Desembolso para programa de renovação de canaviais despenca, mas BNDES vê melhora

Por Jos? Roberto Gomes

S?O PAULO (Reuters) - Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ?mico e Social (BNDES) para o Prorenova despencaram e caminham para fechar o ano abaixo do registrado em 2017, refletindo a crise do setor sucroenerg?tico, embora a institui??o j? vislumbre uma melhora ap?s modifica??es na linha de financiamento para renova??o de canaviais.

Um menor investimento nas planta??es pode impactar a produtividade da pr?xima safra, cujo in?cio oficial ? em abril, eventualmente colaborando para diminuir a disponibilidade de mat?ria-prima para fabrica??o de a??car e etanol no Brasil, o maior produtor global de cana-de-a??car.

? Reuters, o banco informou que os desembolsos no primeiro semestre somaram apenas 25 milh?es de reais, queda de 82 por cento na compara??o anual. A primeira metade do ano geralmente concentra as opera??es, o que leva o BNDES a apostar em um resultado total para 2018 aqu?m dos 234 milh?es de reais computados em 2017.

'O n?mero deve crescer ainda, mas n?o deve superar o do ano passado', disse o gerente setorial do Departamento do Complexo Agroalimentar e Biocombust?veis do BNDES, Artur Yabe Milanez.

Apesar de o banco considerar os desembolsos por ano civil, o Prorenova segue o calend?rio de ano-safra (julho a junho), em linha com o Plano Safra montado anualmente pelo Minist?rio da Agricultura. Tanto no ciclo anterior quanto no atual, a disponibilidade de recursos ? de 1,5 bilh?o de reais.

O volume efetivamente repassado pelo BNDES vem caindo h? alguns anos. Em 2015, somou 554 milh?es de reais, enquanto em 2016, 296 milh?es. Desde que foi lan?ado, em 2012, o Prorenova j? desembolsou quase 5 bilh?es de reais e viabilizou o plantio de mais de 1,5 milh?o de hectares de canaviais, segundo o banco.

A retra??o nos desembolsos se segue a anos de dificuldades financeiras no setor sucroenerg?tico brasileiro.

Recentemente atingida pela queda das cota??es internacionais do a??car, a ind?stria encarou controle de pre?os da gasolina em governos anteriores, com impacto negativo na produ??o de etanol, o que resultou em dezenas de usinas fechadas e no envelhecimento das planta??es.

RECUPERA??O

O BNDES j? prev? uma melhora nesse cen?rio, com ind?strias se recuperando e tendo no radar o RenovaBio, a nova pol?tica nacional de biocombust?veis. Fora isso, mudan?as no Prorenova tamb?m respondem por essa avalia??o.

'Fizemos altera??es para catapultar n?o s? as opera??es diretas, mas tamb?m as indiretas, com agentes financeiros. Imaginamos que a partir de outubro, novembro, esses agentes passar?o a encaminhar opera??es do Prorenova para o BNDES', disse o chefe do Departamento de Canais de Distribui??o e Parcerias do banco, Caio Ara?jo.

Conforme ele, h? 277 milh?es de reais em opera??es do Prorenova protocoladas no BNDES, com os recursos saindo futuramente.

Neste ano, o prazo de pagamento do Prorenova subiu para sete anos, de seis anteriormente, com o limite de financiamento passando para 80 por cento do valor do plantio por hectare, versus 60 por cento no programa anterior.

Outra altera??o importante foi a condi??o de opera??es diretas com o BNDES. 'Antes as condi??es eram menos favor?veis para o interm?dio. O que a gente fez foi aumentar a remunera??o do agente financeiro', disse Ara?jo.

O setor sucroenerg?tico brasileiro v? como positivas as mudan?as, mas diz que as dificuldades financeiras impedem, de fato, uma tomada maior de recursos.

'Evidentemente, as empresas com dificuldades de operar com os bancos tamb?m ter?o dificuldades de operar diretamente com o BNDES. No entanto, as empresas t?m se manifestado positivamente com as altera??es efetuadas', afirmou o diretor t?cnico da Uni?o da Ind?stria de Cana-de-a??car (Unica), Antonio de Padua Rodrigues.

A entidade ? a principal associa??o do segmento no centro-sul, regi?o que responde por mais de 90 por cento do processamento anual de cana no pa?s.

(Por Jos? Roberto Gomes)