo atual, com regras e par?metros para a exporta??o de ve?culos entre os pa?ses vence em 2020.
Nos ?ltimos anos criou-se a expectativa de que um acordo de livre com?rcio poderia ser discutido e selado, mas segundo a fonte n?o ser? em 2020 que ele vai poder se concretizar.
'Tem que ser claro: s? vamos para livre com?rcio quando a Argentina tiver condi??o de cumprir esse acordo direito', disse a fonte. '? melhor fazer em fases e reequilibrando acordo a acordo, dando conforto...Enquanto a Argentina n?o tiver condi??o estrutural e econ?mica n?o d? fazer', acrescentou.
A Argentina ? o principal destino de exporta??es brasileiras de ve?culos e autope?as. No in?cio do ano, 75 por cento das vendas externas do Brasil no setor foram para o pa?s vizinho, um volume de 253 mil ve?culos, afirmou a associa??o de montadoras Anfavea em maio. De l? pra c?, ap?s a Argentina elevar os juros no pa?s para 45 por cento, os embarques ca?ram e obrigaram a Anfavea a rever suas estimativas para o ano.
GUERRA COMERCIAL
A fonte afirmou que dados da balan?a comercial j? apontam para um ganho por parte do Brasil com o acirramento da disputa comercial entre Estados Unidos e China, mas avalia que estes ganhos s?o de curto prazo.
De imediato, o Brasil tem se beneficiado com o aumento das exporta??es de soja, um dos principais produtos da pauta agr?cola exportadora nacional e que tem os Estados Unidos como principal concorrente. Com barreiras impostas ao produto norte-americano, o Brasil tem aumentado os embarques de gr?os para a China.
Mas, no m?dio e longo prazos, esse cen?rio n?o deve persistir, segundo a fonte. Isto porque o acirramento do protecionismo causar? menor crescimento global, menos demanda de produtos agr?colas e pre?os mais baixos. A soja brasileira est? embarcando com um certo b?nus de pre?o por conta dessa prefer?ncia chinesa ao produto nacional, disse a fonte.
'Esperamos uma solu??o para a guerra comercial para n?o sermos afetados? temos sim preocupa??es', disse a fonte ao destacar que o governo brasileiro vem tentando uma maior penetra??o de derivados da soja, como ?leo de soja, no mercado chin?s via sistema de cotas.
Enquanto isso, o Brasil segue negociando com a China uma derrubada de sobretaxas do pa?s sobre carne de frango e a??car brasileiros, mas j? h? uma aval do Conselho de Ministros da C?mara de Com?rcio Exterior (Camex) para um estudo sobre a medida da China. A possibilidade do governo brasileiro mover uma a??o contra a China na Organiza??o Mundial de Com?rcio (OMC) est? em an?lise.
'? evidente que n?o h? dumping nosso no mercado chin?s e esperamos que isso seja resolvido, mas caso n?o seja, o Brasil n?o descarta nenhuma possibilidade', acrescentou a fonte. Nesta sexta-feira, a China anunciou que estendeu por seis meses a investiga??o da pr?tica de dumping nas exporta??es brasileiras de frango para o mercado chin?s.
Em outra frente, o Brasil est? negociando a reabertura da R?ssia para a carne brasileira. A R?ssia imp?s restri??es ao produto brasileiro ap?s a opera??o Carne Fraca, da Pol?cia Federal, ter levantado d?vidas sobre os processos de fiscaliza??o do produto vendido no exterior.
Segundo a fonte, os russos t?m feito algumas exig?ncias para derrubarem as restri??es ? carne brasileira. O pa?s ? um grande exportador de carne su?na para a R?ssia e para tentar retomar uma rela??o normal nesse mercado, pode flexibilizar a entrada de bacalhau russo. 'O com?rcio ? feito de gestos e trocas desde que n?o hajam barreiras sanit?rias voc? vai construindo solu??es para eliminar essas barreiras', disse a fonte ao destacar que novas concess?es em outros setores podem facilitar o fim do embargo russo ? carne nacional.
Escrito por Redação
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