ENFOQUE-Brasil deve colher café mais cedo em 2019 por calor e excesso de floradas
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Por Jos? Roberto Gomes
S?O PAULO (Reuters) - A colheita da safra de caf? no Brasil deve come?ar mais cedo neste ano, at? dois meses antes do usual em casos mais extremos em algumas regi?es, ap?s floradas antecipadas e forte calor entre dezembro e janeiro que acelerou a matura??o, disseram especialistas ? Reuters.
Essa situa??o poderia, eventualmente, afetar a qualidade de uma temporada j? marcada por baixa produ??o bianual, pois a matura??o acelerada gera gr?os de menor peso, enquanto a desuniformidade no desenvolvimento dos frutos atrapalharia a colheita no Brasil, o maior exportador da commodity.
'A temperatura muito alta em janeiro pode comprometer a produ??o de 2019. Com esse calor, vai ter de adiantar a colheita, porque o gr?o amadurece mais r?pido', resumiu Carlos Paulino da Costa, presidente da Cooxup?.
Com sede em Guaxup? (MG), a maior cooperativa de caf? no pa?s prev? colheita at? 15 dias mais cedo em sua ?rea de atua??o, composta por Sul de Minas Gerais, Cerrado Mineiro e S?o Paulo.
Segundo Paulino, colheita antecipada n?o deve afetar o ritmo vendas da Cooxup?, em um ano de baixa de produ??o no Brasil, dada a bienalidade negativa do ar?bica, principal variedade cultivada no pa?s.
Em outras regi?es, a situa??o de amadurecimento precoce n?o ? diferente.
'Houve adiantamento no ciclo. J? estamos com lavouras maduras, j? tem uns 20 por cento, ou at? 30 por cento, no in?cio de matura??o. S?o das floradas l? de agosto', afirmou Paulo S?rgio Franzini, especialista em caf? do Departamento de Economia Rural (Deral), referindo-se ? cultura no Paran?.
De acordo com ele, as planta??es do atual ciclo no Estado registraram at? cinco floradas, iniciando-se em julho, contra tr?s que geralmente s?o observadas a partir de setembro.
Estimulados por chuvas, tais florescimentos, aliados ao calor, acarretam agora n?o s? em colheita antes da hora, mas tamb?m em gr?os com desenvolvimentos variados em um mesmo p? de caf?, indo de verdes a maduros.
'Vamos ter colheita antecipada... Vamos ter colheita em abril, quando o usual ? em junho... A desuniformidade na mesma planta vai atrapalhar o manejo das lavouras e o planejamento da colheita. Aquele produtor que busca uma qualidade maior, vai ter uma preocupa??o', destacou ele, dizendo que a produ??o paranaense deve ficar entre 1 milh?o e 1,1 milh?o de sacas, contra potencial de 1,2 milh?o previamente.
QUALIDADE COMPROMETIDA
No Esp?rito Santo, maior produtor brasileiro de caf? conilon (robusta), tamb?m h? receios quanto ? colheita antecipada e ? qualidade.
'Faltou chuva no per?odo de grana??o. Neste caso, ser?o gr?os menores. Teremos maior incid?ncia de gr?os 'chochos', de menor peso. A qualidade, no geral, ser? menor', afirmou o pesquisador e coordenador de caf? no Instituto Capixaba de Pesquisa, Assist?ncia T?cnica e Extens?o Rural (Incaper), Abra?o Verdin Filho.
Ele projeta in?cio da colheita at? 20 dias antes do normal no Estado, embora ainda em abril, com produ??o acima dos 9 milh?es de sacas do ano passado, mesmo que com alguma 'perda'.
O pesquisador Lucas Bartelega, da Funda??o Procaf?, comentou que em ?reas mecanizadas poder? ser necess?rio mais de uma etapa de colheita, retirando-se os gr?os maduros conforme forem aparecendo, dadas as v?rias floradas desde o ano passado.
'Os mecanizados v?o dar duas, tr?s passadas. O produtor que optar por uma passada s?, vai ter de esperar maior matura??o, e da? vai ter algo desigual... Pode ter gr?o j? seco', afirmou.
Ele afirmou ainda que algumas planta??es sofreram 'queimaduras' em janeiro devido ao calor, o que deve levar a perda de produtividade por redu??o da ?rea de fotoss?ntese.
Pelas estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil deve colher neste ano entre 50,5 e 54,5 milh?es de sacas de caf?, queda ante os mais de 60 milh?es de 2018, mas ainda assim um dos maiores volumes da hist?ria.
O caf? alterna ciclos de alta e baixa produ??o, e o deste ano ? de bienalidade negativa, processo natural em que a planta se recupera do maior direcionamento de energia para a frutifica??o na safra passada, sobretudo na esp?cie ar?bica.
(Por Jos? Roberto Gomes)
Escrito por Redação
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