Em meio à crise do PSL, Eduardo fica mais longe da embaixada em Washington
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Por Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito
BRAS?LIA (Reuters) - A briga do presidente Jair Bolsonaro com parte do seu partido, o PSL, pode deixar seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), mais longe da embaixada em Washington, enquanto parlamentares ligados ao presidente e o restante do partido disputam o controle da sigla.
A indica??o para a embaixada, anunciada pelo pr?prio presidente em julho, at? hoje n?o foi formalizada pelo governo, apesar de os Estados Unidos j? terem concedido o agr?ment a Eduardo, uma esp?cie de aceite do pa?s anfitri?o. Isso porque o governo at? agora n?o conseguiu os votos para garantir que Eduardo seja indicado e, com o partido rachado, o pr?prio governo admite que as dificuldades aumentaram.
Nesta segunda-feira, depois de os bolsonaristas apresentarem uma nova lista de assinaturas a favor de Eduardo, a ala rival ligada ao presidente da sigla, Luciano Bivar (PE), decidiu retirar a suspens?o a cinco parlamentares pr?ximos a Bolsonaro que havia sido anunciada na semana passada, aceitando a troca de l?der.
Ainda assim Eduardo assume a lideran?a com o apoio de apenas 28 (foram 29 assinaturas, mas uma n?o foi confirmada) dos 53 deputados do partido. O m?nimo necess?rio s?o 27, evidenciando o racha no partido e a m? vontade de boa parte do PSL com a fam?lia Bolsonaro.
Mesmo antes da briga do PSL a situa??o de Eduardo era dif?cil.
Presidente da Comiss?o de Rela??es Exteriores, o senador Nelsinho Trad (PSD-MS) disse ? Reuters que uma vota??o para indica??o de Eduardo estaria hoje em 'absoluto equil?brio' na Comiss?o, primeiro passo antes da vota??o em plen?rio. Como ambas se tratam de vota??o secreta, o resultado sempre pode surpreender.
'Olha, a calmaria depois das crises pol?ticas pode ser bem melhor', disse o senador ao ser questionado se a ?ltima crise do PSL poderia atrapalhar a indica??o.
Uma experiente fonte do Senado disse ? Reuters, antes mesmo da confus?o envolvendo a lideran?a da C?mara, que considerava 'muito dif?cil' a indica??o de Eduardo para embaixador passar. Segundo essa fonte, que pediu anonimato, o governo j? se demonstrava muito inseguro com o nome e estava 'jogando com o balc?o' para tentar convencer os parlamentares. Isto ?, oferecendo cargos e emendas parlamentares.
No entanto, o governo teve que gastar emendas e energia para aprovar a reforma da Previd?ncia na Casa, dada a resist?ncia de parte dos senadores em n?o mudar o texto vindo da C?mara.
'CURR?CULO QUESTION?VEL'
Depois da guerra aberta no PSL, senadores avaliam que a situa??o de Eduardo ficou ainda mais complicada, especialmente depois de o filho do presidente n?o ter conseguido ganhar a disputa para l?der da bancada na C?mara, mesmo com a interfer?ncia direta do pai.
'? l?gico que dificulta. Se jogando em casa com o goleiro amarrado, bateu o p?nalti para fora??, disse o l?der do PSL no Senado, Major Ol?mpio, referindo-se ? primeira tentativa frustrada dos bolsonaristas de emplacar Eduardo na lideran?a.
O senador avalia que Eduardo claramente n?o tem uma maioria no partido, o que prejudicaria sua aprova??o, mesmo ressalvando que ele, como l?der do PSL, ir? votar a favor da indica??o, quando vier. Ol?mpio lembra que Eduardo tem um 'curr?culo question?vel' para a carreira de embaixador e essas disputas aumentam as interroga??es.
Na ?ltima semana, apesar de oficialmente o Pal?cio do Planalto afirmar que a indica??o est? mantida, Eduardo admitiu a colegas que esse n?o era um bom momento e, apesar de n?o estar suspensa, sua indica??o deve ser ao menos adiada.
L?der do PT no Senado e membro da Comiss?o de Rela??es Exteriores, o senador Humberto Costa (PE) refor?a que a posi??o de Eduardo na Comiss?o j? era bastante fr?gil. Explica que n?o fez uma sondagem p?s crise no PSL, mas lembra que nenhum resultado hoje ser? uma vit?ria para o governo.
'Mesmo que ele seja aprovado, ser? uma vit?ria apertada. E isso ? uma derrota, porque ? rar?ssimo um embaixador ser aprovado com mais de cinco votos contr?rios', explicou.
Bolsonaro anunciou publicamente que planejava indicar o filho como embaixador em Washington no dia 11 de julho. N?o por coincid?ncia, um dia depois de Eduardo completar 35 anos, idade m?nima para ocupar o posto.
Desde abril, quando o embaixador S?rgio Amaral, nomeado por Michel Temer, foi tirado do posto, Washigton, considerada a embaixada mais importante para o Brasil no atual governo, est? sendo tocada pelo encarregado de Neg?cios, Nestor Foster.
Amigo do ministro das Rela??es Exteriores, Ernesto Ara?jo, Foster era o nome indicado por ele para ocupar o posto e chegou a ser avisado da promo??o, mas o ministro foi atropelado pela decis?o do presidente.
Escrito por Redação
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