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Diretor-geral da PF vai deixar o cargo e Moro tenta fazer sucessor, diz fonte

Placeholder - loading - 13/04/2020. REUTERS/Adriano Machado
13/04/2020. REUTERS/Adriano Machado

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Por Ricardo Brito

BRAS?LIA (Reuters) - O diretor-geral da Pol?cia Federal, Maur?cio Valeixo, vai deixar o cargo para o qual foi escolhido pessoalmente pelo ministro da Justi?a e Seguran?a P?blica, Sergio Moro, desde o in?cio do governo Jair Bolsonaro, disse ? Reuters uma fonte com conhecimento direto do assunto nesta quinta-feira.

Moro trabalha para fazer o sucessor de Valeixo no cargo e disse que n?o aceita a escolha de um nome do presidente ou uma indica??o pol?tica. Se isso ocorrer, o ministro vai deixar o governo, disse essa fonte.

Mais cedo, em reuni?o no Pal?cio do Planalto, Bolsonaro avisou a Moro que iria trocar o chefe da PF, disse a fonte. O ministro da Justi?a disse ao presidente inicialmente que n?o via sentido em permanecer no cargo caso houvesse a mudan?a de Valeixo, segundo a fonte.

Os ministros da Casa Civil, Braga Netto, do Gabinete de Seguran?a Institucional, Augusto Heleno, e da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, come?aram a atuar ent?o para garantir a perman?ncia de Moro e passaram a buscar uma solu??o que atenda tanto ao ministro da Justi?a quanto ao presidente.

Segundo a assessoria de imprensa do Minist?rio da Justi?a, Moro n?o pediu demiss?o do cargo. O ministro ganhou notoriedade por seu trabalho como juiz da opera??o Lava Jato e ? um dos mais populares ministros do governo.

A sa?da de Valeixo ? uma derrota para Moro, que escolheu o chefe da PF no in?cio do governo, em janeiro do ano passado. Os dois trabalharam juntos na Lava Jato em Curitiba (PR) --Valeixo foi superintendente da PF no Estado. Oficialmente, a asssesoria?de imprensa da corpora??o n?o se manifestou sobre o assunto.

Essa n?o foi a primeira vez, no entanto, que Bolsonaro buscou trocar a chefia da pol?cia.

Em agosto do ano passado, o presidente disse que pretendia trocar Valeixo e destacou na ocasi?o ser o respons?vel pela indica??o do chefe da pol?cia e n?o Moro, a quem a institui??o ? funcionalmente ligada. Mas na ocasi?o a mudan?a n?o prosperou ap?s Moro tamb?m ter amea?ado sair.

Uma segunda fonte avaliou que a troca do diretor-geral da PF pode ser vista como um movimento de Bolsonaro para provocar Moro, a quem o v? com desconfian?a e como potencial advers?rio na sucess?o presidencial em 2022. A discuss?o sobre o comando da pol?cia seria apenas uma isca em todo esse lance, na avalia??o dessa fonte. 'O presidente quer testar para ver at? onde Moro vai', disse.

Em um ano e quatro meses, o ministro da Justi?a --um dos mais populares integrantes do governo-- teve embates com o presidente e com parte do Congresso Nacional, que o retaliou por a??es quando ele esteve ? frente da Lava Jato como na desidrata??o do chamado pacote anticrime.

A iniciativa do presidente de mudar o comando da PF ocorre ap?s o Supremo Tribunal Federal (STF) ter autorizado a abertura de um inqu?rito para apurar os organizadores de atos do domingo que pediram o fechamento da corte, do Congresso e uma interven??o militar.

Bolsonaro participou de um dos atos em frente ao QG do Ex?rcito em Bras?lia. O presidente, no entanto, n?o ? alvo da apura??o, que ser? conduzida pela PF e foi requerida pelo procurador-geral da Rep?blica, Augusto Aras.

O presidente tamb?m se aproximou nas ?ltimas semanas de parlamentares do centr?o, grupo de influente partidos no Congresso e que t?m parlamentares como alvo da opera??o Lava Jato.

A nova investida de Bolsonaro sobre a PF ocorre depois tamb?m de o presidente ter demitido na semana passada Luiz Henrique Mandetta, titular da Sa?de e que ficou bastante popular durante o combate ? epidemia do coronav?rus no pa?s.

REUNI?O

O coordenador da Frente Parlamentar da Seguran?a P?blica, deputado federal Capit?o Augusto (PL-SP), disse ter conversado por telefone duas vezes com Moro nesta quinta-feira. A primeira delas, por volta das 11h, quando tratou de marcar uma reuni?o com o ministro na pr?xima ter?a-feira a fim de tratar sobre quest?es referentes a soltura de presos.

Posteriormente, os dois voltaram a se falar ?s 14h, assim que surgiram informa??es de eventual sa?da de Moro, o coordenador da bancada da bala quis saber se o encontro da semana que vem iria ocorrer. Segundo o deputado, Moro disse que a reuni?o estava mantida e a not?cia da sa?da dele n?o procedia.

Na manh? desta quinta, o diretor-geral da PF teve uma reuni?o por videoconfer?ncia com superintendentes?da corpora??o dos 27 Estados e do Distrito Federal. No encontro, segundo uma fonte, ele mencionou que n?o tem apego ao cargo ao lembrar que a fun??o ? de livre nomea??o.

O presidente da Associa??o de Delegados da Pol?cia Federal, Edvandir Paiva, admitiu ? Reuters na tarde desta quinta que o diretor-geral da PF n?o estava confort?vel no cargo desde o ano passado. Disse que ele ? um policial s?rio, mas toda hora h? essa conversa de troca na PF mesmo sem ele ter feito 'nada de errado'.

'A? ele vai se cansando, me parece natural que ap?s um ano e meio nesse processo, ele queira sair', disse Paiva ? Reuters. 'Quem vai ficar nesse processo?', questionou.

(Reportagem adicional de Lisandra Paraguassu)

Escrito por Reuters

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