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Cuba decide retirar profissionais do Mais Médicos; Bolsonaro diz que dará asilo a cubanos

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Por Nelson Acosta e Mateus Maia

HAVANA/BRAS?LIA (Reuters) - Cuba anunciou nesta quarta-feira que vai se retirar do programa Mais M?dicos, que durante cinco anos tem enviado especialistas de sa?de da ilha ao Brasil, depois que o presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou que iria modificar os termos de colabora??o da iniciativa e estabeleceu condi??es ao governo cubano.

Bolsonaro comparou a atua??o dos m?dicos cubanos no programa Mais M?dicos a trabalho escravo e garantiu que, quando assumir o governo, 'o cubano que quiser pedir asilo aqui vai ter'.

'Eu jamais faria um acordo com Cuba nesses termos. Isso ? trabalho escravo, n?o ? nem an?logo ? escravid?o, ? trabalho escravo, n?o poderia compactuar com isso da?', disse Bolsonaro em entrevista coletiva em Bras?lia.

O presidente eleito tamb?m questionou a capacidade dos m?dicos cubanos, afirmando aos jornalistas 'duvidar' que algu?m quisesse ser atendido por um dos profissionais de sa?de da ilha e afirmando ter relatos de 'barbaridades' cometidos por m?dicos cubanos no pa?s.

A televis?o estatal cubana informou, ao ler comunicado do Minist?rio de Sa?de de Cuba, que Bolsonaro, 'com refer?ncias diretas, depreciativas e amea?adoras ? presen?a de nossos m?dicos, tem declarado e reiterado que modificar? os termos e condi??es do programa Mais M?dicos, com desrespeito ? Organiza??o Pan-Americana da Sa?de e ao que foi acordado por esta com Cuba'.

Logo ap?s o an?ncio de Havana, Bolsonaro foi ao Twitter para afirmar que o governo cubano n?o aceitou as condi??es de seu governo para a manuten??o da ilha no Mais M?dicos, entre elas o pagamento integral dos sal?rios aos profissionais cubanos que atuam no pa?s.

De acordo com o presidente eleito, a maior parte dos vencimentos tem como destino a 'ditadura' da ilha caribenha, e a decis?o cubana de abandonar o Mais M?dicos n?o leva em conta os impactos na sa?de dos brasileiros e na integridade dos m?dicos cubanos.

'Condicionamos ? continuidade do programa Mais M?dicos a aplica??o de teste de capacidade, sal?rio integral aos profissionais cubanos, hoje maior parte destinados ? ditadura, e a liberdade para trazerem suas fam?lias. Infelizmente, Cuba n?o aceitou', escreveu Bolsonaro na rede social.

'Al?m de explorar seus cidad?os ao n?o pagar integralmente os sal?rios dos profissionais, a ditadura cubana demonstra grande irresponsabilidade ao desconsiderar os impactos negativos na vida e na sa?de dos brasileiros e na integridade dos cubanos', acrescentou.

Cuba participa desde agosto de 2013 do Mais M?dicos, programa criado durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff com o objetivo de ampliar o atendimento m?dico no pa?s a cidad?os de baixa renda.

O Minist?rio da Sa?de cubano disse que comunicou sua decis?o ? Organiza??o Pan-Americana de Sa?de (Opas) e aos pol?ticos brasileiros que 'fundaram e defenderam essa iniciativa'.

Em nota, o Minist?rio da Sa?de do Brasil informou que vai convocar 'nos pr?ximos dias um edital para m?dicos que queiram ocupar as vagas que ser?o deixadas pelos profissionais cubanos' e que desde 2016 vem trabalhando para diminuir os m?dicos cubanos no programa.

'At? aquela data, cerca de 11.400 profissionais de Cuba trabalhavam no Mais M?dicos. Neste momento, 8.332 das 18.240 vagas do programa est?o ocupadas por eles', acrescentou.

De acordo com o governo cubano, cerca de 20.000 m?dicos atenderam 113 milh?es de pacientes brasileiros em mais de 3.000 munic?pios do pa?s. Os profissionais ficam com 25 por cento dos mais de 3.000 d?lares pagos pelo Brasil ? ilha por cada m?dico por m?s, com 75 por cento ficando com o governo de Havana.

Os servi?os de sa?de de Cuba, que est?o presentes em 67 pa?ses, se tornaram uma das principais fontes de receita em d?lares para Havana, assim como o turismo.

Por meio da Opas, os m?dicos cubanos colaboraram na luta contra o Ebola na ?frica e os problemas de vis?o na Am?rica Central e no Caribe, al?m de estarem presentes em pa?ses como Equador, Peru, Chile, M?xico e Venezuela, entre outros.

O fim da parceria com Cuba foi lamentado pelo governador eleito do Esp?rito Santo, Renato Casagrande (PSB), que participava de encontro de governadores eleitos com Bolsonaro em Bras?lia no momento do an?ncio da ilha.

?? mais um problema para gestores estaduais e mais ainda para munic?pios, que est?o quebrados. Munic?pio n?o tem capacidade de pagar os m?dicos para ficar nas comunidades?, disse Casagrande a jornalistas.

(Reportagem adicional de Eduardo Sim?es, em S?o Paulo, e Lisandra Paraguassu e Mateus Maia, em Bras?lia)

Escrito por Redação

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