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ENFOQUE-Petrobras reduz ritmo de reajustes da gasolina e gera dúvidas no mercado

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Por Jos? Roberto Gomes

S?O PAULO (Reuters) - A Petrobras reduziu o ritmo de reajustes nos pre?os da gasolina nas refinarias ap?s os protestos de caminhoneiros e a sa?da de Pedro Parente do comando da estatal, em uma nova din?mica que est? gerando d?vidas entre especialistas sobre o alinhamento da pol?tica da empresa ao mercado internacional.

De 1? de junho at? esta sexta-feira, foram 22 as vezes em que a petroleira manteve as cota??es da gasolina est?veis nas refinarias de um dia para o outro.

A quantidade contrasta com os 13 reajustes nulos efetivamente reportados pela estatal num prazo bem maior, entre julho do ano passado, quando entrou em vigor a pol?tica de oscila??es di?rias, at? o final de maio, em meio ?s manifesta??es dos caminhoneiros contra a alta do diesel.

Na pr?tica, a volatilidade (desvio padr?o) nos ?ltimos pouco mais de dois meses foi da ordem de 4,5 por cento, enquanto em todo o per?odo anterior a junho atingiu quase 18 por cento.

A Petrobras disse que sua pol?tica 'permanece inalterada'.

'? importante esclarecer que no per?odo em quest?o as flutua??es nos pre?os do petr?leo e derivados, na taxa de c?mbio e em outras vari?veis contribu?ram para que n?o fosse necess?rio fazer o reajuste com a periodicidade mais frequente', disse a companhia.

A pol?tica de reajustes dos combust?veis em linha com o mercado internacional e o c?mbio, dentre outros fatores, foi institu?da pela Petrobras em outubro de 2016, sendo que a partir de julho de 2017 passou a contar com oscila??es praticamente di?rias nos valores de diesel e gasolina.

Com a pol?tica agressiva de pre?os, que ajudou a inflamar os caminhoneiros, a empresa buscou brigar com importadores por participa??o de mercado no Brasil, al?m de acompanhar a paridade internacional.

Mas uma disparada no barril do petr?leo para perto de 80 d?lares neste ano levou as cota??es de diesel e gasolina a m?ximas nas refinarias e nos postos, desembocando nos protestos de maio.

Na esteira das manifesta??es, Pedro Parente deixou o comando da empresa, a qual recorreu a uma subven??o econ?mica oferecida pelo governo para o setor congelar o valor do diesel --o combust?vel mais consumido no pa?s n?o sofre reajustes nas refinarias desde 1? de junho, cotado a 2,0316 reais por litro.

Para s?bado, a Petrobras anunciou que manter? o pre?o da gasolina em 1,9002 real por litro. O patamar representa queda de 3,4 por cento desde junho, enquanto os futuros de petr?leo Brent e gasolina RBOB ca?ram 6,7 e 7,3 por cento, respectivamente.

Ainda que tenha ca?do menos, o pre?o da gasolina da Petrobras segue abaixo dos valores internacionais do derivado, segundo analistas.

D?VIDAS

O espa?amento maior entre um reajuste e outro mostra que 'a pol?tica de pre?os da Petrobras realmente mudou depois que o (Pedro) Parente saiu', disse o diretor da consultoria Val?ncio, especializada em combust?veis, Bruno Val?ncio.

'Ap?s a sa?da dele, h? uma preocupa??o s?cio-pol?tica na empresa', acrescentou o especialista, que n?o descarta uma mudan?a interna na pol?tica de reajustes ou mesmo uma poss?vel inger?ncia pol?tica na petroleira.

Para a pesquisadora Fernanda Delgado, da FGV Energia, a redu??o no ritmo de reajustes ? decorr?ncia direta da press?o ap?s os protestos dos caminhoneiros.

'O problema foi jogado para a ponta da ponta... A refinaria ? onde voc? tem algum controle (de pre?o) hoje', afirmou ela, que defende a continuidade dos desinvestimentos pela Petrobras, em especial em refinarias, como forma de aumentar a concorr?ncia e, potencialmente, contribuir para a redu??o nos pre?os dos combust?veis.

'Nada faz sentido se n?o continuarem os desinvestimentos, a venda de participa??o nas refinarias. N?o adianta que a (reguladora) ANP se organize, que tenha uma pol?tica de pre?os bem organizada, se n?o for seguido o plano de desinvestimentos da Petrobras no 'downstream'.'

A companhia prop?s em abril vender 60 por cento de sua atividade de refino nas regi?es Sul e Nordeste do pa?s, mas o processo se arrasta sem um desfecho claro dado o pouco interesse de investidores e uma decis?o judicial de que vendas de empresas controladas pelo Estado dependem de aval do Congresso.

Walter De Vitto, analista e s?cio da Tend?ncias Consultoria, disse que, do ponto de vista da empresa, essa mudan?a nos reajustes 'n?o ? boa, porque a Petrobras tem de ter liberdade para marcar pre?os alinhados a mercado'.

'N?o ca?mos no mundo em que ela estava levando preju?zos, mas leva-se ? leitura que cedeu ? insatisfa??o geral', afirmou, acrescentado que os reajustes, mesmo espa?ados, t?m seguido o exterior, 'mas um degrau abaixo', ou seja, com pre?os inferiores aos do mercado internacional.

O presidente da consultoria Datagro, Plinio Nastari, destacou que ao longo de 2018 o valor da gasolina praticado pela Petrobras est?, de fato, cerca de 10 por cento abaixo do pre?o do produto importado e internalizado.

'Esse padr?o de certa forma n?o mudou, embora o ideal fosse que a Petrobras acompanhasse o pre?o sem um diferencial. O diferencial n?o mudou, o que mudou foi a frequ?ncia (de reajustes)', destacou Nastari.

Escrito por Redação

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