Em meio a desespero e tiros, vizinhos abrigaram alunos de escola em Suzano
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Por La?s Martins
SUZANO (Reuters) - Quando os primeiros tiros foram disparados dentro da escola estadual Raul Brasil, em Suzano, nesta quarta-feira, muitos vizinhos abriram seus port?es, deparando-se com estudantes que pulavam o muro da escola e corriam desesperados.
Foi na casa de alguns desses vizinhos que alguns alunos da escola se refugiaram --muitos em estado de choque-- do massacre realizado dentro do col?gio por dois ex-alunos e que deixou 9 mortos --incluindo os dois agressores que cometeram suic?dio. Uma d?cima v?tima foi morta em uma locadora de carros da cidade antes de os criminosos entraram na escola. Outras 10 pessoas ficaram feridas.
'Escutei muita gritaria, abri o port?o no momento e me deparei com a cena das crian?as pulando o muro?, contou a dona de casa Marilene Gon?alves, de 51 anos.
Marilene, que estava no quintal de sua casa na hora dos primeiros disparos, abrigou na sua casa um estudante que foi baleado no queixo depois de v?-lo pulando o muro.
?Ele n?o conseguia falar nada, mas eu dei o celular na m?o dele e ele digitou, todo tr?mulo, todo sujo, para falar com a m?e dele?, explicou, acrescentando que o jovem estava desesperado pela namorada, que n?o conseguiu pular o muro.
Foi tamb?m no fundo da oficina de pintura de carros de Jos? Santana, na mesma rua da escola, que outras oito jovens buscaram ref?gio.
?Ouvi o primeiro, o segundo e o terceiro tiro. Foram muitos, muito altos?, disse o pintor de carros de 68 anos.
Segundo relataram os vizinhos, a pol?cia chegou rapidamente, cerca de cinco minutos ap?s os primeiros tiros. Eles estimam que o tiroteio n?o durou mais de 10 minutos.
Muitos outros moradores do quadril?tero ao redor da escola tiveram a mesma a??o de abrigar os estudantes. A escola, explicam, ocupa um lugar de carinho no bairro.
Al?m de ser uma escola refer?ncia de Suzano, cidade que fica a cerca de 50 quil?metros de S?o Paulo, muitos moradores tamb?m estudaram ali, h? muitas d?cadas.
?Eu cresci ali, estudei ali minha vida toda. Tem uma parte de mim ali, uma parte da minha hist?ria?, disse o publicit?rio Igor Ribeiro, de 42 anos.
Ele, que mora a uma quadra da escola, correu para o local assim que ouviu os primeiros disparos e chegou ainda em tempo de ver os estudantes correndo.
Os autores do massacre estudaram na escola e, segundo o secret?rio de Educa??o de S?o Paulo, Rossieli Soares, o mais novo deles, o de 17 anos, estava em processo de retornar.
O fato de ser conhecido por funcion?rios, avaliou Soares, pode ter facilitado sua entrada na escola.
'Tem algo na origem que precisa ser analisado. Precisamos pensar o que estamos fazendo com os nossos jovens', disse Rossieli.
O prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiuchi (PR), anunciou que disponibilizou um gin?sio esportivo da cidade caso os familiares da v?tima optem por realizar um vel?rio coletivo para as v?timas do massacre.
(Edi??o de Eduardo Sim?es)
Escrito por Redação
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