Dirigentes partidários indicam apoio à reforma da Previdência, mas cobram interlocução com governo
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Por Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito
BRAS?LIA (Reuters) - Mesmo n?o tendo sido procurados at? o momento pelo governo do presidente Jair Bolsonaro, dirigentes de partidos independentes indicam apoio ? reforma da Previd?ncia que ser? encaminhada ao Congresso, mas j? cobram uma participa??o mais ativa no debate da proposta, mostrando insatisfa??o com a falta de informa??es e a falta de contato do governo.
Ainda na transi??o, l?deres partid?rios ouviram de Bolsonaro a promessa de que os partidos seriam chamados a conhecer a proposta da reforma antes de ser enviada ao Congresso para que se tentasse chegar a um consenso, mas nesse momento a equipe econ?mica promete enviar o projeto ao Congresso j? no final deste m?s, sem que os l?deres tenham sido consultados.
O presidente do PTB, Roberto Jefferson, disse que at? o momento nenhum interlocutor do governo o procurou para tratar do apoio do partido ? reforma. 'N?o h? nenhuma rela??o com os partidos, mas h? identidade com as teses da proposta da Previd?ncia', disse ele, ao destacar que o partido ? independente e vai votar conforme a convic??o pr?pria. O PTB foi um dos primeiros partidos a apoiar Bolsonaro no segundo turno da elei??o presidencial.
'Est? muito sem coordena??o. Tem que sentar para conversar, e n?o ? o l?der do governo. O governo tem que conversar', disse o l?der de um dos partidos da base, que pediu anonimato.
A simpatia pela ideia de reforma existe, afirma o parlamentar, mas o vazamento de propostas, depois a negativa do governo, a falta de informa??o sobre pontos b?sicos, como idade m?nima, a participa??o ou n?o de militares deixam os deputados incomodados.
'Vai ser muito mais f?cil se o governo sentar para conversar e tentar um consenso antes, como o presidente prometeu, do que ir negociar direto no Congresso', avaliou.
Roberto Jefferson, por exemplo, fez ressalvas a teses defendidas pela equipe econ?mica e a pontos da minuta da reforma que foi divulgada no in?cio da semana. Ele disse n?o crer no sucesso de um modelo de capitaliza??o com poupan?a pura, citando o exemplo do Chile, e defendeu que haja um sistema solid?rio com contribui??es dos empregadores.
O petebista disse ser contra o uso dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Servi?o (FGTS) para a capitaliza??o. '? um desvio de finalidade com o fundo. Pega o dinheiro do trabalhador para fazer a poupan?a, est?o tomando o dinheiro dele', criticou. Ele tamb?m se mostrou contra a ado??o de idade m?nima igual para homens e mulheres, conforme a minuta divulgada. 'A mulher tem dupla jornada', disse, ao defender 65 anos para os homens e 60 ou 62 para as mulheres.
'O governo n?o tem base, o governo tem teses que unem todos n?s em um certo momento', disse ele, indicando que o Pal?cio do Planalto ter? que negociar cada um dos pontos e n?o ter? como apresentar um pacote fechado.
Jefferson avalia que h? uma crise na bancada governista, inclusive com a rea??o ? lideran?a do Major Vitor Hugo (PSL-GO), escolhido por Bolsonaro para ser l?der do governo na C?mara.
O tamanho da base de sustenta??o de Bolsonaro no Congresso ainda ? desconhecido. O PSL, partido do presidente, tem 53 deputados e 4 senadores. S?o necess?rios 308 votos em dois turnos para aprovar a reforma da Previd?ncia na C?mara e, posteriormente, 49 votos tamb?m em dois turnos no Senado.
Outros parlamentares tamb?m est?o incomodados com a falta de interlocu??o do governo. 'N?o ? uma rebeli?o, at? porque nos declaramos independentes, mas h? uma insatisfa??o clara. H? uma falta de traquejo pol?tico', diz uma lideran?a partid?ria. 'N?s estamos dispostos a ajudar, mas o governo precisa se ajudar primeiro.'
Uma das novas lideran?as da base governista, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) afirma que o governo est? sim conversando com 'parlamentares-chave' da base aliada.
'Obviamente que ainda n?o com todos, para que outros detalhes, estrat?gias, n?o sejam vazados antes do momento. Mas est? tudo seguindo muito bem', afirmou. 'O texto est? praticamente pronto. Pode sofrer uma ou outra modifica??o ali, a depender dos desejos do presidente, mas est? quase conclu?do.'
MAESTRO
Antes sempre o fiel da balan?a nas vota??es pelo seu tamanho, hoje o MDB --por autodefini??o um partido m?dio, que tenta manter sua voz no Parlamento-- tamb?m promete apoio ? reforma, mesmo mantendo a postura de independ?ncia, mas cobra que o governo arrume um 'maestro', algu?m com capacidade de organizar a base.
Apesar da derrota de Renan Calheiros (AL) para presidir o Senado, em uma a??o que teve a influ?ncia direta do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, o discurso n?o ? de revanche, disseram ? Reuters fontes do partido. Um exemplo disso ? que o partido articula a indica??o do senador Fernando Bezerra (MDB-PE) como l?der do governo na Casa como forma de demonstrar 'comprometimento' com a agenda.
A avalia??o interna ? que o partido tem mais a ganhar ajudando o governo e que Renan deve se isolar dentro do partido. Embora n?o comente os detalhes da minuta divulgada, essa fonte avalia que a reforma final chegar? ao Congresso desidratada e que o governo ter? de contar com o apoio dos chamados 'pol?ticos profissionais' --que estariam quietos agora-- para fazer a proposta avan?ar.
Uma das principais cotadas para assumir a Comiss?o de Constitui??o e Justi?a CCJ da C?mara, a primeira Comiss?o onde deve tramitar a reforma, a deputada Bia Kicis (PSL-DF) est? confiante na aprova??o, mas reconhece que mesmo o texto final que ser? remetido pelo governo para a C?mara ter? uma 'margem de negocia??o'. 'Certamente o Congresso vai amaciar a proposta', disse.
Kicis nega que haja uma crise na bancada do PSL e que Vitor Hugo esteja sendo contestado, apesar dos trope?os nessa primeira semana de lideran?a. 'O Vitor Hugo ? uma pessoa extremamente capacitada, conta com o apoio de todos do PSL, n?o existe nenhuma dissid?ncia e conta com a confian?a do presidente, que conta muito', afirmou.
(Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello)
Escrito por Redação
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