Dólar tem mínima em 2 semanas com exterior, mas alívio é contido por incertezas locais

Por Jos? de Castro

S?O PAULO (Reuters) - O d?lar fechou em queda de mais de 1% e no menor patamar em duas semanas ante o real nesta quarta-feira, com as opera??es locais captando o bom humor externo com esperan?as de est?mulos e de reabertura das economias.

O d?lar ? vista caiu 1,23%, a 5,6902 reais na venda, m?nima desde o ?ltimo dia 5 (5,5902 reais).

Na B3, o d?lar futuro tinha queda de 1,34%, a 5,6860 reais, ?s 17h06.

No exterior, um ?ndice do d?lar contra uma cesta de moedas cedia 0,36%. Em Wall Street, os ?ndices S&P 500 e Nasdaq bateram m?ximas em v?rios meses, com investidores confiantes em mais est?mulos pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) e numa recupera??o econ?mica forte ap?s a reabertura das economias.

Na ata da ?ltima reuni?o de pol?tica monet?ria do Fed, divulgada nesta quarta-feira, os membros do BC norte-americano prometeram agir conforme apropriado para dar apoio ? economia. O Fed j? anunciou trilh?es de d?lares em medidas sem precedentes nesta crise a fim de amparar o sistema financeiro, a economia e amenizar problemas no mercado de financiamento em d?lares.

Moedas emergentes pares do real se valorizavam, com destaque para os ganhos de mais de 2% de peso mexicano e rand sul-africano.

Contudo, embora o real tenha seguido a toada externa, ainda registrou desempenho aqu?m de v?rios de seus rivais emergentes mais pr?ximos --comportamento recorrente e que, segundo analistas, se deve a fatores idiossincr?ticos.

O d?lar est? 3,58% abaixo do recorde hist?rico nominal para um fechamento alcan?ado em 13 de maio (5,9012 reais na venda), mas para Felipe Pellegrini, gerente de tesouraria do Travelex Bank, ainda ? 'muito cedo' para se falar em revers?o de tend?ncia de alta.

Ele cita, entre os fatores, a incerteza sobre o andamento da crise de sa?de p?blica no Brasil. 'Estamos com os n?meros (de mortes e casos de coronav?rus) nas m?ximas, mas n?o sabemos se isso ? o pico ainda', disse.

A leitura ? que, quanto mais demorar para achatar a curva de casos e mortes no Brasil, mais tempo a economia levar? para se recuperar.

Pellegrini calcula que o d?lar dever? operar num intervalo entre 5,40 reais e 5,80 reais ao longo deste ano. 'Mas, no curto prazo, ? poss?vel que cheguemos aos 6,20 reais', afirmou.

A taxa de 6,20 reais tamb?m ? esperada pelo Credit Suisse no curto prazo. O banco disse n?o estar pronto para 'jogar a toalha' sobre estrat?gia de preterir o real ante outras divisas emergentes, j? que o mant?m na lista de divisas fiscal ou politicamente expostas, e classificou a moeda brasileira como 't?xica'.

Evid?ncia da incerteza do investidor com o c?mbio, a volatilidade impl?cita das op??es de d?lar/real para tr?s meses segue como a mais alta entre as principais divisas emergentes, bem acima de 20% e perto dos picos do ano, enquanto medidas equivalentes para v?rios rivais do grupo est?o em queda h? semanas.

'Est?o todos esperando a decis?o do (ministro do STF) Celso de Mello sobre o v?deo da reuni?o ministerial. Dependendo do teor desse v?deo podemos ter uma guinada para cima ou para baixo (no d?lar)', disse Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.

Arbetman se referiu a um v?deo apontado como importante prova dentro do inqu?rito em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) que apura as acusa??es feitas pelo ex-ministro da Justi?a Sergio Moro de que o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir no comando da Pol?cia Federal. Celso de Mello, relator do caso, vai decidir se divulga o v?deo da reuni?o ministerial.

Em termos nominais, o real cai 29,48% ante o d?lar neste ano, pior desempenho global. J? a taxa efetiva real de c?mbio do real recua 19,91% at? abril (segundo ?ltimos dados dispon?veis), para o menor patamar desde novembro de 2004, conforme n?meros do Banco de Compensa??es Internacionais (BIS, na sigla em ingl?s) atualizados nesta quarta-feira.