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Diretoria da Vale não soube de risco maior apontado por especialistas, diz CFO

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Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A diretoria da mineradora Vale n?o havia tido conhecimento dos documentos internos de seguran?a que indicavam que a barragem que se rompeu em Brumadinho (MG) estava em zona de aten??o, afirmou nesta ter?a-feira a jornalistas o diretor financeiro da companhia, Luciano Siani.

A afirma??o vem ap?s a Reuters antecipar na v?spera que a empresa estava ciente, no ano passado, de que a barragem de rejeitos da mina C?rrego do Feij?o, que entrou em colapso no m?s passado matando pelo menos 165 pessoas, tinha um risco elevado de ruptura, segundo documentos elaborados por especialistas.

Siani afirmou que ? discut?vel se detalhes t?cnicos sobre as barragens devem chegar ao n?vel da diretoria, pois a medida poderia reduzir a agilidade de tomadas de decis?es.

Al?m disso, ele pontuou que as medidas recomendadas pelos documentos, gerados por especialistas nacionais e internacionais, j? estavam sendo atendidas pela empresa para agregar maior seguran?a.Os documentos, segundo o executivo, recomendavam dar sequ?ncia a redu??o do n?vel de ?gua e avan?o para a descaracteriza??o da barragem, o que j? estava sendo realizado.

O CFO frisou que a informa??o recebida pela diretoria foi de que a barragem estava est?vel.

'Existia muita controv?rsia contra essa recomenda??o de passar detalhes t?cnicos para a alta gest?o', afirmou Siani, em uma coletiva de imprensa na sede da companhia, no Rio de Janeiro.

'A situa??o ? muito parecida com a de um avi?o. Se um mec?nico e um piloto detectam um problema, eles t?m que ter autonomia para tomar decis?es imediatas no campo e, voc? escalar isso na hierarquia da empresa, pode significar diferen?a entre tomar atitude r?pida ou n?o tomar.'

Siani destacou que tomou conhecimento do workshop t?cnico, que deu origem aos documentos, realizado com especialistas internacionais, apenas na segunda-feira.

O rompimento da barragem, que tinha mais de 12 milh?es de metros c?bicos de rejeitos de min?rio de ferro, liberou uma onda de lama que soterrou instala??es da empresa, comunidades, matas e afetou rios da regi?o.

'Essa estrutura, al?m de n?o ter risco iminente, n?o obteve nenhum sintoma de problemas e n?o teve subida de n?vel. Ent?o, automaticamente, n?o teve qualquer indica??o de a??o necess?ria', afirmou ele, ressaltando que a empresa seguiu todas as recomenda??es demandadas pela chamada zona de aten??o apontada pelos especialistas.

Questionado sobre como era a participa??o da diretoria da empresa em decis?es relacionadas ? seguran?a de barragens, o executivo afirmou que houve entre 2016 e o ano passado 46 reuni?es de ?rg?os da administra??o relativos ao tema de barragens, mas n?o entrou em detalhes.

De modo geral, segundo ele, as reuni?es sobre barragens apresentavam relat?rios de estabilidade para as opera??es e de acordo com a legisla??o.

CAUSAS

O executivo tamb?m afirmou que a barragem tinha 94 piez?metros --equipamento usado para medir o n?vel de ?gua--, dos quais 46 eram monitorados eletronicamente.

Siani admitiu que quatro deles tiveram problemas na configura??o de leitura, o que chegou a apontar problemas aparentes. Mas depois que eles foram configurados corretamente, ficou comprovado pela empresa que estava tudo dentro do esperado.

Relat?rio apresentado por uma auditoria externa TUV SUD no ano passado atestou a estabilidade da barragem. No documento, entretanto, a consultoria indicou 17 recomenda??es, todas elas atendidas, segundo Siani. O executivo ponderou que oito j? estavam conclu?das e nove estavam em andamento, mas dentro do prazo, quando ocorreu o rompimento da barragem.

A empresa permanece sem apontar causas para o rompimento da barragem. O caso ainda est? sendo investigado.

Uma autoridade ambiental de Minas Gerais disse ? Reuters anteriormente que todas as evid?ncias sobre a poss?vel causa do problema apontavam para a liquefa??o, processo pelo qual um material s?lido como areia perde for?a e rigidez e se comporta mais como um l?quido.

A liquefa??o foi a causa de outro colapso mortal de barragem em 2015, em Mariana.

Escrito por Redação

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