Efeito do coronavírus é mais direto e liquidamente negativo do que escalada do dólar, diz Waldery
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Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O efeito do coronav?rus ? negativo sobre a economia enquanto a recente escalada do d?lar frente ao real tem implica??es para os dois lados, afirmou o secret?rio especial da Fazenda do Minist?rio da Economia, Waldery Rodrigues.
Em entrevista ? Reuters na noite de quinta-feira, ele ponderou que, para efeitos de influ?ncia no Produto Interno Bruto (PIB), a alta da moeda norte-americana tem impactos positivos e negativos. Esses movimentos, embora complexos, podem eventualmente se compensar.
Quanto ao coronav?rus, h? um n?vel de alerta maior dentro do governo, que monitora de perto as consequ?ncias da dissemina??o do surto para o crescimento da China, expans?o da economia global e consequentes reflexos para o Brasil.
'O c?mbio pode influenciar o consumo privado, mas influencia tamb?m a demanda externa, composta por importa??o e exporta??o. O efeito l?quido n?o ? diretamente medido. J? um efeito de uma epidemia ou de um coronav?rus ? mais direto e liquidamente negativo?, disse Waldery.
Nesta sexta-feira, o d?lar seguia em alta pela oitava sess?o consecutiva, chegando a ultrapassar os 4,50 reais, embalado por temores de um impacto mais forte do coronav?rus na economia global.
Em rela??o ao PIB brasileiro, Waldery afirmou que, por ora, a perspectiva de alta em 2020 segue em 2,4%, j? que as proje??es ainda n?o foram revisadas.
Mas o secret?rio de Pol?tica Econ?mica, Adolfo Sachsida, indicou ao jornal Estado de S. Paulo que o coronav?rus pode levar o governo a cortar sua proje??o.
? Reuters, Sachsida avaliou nesta sexta-feira que o cen?rio piorou das ?ltimas duas semanas para c? e que o governo ainda analisa se divulgar? novos n?meros.
'Teremos uma resposta mais clara semana que vem', disse ele.
H? cerca de 10 dias, Sachsida havia dito que o coronav?rus ainda n?o impactara a economia brasileira, mas que a secretaria de Pol?tica Econ?mica seguia atenta, pelo lado da oferta, a uma eventual falta de pe?as que v?m da China para empresas brasileiras e, pelo canal da demanda, ao comportamento do pre?o de commodities.
Waldery, por sua vez, destacou que a posi??o da equipe econ?mica ? de cautela e acompanhamento num momento em que o coronav?rus n?o est? mais restrito ? China e ? ?sia.
Economistas reduziram mais uma vez suas contas para a alta do PIB neste ano a 2,20%, conforme boletim Focus mais recente, feito pelo BC junto a uma centena de profissionais.
Algumas casas, como o Bank of America e o Banco Fator, j? v?em uma expans?o abaixo de 2% para este ano --em 1,9% e 1,4%, respectivamente.
Em condi??o de anonimato, uma importante fonte do governo reconheceu que a vis?o hoje ? de que o crescimento econ?mico ficar? neste ano 'mais para perto de 2% mesmo'.
'Nossa preocupa??o ? mais com o fluxo de investimentos da China, que tende a diminuir com o corona, do que com a balan?a e o PIB?, adicionou outra fonte do governo, tamb?m em sigilo.
OTIMISMO COM O CONGRESSO
Apesar do aumento da temperatura nesta semana na rela??o entre os poderes Executivo e Legislativo ap?s o presidente Jair Bolsonaro compartilhar v?deo estimulando as pessoas a irem protestar no dia 15 de mar?o, Waldery segue prevendo a aprova??o das propostas do pacote do pacto federativo no primeiro semestre.
Algumas publica??es em redes sociais chamando para os protestos defenderam o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), com ataques aos presidentes da C?mara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
'O pacto federativo ? de interesse de todas as partes --Uni?o, Estados, munic?pios e sociedade-- e h? uma prov?vel converg?ncia na aprova??o dessas PECs', afirmou Waldery, em refer?ncia ? PEC do Pacto Federativo, PEC Emergencial e PEC dos Fundos P?blicos.
'J? h? maturidade no Congresso, que abra?ou essas medidas', completou ele.
TRIBUT?RIA PARA GRAU DE INVESTIMENTO
Questionado sobre a eventual volta do grau de investimento, o secret?rio especial da Fazenda afirmou que isso depender? da continuidade das reformas estruturais, citando especificamente a aprova??o da reforma tribut?ria como crucial nesse processo.
'A aprova??o da reforma tribut?ria ? fundamental para termos de volta o grau de investimento ? ela ? parte essencial nesse caminho de ?investment grade? e tem impacto muito positivo na economia e mercado de trabalho', avaliou.
Segundo Waldery, apenas essa reforma ser? capaz de elevar o PIB potencial do pa?s em 0,4 a 0,5 ponto percentual.
A equipe econ?mica ainda n?o formalizou sua proposta de reforma tribut?ria ao Congresso, tendo ressaltado a inten??o de n?o congestionar os trabalhos com o envio de mais um texto aos parlamentares diante da exist?ncia de PECs que j? tramitam na C?mara e no Senado sobre o tema.
Para Waldery, as ag?ncias de classifica??o de risco v?o no curto prazo revisar suas an?lises tanto em rela??o ?s perspectivas para o Brasil quanto em rela??o ?s notas de classifica??o.
Atualmente, a nota brasileira est? tr?s n?veis abaixo do m?nimo para grau de investimento pela S&P e pela Fitch e dois pela Moody's. As tr?s ag?ncias cortaram o Brasil para territ?rio especulativo entre setembro de 2015 e fevereiro de 2016, em meio ? forte deteriora??o das contas p?blicas.
(Reportagem adicional de Marcela Ayres em Bras?lia)
Escrito por Reuters
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