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ENFOQUE-Cortes na produção de carnes dos EUA podem favorecer vendas do Brasil à China

Placeholder - loading - Processamento de carne bovina em frigorífico em Santana de Parnaíba (SP)  19/12/2017 REUTERS/Paulo Whitaker
Processamento de carne bovina em frigorífico em Santana de Parnaíba (SP) 19/12/2017 REUTERS/Paulo Whitaker

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Por Nayara Figueiredo

S?O PAULO (Reuters) - A paralisa??o de v?rias grandes processadoras de carnes nos Estados Unidos por causa do coronav?rus deve fazer com que o pa?s priorize a abastecimento interno e reduza embarques para a China e demais pa?ses asi?ticos, abrindo espa?o para que os exportadores do Brasil avancem nestes mercados.

Os EUA s?o os principais concorrentes do Brasil, maior exportador de carne bovina e de frangos e o quarto do mundo em cortes su?nos. E as companhias brasileiras n?o verificam, pelo menos por ora, os problemas relevantes devido ao coronav?rus que atingem a ind?stria norte-americana.

A estrutura de produ??o brasileira, muito mais pulverizada e com plantas menores que nos EUA, seria uma vantagem competitiva, j? que menos trabalhadores por planta estariam expostos ? doen?a.

O segmento brasileiro de su?nos tende a ser o mais beneficiado, seguido pelo da prote?na bovina, considerando que os fechamentos de plantas americanas foram nessas ?reas.

'Podemos pegar uma fatia de mercado que ? dos americanos na China e ?sia... Sobra para n?s um espa?o (para aumentar as exporta??es) em su?nos, porque eles (EUA) deixam de exportar tanto no atual cen?rio', disse o presidente da Associa??o Brasileira de Prote?na Animal (ABPA), Francisco Turra.

O chefe da ABPA evitou fazer uma proje??o de quanto o Brasil poderia embarcar a mais para o mercado da China, que j? ? de longe o maior comprador de carnes brasileiras.

Um executivo de uma grande ind?stria de carne bovina do Brasil concordou que a conjuntura favorece os brasileiros

'O fechamento das plantas americanas pode ajudar na competitividade (do Brasil) com China. Os EUA v?o privilegiar o mercado interno no caso de redu??o da oferta', afirmou ele, na condi??o de anonimato.

Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgados nesta quinta-feira mostraram redu??o nas vendas semanais de exporta??o de carnes su?na e bovina do pa?s, com destaque para diminui??o nas vendas aos asi?ticos.

Ainda n?o h? clareza, entretanto, se esta redu??o das vendas semanais est? associada aos fechamentos de unidades, que se acentuaram nesta semana.

A Tyson Foods anunciou na quarta-feira a suspens?o por prazo indefinido das opera??es de sua maior unidade de su?nos nos EUA, em Waterloo, Iowa, em meio a casos de coronav?rus entre os trabalhadores. Outra unidade de su?nos da empresa, em Logansport, em Indiana, tamb?m ser? fechada.

Nesta quinta-feira, maior produtora de carnes dos EUA, anunciou o fechamento tempor?rio de uma unidade de bovinos no Estado de Washington, para que funcion?rios possam ser testados.

Tamb?m nesta semana, a concorrente JBS USA anunciou o fechamento por per?odo indeterminado de uma instala??o de abates de su?nos localizada em Minnesota, que produz nada menos que cerca de 5% da carne su?na do pa?s, devido ? pandemia.

Ainda no segmento de su?nos, a Smithfield Foods fechou f?bricas por decorr?ncia do cont?gio do v?rus entre os funcion?rios. A JBS e a National Beef encerraram as atividades de unidades produtoras de carne bovina.

O relat?rio do USDA mostrou que os exportadores norte-americanos venderam 39,8 mil toneladas da prote?na su?na na semana encerrada no dia 16 de abril, recuo de 13% em rela??o ? semana anterior e de 11% ante a m?dia das ?ltimas quatro semanas.

A China foi a segunda maior compradora e adquiriu 25% do total comercializado pelos EUA na semana at? o dia 16, com 9,7 mil toneladas. No entanto, este volume representa queda de 40,8% em rela??o ?s 16,4 mil toneladas adquiridas na semana anterior.

As vendas de exporta??o norte-americanas de carne bovina ca?ram 45% na semana at? o dia 16, em rela??o ? semana anterior, para 11,2 mil toneladas. Ante a m?dia das ?ltimas quatro semanas, a baixa foi de 35%, informou o relat?rio do USDA.

'A redu??o da participa??o dos americanos no mercado internacional ajuda o Brasil... S? n?o acredito que falte carne para o consumo interno nos EUA ou que possam demandar a prote?na brasileira para complementar a oferta local americana', avaliou o s?cio diretor da consultoria Athenagro, Maur?cio Palma Nogueira.

'Pode faltar algum corte de prefer?ncia, mas a chance de desabastecimento mais s?rio ? min?scula. As unidades que foram fechadas tamb?m n?o ficar?o nessa situa??o para sempre', pontuou.

Apesar da pandemia da Covid-19 tamb?m ter atingido o Brasil, o diretor da Athenagro ressaltou que ? baixa a possibilidade de que a situa??o dos frigor?ficos norte-americanos se replique na ind?stria brasileira.

'No Brasil, trabalhamos com muita ociosidade e as plantas s?o de tamanho menor, em rela??o ?s americanas... N?o passamos por esse risco', disse Nogueira sobre a hip?tese de mudan?a na pauta de exporta??es para garantir o abastecimento interno.

J? o presidente da BRF, Lorival Luz, foi mais cauteloso que o analista e o dirigente da ABPA. Ele disse ? Reuters nesta semana que n?o descarta que em algum momento possa haver uma redu??o no volume de produ??o de cortes de frango, medida que serviria para proteger a sa?de das pessoas em caso de confirma??o de casos de coronav?rus em alguma planta.

Procuradas pela Reuters para comentar o efeito dos fechamentos de frigor?ficos nos EUA para os exportadores brasileiros, as companhias JBS, BRF, Minerva Foods e Aurora Alimentos n?o quiseram se posicionar.

A Marfrig Global Foods informou, por meio da assessoria de imprensa, que os fechamentos de plantas nos EUA n?o t?m 'repercuss?o at? o momento' para o mercado brasileiro.

A Associa??o Brasileira das Ind?strias Exportadoras de Carnes (Abiec), que representa os frigor?ficos, tamb?m n?o quis comentar o assunto.

(Reportagem adicional de Ana Mano)

Escrito por Reuters

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