Privatização da Eletrobras segue no radar de grandes fundos e investidores
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Por Luciano Costa
S?O PAULO (Reuters) - Uma poss?vel privatiza??o da Eletrobras ainda est? no radar de alguns dos maiores fundos de investimento do mundo e do Brasil, mesmo ap?s o projeto ser praticamente arquivado pelo governo do presidente Michel Temer, em meio a uma cren?a de que o tema pode voltar ? mesa no futuro, principalmente a depender dos resultados das elei??es presidenciais em outubro.
Nas intera??es com potenciais investidores realizadas pelo governo, um enorme conjunto de fundos e gestoras de recursos mostrou apetite pelo neg?cio, incluindo o Ontario Teachers' Pension Plan, um dos maiores fundos de pens?o do Canad?, com quase 150 bilh?es de d?lares em ativos, e as gestoras brasileiras 3GRadar e Verde Asset, disse ? Reuters uma fonte com conhecimento do assunto.
'O interesse ? muito grande, ? enorme... os grandes fundos t?m dificuldade de entrar em coisa pequena, eles gostam de participar de neg?cios grandes e com liquidez em bolsa, nos quais eles possam sair e entrar, como seria o caso da Eletrobras', afirmou a fonte, que falou sob anonimato.
O 3GRadar, ligado ? 3GCapital, dos bilion?rios brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, que j? tem uma fatia de 2 por cento na Eletrobras, chegou inclusive a participar na quinta-feira passada de uma reuni?o do Minist?rio de Minas e Energia com investidores.
Procurado, o Ontario Teacher's Pension disse que n?o comentaria o assunto.
O 3GRadar n?o respondeu a um pedido de coment?rio sobre o interesse na Eletrobras, a maior el?trica da Am?rica Latina, com um total de quase 50 gigawatts em usinas, quase um ter?o da capacidade de gera??o do pa?s, al?m de praticamente metade das instala??es de transmiss?o.
O minist?rio ainda recebeu tamb?m na quinta-feira passada um outro grupo de gestoras e fundos incluindo a Verde Asset, que tem 32 bilh?es de reais em ativos sob gest?o, para comentar 'entraves ? privatiza??o da Eletrobras'.
O encontro, organizado pelo banco de investimento Bradesco BBI, teve participa??o de fundos e gestoras como Apex Capital, Ibiuna Investimentos e Kondor Invest.
'Essas conversas com o minist?rio t?m ocorrido h? algum tempo, ? para ter um canal e para os potenciais investidores entenderem como essa pauta da Eletrobras est? avan?ando', disse ? Reuters o analista de setor el?trico e s?cio da Pacifico Gest?o de Recursos, Carlos Eduardo Gomes.
A Pacifico esteve na reuni?o entre o minist?rio e o 3GRadar na semana passada, um encontro organizado pela XP Investimentos.
'Praticamente todos os fundos estavam analisando a oportunidade de privatiza??o da Eletrobras. Mas, claro, no final das contas para o investidor tudo depende de pre?o. Num pre?o adequado, a chance de sucesso era alt?ssima', adicionou Gomes.
Verde Asset, Apex Capital, Ibiuna Investimentos, Kondor Invest, Bradesco BBI e XP Investimentos n?o responderam pedidos de coment?rio, assim como o Minist?rio de Minas e Energia.
O s?cio da consultoria Arko Advice, Thiago de Arag?o, disse que a Eletrobras ? tema recorrente entre investidores em Nova York e Londres.
'Tenho conversado com dois fundos que est?o entre os maiores do mundo e est?o bastante interessados. Eles t?m carteiras de 70-80 bilh?es de d?lares pra cima... e tem outros, intermedi?rios, intermedi?rios para grandes... al?m de uns 15 a 20 fundos menores que teriam apetite por uma participa??o menor, de repente mais r?pida, n?o de longo prazo', explicou.
Mas esse forte apetite n?o foi suficiente para que o governo convencesse o Congresso a aprovar a privatiza??o. O presidente da C?mara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fechou um acordo para n?o votar neste ano um projeto de lei que definiria a modelagem do neg?cio.
Ainda assim, segundo Arag?o, as sondagens seguem ativas e focam quest?es como o tempo que uma privatiza??o exigiria, seguran?a jur?dica e riscos de corrup??o, ap?s autoridades na Opera??o Lava Jato terem descoberto propinas em grandes projetos liderados pela estatal, como a hidrel?trica de Belo Monte.
'Existe uma frustra??o porque eram interesses reais, movimenta??es para aloca??o de fundos. Mas n?o diria que o interesse morreu, porque era muito alto... quando ? assim, diminui, n?o morre. Eles trabalham com (a vis?o de que o tema voltar? ? tona no) segundo trimestre do ano que vem', adicionou.
OLHO NA POL?TICA
O retorno da privatiza??o ? mesa, no entanto, est? diretamente associado ao resultado das elei??es presidenciais brasileiras, em outubro, ressaltou o advogado Luis Souza, s?cio do escrit?rio Souza, Mello e Torres.
'Se ganhar um candidato com perfil do PT ou o Ciro Gomes, nada vai mudar. Ao contr?rio, vai haver uma tentativa de se direcionar recursos or?ament?rios para que a Eletrobras continue como hoje... mas se for do espectro mais centro-direita, n?o tenho d?vida de que (a privatiza??o) vai ser a primeira coisa que vai ser tocada', afirmou.
De acordo com Souza, muitos investidores que estavam de olho na Eletrobras j? avaliavam que o processo dificilmente seria conclu?do em ano eleitoral, e a expectativa entre eles ? que o tema dever? ser retomado, mesmo que sob uma nova modelagem.
O atual modelo prev? capitalizar a estatal com emiss?o de novas a??es, o que diluiria a fatia da Uni?o na companhia e arrecadaria de cerca de 12 bilh?es de reais para o Tesouro.
'Esse era um modelo r?pido, que atingiria objetivos pol?ticos desse governo... mas existe a quest?o tamb?m de obter o melhor pre?o. ?s vezes, fatiando, voc? conseguiria obter resultados muito mais interessantes', disse Souza.
Ele ressaltou que um desmembramento dos ativos da estatal tamb?m beneficiar a concorr?ncia no setor el?trico.
(Por Luciano Costa)
Escrito por Redação
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