ENFOQUE-Cafeicultor do Brasil reduz tratos nas lavouras por maiores custos e preços fracos
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Por Jos? Roberto Gomes
S?O PAULO (Reuters) - Cafeicultores brasileiros devem investir menos em tratos culturais na safra 2019/20, a ser colhida no pr?ximo ano, diante dos pre?os enfraquecidos da commodity e da alta dos custos com insumos por causa da aprecia??o do d?lar, disseram integrantes do setor.
O movimento pode colocar mais press?o sobre a oferta no maior produtor e exportador global de caf?, pois a safra do pr?ximo ano ser? a de baixa no ciclo bianual do ar?bica, ap?s uma colheita recorde no pa?s de cerca de 60 milh?es de sacas neste ano.
Menos investimentos em fertilizantes e, especialmente, defensivos, poderiam prejudicar a produtividade das lavouras que come?ar?o a ser colhidas no segundo trimestre de 2019, avaliaram especialistas em cooperativas de cafeicultores.
'O produtor est? querendo cortar gastos porque o retorno est? sendo menor', alertou o agr?nomo Celso Scanavachi, da cooperativa paulista Coopinhal, ressaltando a possibilidade de incid?ncia de doen?as por redu??o no uso de defensivos.
Uma safra menor no Brasil, que responde por mais de um ter?o da produ??o global, teria potencial de dar sustenta??o aos pre?os globais do caf?, que tocaram m?nimas em mais de uma d?cada em meados de setembro, em raz?o da supersafra brasileira e da aprecia??o do d?lar ante o real, que agora se atenuou por quest?es eleitorais.
'Com a redu??o do investimento, a gente vai ter consequ?ncia de falta de caf? l? na frente', acrescentou Scanavachi, tamb?m produtor, calculando que os cafeicultores da Coopinhal, com sede em Esp?rito Santo do Pinhal (SP) e mais de 500 cooperados, devem aportar at? 30 por cento menos em adubos e defensivos.
O agr?nomo e superintendente comercial da Cocapec, de Franca (SP), Ricardo Lima de Andrade, tamb?m n?o descarta menos investimentos nas lavouras, embora pondere que a situa??o financeira varia entre os produtores e que a pr?pria cooperativa fornece apoio na hora de comprar insumos.
'Temos uma curva de pre?os do caf? em baixa e uma curva dos custos em alta', disse, prevendo um poder de compra de insumos at? 8 por cento menor para os produtores em meio a fertilizantes entre 50 e 60 por cento mais caros.
'Vou gastar mais sacas de caf? para comprar o mesmo insumo. Isso d? a sensa??o de perda de poder de compra', afirmou ele, cuja cooperativa para qual trabalha possui mais de 2 mil cooperados. 'Sem controle, as doen?as adentram ? lavoura. Isso ? o pior dos caminhos, porque cai a produtividade.'
Em Minas Gerais, principal Estado produtor do pa?s, os receios quanto ? nova safra tamb?m existem. O gerente do Departamento de Caf? da Coopervass, de S?o Gon?alo do Sapuca? e com 2,7 mil cooperados, Leandro Costa, afirmou que, 'de maneira geral', o investimento diminuiu, mesmo com muitas opera??es de 'barter' (troca de caf? por insumos).
'Podemos ter uma safra com mais defeitos, mais quebra. E tamb?m estamos preocupados com o volume a ser colhido justamente por causa dessa desanimada do produtor', comentou ele.
No Esp?rito Santo, principal produtor de caf? conilon, a situa??o n?o ? diferente. O presidente da Cooabriel, maior cooperativa da variedade robusta do mundo, Ant?nio Joaquim de Souza Neto, disse que as compras de insumos est?o 50 por cento menores neste ano.
'O pessoal est? muito desanimado... N?o est? querendo pegar o adubo porque o caf? est? muito barato', afirmou.
No mercado dom?stico, as cota??es da commodity est?o em torno de 450 reais por saca de 60 kg, segundo o Cepea, da Esalq/USP, bem distantes dos mais de 560 reais vistos em 2016, no auge da crise de oferta desencadeada pela quebra de produ??o no Esp?rito Santo.
H? uma certa estabilidade na cota??o do caf? no Brasil na compara??o com a mesma ?poca de 2017, mas os custos cresceram pela valoriza??o de fertilizantes e defensivos denominados em moeda norte-americana, ressaltaram eles.
TEMPO BOM
Por enquanto, das condi??es clim?ticas os produtores n?o podem reclamar --o que eventualmente poderia aliviar o investimento menor nas lavouras.
Andrade, da Cocapec, afirmou que os cafezais na ?rea de atua??o da cooperativa, na Mogiana paulista e sul de Minas Gerais, tiveram duas floradas, uma em agosto e outra em setembro, e que os frutos j? est?o em desenvolvimento.
'Tivemos chuvas espa?adas aqui que, no nosso ponto de vista, foram adequadas para as floradas.'
Scanavachi, da Coopinhal, tamb?m comemora, lembrando-se que h? um ano uma forte estiagem levantou receios quanto ? safra que depois se confirmou hist?rica.
'Tem chovido bem, vai ter um percentual de pegamento bom, apesar de uma safra pequena. N?o pode reclamar, n?o, porque a chuva deu uma normalizada. Toda a semana est? dando uma chuvinha boa. Problema com estiagem n?o tem', disse ele.
(Por Jos? Roberto Gomes)
Escrito por Redação
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